Política e Resenha

O Programa Ouro Negro e o Fortalecimento da Cultura Afro-baiana: Um Investimento Necessário e Bem-vindo

O Carnaval da Bahia, famoso por sua energia contagiante e rica diversidade cultural, é palco de uma tradição que vai além da festa em si, alcançando as raízes profundas da cultura afro-brasileira. O Programa Ouro Negro, idealizado pelo Governo da Bahia em 2008 para apoiar blocos afro, surge como um farol de reconhecimento e valorização dessas manifestações culturais. O anúncio recente de que 132 instituições serão beneficiadas em 2024 com um investimento público de R$ 15 milhões é, sem dúvida, uma notícia que merece destaque.

 

O evento de lançamento do edital, que ocorreu no Largo Quincas Berro D’Água, no Pelourinho, contou com a presença do governador Jerônimo Rodrigues e outras autoridades baianas, refletindo o compromisso do governo em preservar e promover a rica herança cultural afro-brasileira. O aumento significativo no investimento, dobrando em relação ao ano anterior, é um sinal claro do reconhecimento da importância dos blocos afro para a identidade e vitalidade do Carnaval de Salvador.

 

O governador Jerônimo Rodrigues ressaltou a relevância dos blocos afro ao afirmar que “é preciso destacar que esses blocos têm um papel muito importante. Primeiro de manter a cultura. Depois o fortalecimento da ancestralidade e da força do povo negro.” Essa compreensão da importância cultural e histórica dos blocos afro vai além do entretenimento, alcançando o âmago da preservação da identidade afro-brasileira.

 

O secretário da cultura Bruno Monteiro celebrou não apenas o aumento no número de entidades beneficiadas, mas também destacou que o selo Ouro Negro não se limitará ao Carnaval. O investimento abrangerá diversas festas populares, incluindo lavagens, carnavais do interior e a micareta de Feira de Santana, ampliando o alcance do programa para abraçar todas as manifestações culturais que caracterizam a Bahia.

 

Dentre os blocos beneficiados, destacam-se nomes emblemáticos como Ilê Aiyê, Filhos de Gandhy, Olodum, Malê Debalê, Cortejo Afro, Bloco Alvorada, Bankoma e Banda Didá. Essas instituições desempenham um papel fundamental na preservação e promoção das tradições afro-brasileiras, sendo guardiãs de ritmos, danças e histórias que moldam a identidade cultural da Bahia.

 

Geraldo Júnior, coordenador do Carnaval, expressou sua satisfação com as mais de 130 propostas aprovadas, destacando que os quase 15 milhões de investimentos abrangem uma variedade de gêneros musicais, desde o axé até o samba de roda. Esse financiamento não apenas apoia músicos e artistas, mas também contribui para preservar a riqueza cultural que é parte integrante da história baiana.

 

Além disso, a iniciativa recebe aplausos da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial e dos Povos e Comunidades Tradicionais, que destaca o estímulo à presença equilibrada de mulheres e pessoas LGBT na direção dos blocos. Ângela Guimarães ressalta que isso não é apenas uma sugestão, mas um princípio democrático de justiça social e integração da diversidade, essenciais para as políticas públicas.

Em um momento em que a preservação da diversidade cultural e a promoção da igualdade são temas cruciais, o Programa Ouro Negro se destaca como um exemplo inspirador de como os investimentos públicos podem ser direcionados para fortalecer as raízes culturais de uma comunidade. Ao dobrar o investimento, o Governo da Bahia não apenas reconhece a importância dos blocos afro, mas também envia uma mensagem clara sobre o compromisso em preservar a riqueza e a vitalidade da cultura afro-brasileira. Este é um passo significativo na construção de uma sociedade mais justa e inclusiva, onde a diversidade é celebrada e apoiada ativamente. O Programa Ouro Negro é, sem dúvida, um investimento necessário e bem-vindo na preservação da identidade cultural e na promoção da igualdade.