Política e Resenha

O Impacto Econômico Silencioso da Dengue

O Brasil enfrenta não apenas uma crise de saúde pública, mas também uma ameaça econômica latente que paira sobre suas cabeças. Um estudo recente divulgado pela Federação das Indústrias de Minas Gerais (FIEMG) lança luz sobre uma realidade preocupante: o aumento alarmante nos casos de dengue está prestes a desencadear uma queda catastrófica no Produto Interno Bruto (PIB) nacional.

Os números são assombrosos e ecoam um alerta urgente para todas as esferas da sociedade. Seis em cada dez infectados pela dengue são trabalhadores, apontam os dados. Isso não é apenas uma estatística; é um reflexo sombrio do impacto direto que essa doença tem sobre a força laboral do país.

Segundo o estudo, estamos à beira de uma perda econômica monumental, estimada em até R$ 7 bilhões, devido à redução drástica na produtividade causada pelos efeitos debilitantes dessas doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. E não para por aí. Os custos relacionados ao tratamento dessas enfermidades podem disparar para a marca alarmante de R$ 5,2 bilhões.

O economista-chefe da FIEMG, João Gabriel Pio, ressalta que o verdadeiro impacto vai além dos números frios de cifras. O afastamento dos trabalhadores de suas atividades laborais acarreta prejuízos tangíveis para a economia, alimentando um ciclo vicioso de perdas que reverbera por todos os setores.

Mas não é apenas o presente que está em risco; é o futuro econômico do país que está sendo minado a cada novo caso de dengue. Riezo Almeida, doutor em economia, adverte que o aumento dessas enfermidades não só diminui a oferta de bens e serviços, mas também reduz drasticamente a demanda por eles.

Estamos diante de um imperativo econômico. As famílias brasileiras estão sofrendo uma redução brutal em suas rendas e, consequentemente, estão vendo seu potencial de produção ser erodido pelos dias perdidos em meio aos cuidados com a dengue. Coletivamente, estamos desperdiçando receitas substanciais que poderiam impulsionar nossas atividades econômicas primárias.

As projeções são sombrias. A FIEMG estima que esse impacto econômico desolador poderá resultar na perda de cerca de 130 mil postos de trabalho, agravando ainda mais o cenário já sombrio do desemprego no país. E não podemos ignorar as implicações mais amplas: uma possível escassez de bens essenciais paira no horizonte, ameaçando inflamar ainda mais as chamas da inflação.

É hora de agir. Diante desse cenário alarmante, o Ministério da Saúde convoca para este sábado o Dia D de combate à dengue no Brasil. Sob o lema “10 minutos contra a dengue”, esta mobilização nacional é um grito de socorro, um apelo à ação coletiva para reforçar as medidas de prevenção e erradicação dos focos do mosquito transmissor.

A dengue não é apenas uma ameaça à saúde de nossa população; é uma ameaça à estabilidade econômica de nosso país. Precisamos unir forças, tanto no combate direto à doença quanto na implementação de políticas públicas robustas que protejam nossa força de trabalho e fortaleçam nossa economia.

O tempo para a complacência acabou. O futuro do Brasil está em jogo, e a batalha contra a dengue é uma que não podemos nos dar ao luxo de perder.

Autoria: Maria Clara, Articulista do Política e Resenha