Política e Resenha

O Fim dos Corredores no Hospital Geral de Vitória da Conquista: Solução Real ou Transferência do Problema?

 

 

 

 

Uma recente notícia publicada por um blog local trouxe alívio para muitos: o fim dos atendimentos nos corredores do Hospital Geral de Vitória da Conquista. O que antes era símbolo do descaso e da falta de respeito com o povo, com pacientes amontoados em macas pelos corredores, agora parece ter sido resolvido. O anúncio, que à primeira vista soa como uma vitória, levanta uma questão importante: será que realmente solucionamos o problema, ou apenas o empurramos para outro lugar?

O grande gargalo do Hospital Geral sempre foi o Pronto Socorro. Ali, os quadros de urgência se acumulavam de forma desumana, refletindo uma crise que parecia interminável. A superlotação no atendimento era um problema crônico, causado pela falta de infraestrutura e pela sobrecarga de um sistema que não conseguia atender à demanda crescente da população. Porém, o “alívio” agora proporcionado veio não pela ampliação e melhoria do hospital, mas pela transferência desses casos urgentes para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA).

Se, por um lado, acabaram-se os pacientes nos corredores do hospital, por outro, fica a dúvida: não será que a vergonha apenas mudou de endereço? A UPA, que agora também é administrada pelo hospital, assumiu parte desse fluxo de urgência. E é lá, nesse novo espaço, que se pode estar repetindo a mesma história de sofrimento e superlotação. O que parecia uma solução pode ser, na verdade, um paliativo.

A pergunta que não quer calar é: Sr. Diretor, o problema dos atendimentos nos corredores realmente acabou ou foi apenas transferido para a UPA? Os pacientes que antes sofriam nos corredores do hospital agora estão se amontoando em outro local? O que precisa ser dito é que mover o problema não é resolver o problema.

Um fato curioso e que jamais pode ser esquecido é o “fenômeno” que acontecia no Hospital Geral sempre que o governador ou o secretário de saúde decidiam fazer uma visita oficial: os pacientes que ficavam nos corredores, como num passe de mágica, sumiam. A superlotação desaparecia temporariamente, dando a falsa impressão de que o problema estava sob controle. Essas manobras, ensaiadas para maquiar a realidade, são um tapa na cara da população que vive esse sofrimento todos os dias.

Resolver a crise da saúde pública exige mais do que deslocar atendimentos de um prédio para outro. É preciso garantir que as UPAs tenham capacidade real de absorver a demanda de urgência sem repetir o caos que outrora assolava os corredores do Hospital Geral. É necessário mais do que uma mudança cosmética. O povo de Vitória da Conquista não merece mais migalhas nem soluções temporárias.

Portanto, celebrar o fim dos corredores no Hospital Geral é válido, mas precisamos manter os olhos abertos e exigir uma resposta clara: o problema foi de fato resolvido, ou apenas transferido? Enquanto o governo estadual e as autoridades de saúde não fornecerem uma solução real e duradoura, a vergonha do descaso continuará pairando sobre nosso sistema de saúde. E essa é uma realidade que não podemos mais aceitar.

Padre Carlos