O horror que se desdobra em Gaza, com imagens dantescas de famílias desesperadas, mulheres e crianças perecendo sob as armas de um dos exércitos mais poderosos do mundo, não pode ser ignorado. À medida que o mundo testemunha a tragédia humana se desenrolar, é impossível não traçar paralelos sombrios com eventos passados que mancharam a história da humanidade.
A lembrança do Massacre de My Lai, ocorrido em 16 de março de 1968, no Vietnã, emerge como um eco distante, mas assustadoramente familiar. Naquela ocasião, soldados americanos, atormentados pelo medo e pela perda, invadiram uma aldeia e perpetraram um massacre hediondo, ceifando centenas de vidas inocentes. O mínimo das estimativas fala em 347 mortos, mas relatos indicam números ainda mais alarmantes.
Assim como em My Lai, o morticínio em Gaza não é um evento isolado, mas sim o resultado de uma escalada de abusos e violações dos direitos humanos. A opinião pública internacional só pôde conhecer a verdade sobre My Lai graças ao trabalho corajoso do jornalista Seymour Hersh, que expôs os horrores daquela tragédia. Da mesma forma, a divulgação de imagens chocantes em Gaza revela a crueldade dos ataques israelenses contra civis desarmados.
O paralelo entre My Lai e Gaza não termina na brutalidade dos massacres. Assim como a Companhia Charlie no Vietnã, as forças israelenses em Gaza parecem agir com impunidade, justificando seus atos como parte de uma guerra contra o terrorismo. No entanto, a verdade é que os alvos desses ataques são principalmente civis desesperados em busca de alimentos e suprimentos básicos.
A tentativa cínica de culpar as vítimas, alegando que caminhões de ajuda humanitária foram atacados pelos próprios palestinos, revela a falta de escrúpulos do governo de Netanyahu. Enquanto isso, líderes políticos como Itamar Ben-Gvir demonstram uma completa falta de empatia ao celebrar os ataques como atos heroicos.
O renomado jornalista Thomas Friedman adverte sobre as consequências desastrosas desses eventos para a reputação internacional de Israel e dos Estados Unidos. A indignação global alimentada pelas imagens de crianças palestinas mortas por armas fornecidas pelos EUA está minando o apoio internacional a Israel e ameaçando o prestígio dos EUA.
É intolerável que líderes como Netanyahu estejam dispostos a sacrificar vidas inocentes e a legitimidade internacional de seus países em busca de objetivos políticos mesquinhos. O mundo não pode ficar em silêncio diante de tamanha crueldade e injustiça.
O morticínio em Gaza é um lembrete sombrio de que a barbárie e a brutalidade ainda persistem em nosso mundo, alimentadas pela ganância, pelo poder e pela indiferença. Devemos nos unir para condenar veementemente esses atos hediondos e exigir justiça para as vítimas inocentes.
Autoria: Maria Clara, Articulista do Política e Resenha