Política e Resenha

O Gesto Republicano de Fátima Bezerra (Padre Carlos)

 

 

 

 

No cenário político inflamado que temos vivido nos últimos anos, são raros os gestos que rompem a lógica da vingança e do revanchismo. A decisão da governadora Fátima Bezerra, do PT, de mobilizar os serviços públicos do estado para socorrer o ex-presidente Jair Bolsonaro, do PL, em pleno interior do Rio Grande do Norte, é um desses gestos.

Houve quem achasse que, sendo ele um adversário tão feroz do campo progressista, deveria ser tratado com frieza. Mas o que a governadora fez foi exercer seu papel de estadista. Ela não socorreu um político. Socorreu uma vida humana. E fez isso com a estrutura do Estado, como é seu dever. Mas foi além da burocracia — foi um gesto de grandeza.

A democracia exige esse tipo de maturidade. Se Bolsonaro, nos tempos de poder, alimentou a divisão, a resposta de Fátima foi a unidade institucional. Se ele zombou de adversários hospitalizados, ela respondeu com cuidado. Se ele agiu com desprezo à empatia, ela agiu com dignidade.

O país precisa registrar esse momento. Não como exceção, mas como exemplo.