As palavras de Mario Quintana são como um farol na escuridão, guiando-nos através da complexidade da vida e dos desafios que enfrentamos em nossa jornada. Quando penso nos meus companheiros, aqueles que ficaram para trás, sacrificados em nome de uma causa, lembro-me do que o poeta queria nos transmitir. Em um mundo cada vez mais dominado pelo pragmatismo e pela busca insaciável pelo poder, onde as necessidades eleitorais sobrepõem-se aos ideais, as palavras de Quintana ressoam como um chamado urgente à reflexão.
“De repente tudo vai ficando tão simples que assusta.” Essa afirmação revela uma verdade que muitos de nós tememos encarar. À medida que o tempo avança, as prioridades mudam, e aquilo que antes parecia essencial vai perdendo a sua importância. As batalhas que travamos, muitas vezes em nome de sonhos que julgávamos imortais, acabam se dissolvendo na simplicidade de uma vida que, no final das contas, busca apenas paz e sossego.
No entanto, a realidade do militante é dura. O ferimento que ele carrega no peito não é apenas físico, mas também emocional e espiritual. Quando o militante deixa de sonhar, algo morre dentro dele. A visão clara do que é certo e errado se torna turva, e o que resta é a vida que cada um escolheu experimentar. Quintana nos lembra de que, ao abrir mão das certezas, abrimos também espaço para uma nova forma de compreensão – uma que não está baseada na confrontação, mas na aceitação.
A aceitação da diversidade de caminhos é, talvez, a lição mais poderosa que o poeta nos oferece. Em tempos de polarização e conflito, essa mensagem se torna ainda mais relevante. Cada vida é única, cada jornada é individual, e, no fim, o que realmente importa é ter paz e viver sem medo, fazendo o que alegra o coração.
Para o velho militante, essa é uma verdade difícil de aceitar. Anos de luta deixaram cicatrizes profundas, e a tentação de continuar a batalha é grande. Mas, talvez, seja hora de baixar as armas. Não em um ato de rendição, mas como um gesto de sabedoria. A verdadeira vitória não está na destruição do inimigo, mas na aceitação serena da vida em sua essência mais pura e bela.
Quintana nos convida a despir-nos do excesso de bagagem, a abandonar o julgamento e a encontrar a paz que tanto desejamos. É uma mensagem que ressoa com força em um mundo que, mais do que nunca, precisa de compaixão e entendimento. Que possamos, então, abraçar essa simplicidade e, finalmente, compreender que tudo o que importa é viver com paz, sem medo, fazendo o que alegra o coração a cada momento.
Essa reflexão, que nos leva a considerar o legado que deixamos para os mais novos, é um chamado para todos nós. Que a memória dos que ficaram para trás inspire a construção de um mundo onde a justiça, a paz e o amor sejam os verdadeiros ideais a serem perseguidos.