De Vitória da Conquista, observo com o coração apertado a tragédia que se desenrola em Jequié, cidade-irmã distante apenas 155 quilômetros daqui. O que acontece lá não é um problema isolado, mas um sintoma agudo da crise de segurança que assola todo o Sudoeste da Bahia. Oito homicídios em 48 horas não são apenas estatísticas – são vidas interrompidas, famílias destruídas, sonhos ceifados em nossa região.
Como conquistense e cidadão do Sudoeste baiano, não posso me calar diante da brutalidade testemunhada no bairro Mandacaru, em Jequié, onde um casal foi assassinado dentro da própria casa, com os criminosos chegando ao cúmulo de tentar carbonizar os corpos. Este nível de violência representa uma afronta não apenas a Jequié, mas a toda nossa região, historicamente conhecida pela força de seu povo e pela riqueza de sua cultura.
Nossa região, que se destaca pelo dinamismo econômico, pela produção agrícola e pelo comércio pujante, não pode ter seu desenvolvimento ameaçado pela insegurança. A violência que hoje assola Jequié é a mesma que ameaça nossas cidades vizinhas, num efeito dominó que precisa ser contido antes que se torne irreversível.
O poder público estadual parece ignorar que o Sudoeste da Bahia necessita de um plano regional integrado de segurança. Não bastam ações isoladas em cada município. Precisamos de uma força-tarefa que compreenda as conexões entre as diferentes cidades, as rotas do crime organizado e as especificidades de nossa região.
Como região que abriga importantes centros universitários, incluindo a UESB presente tanto em Conquista quanto em Jequié, temos capital intelectual para propor soluções. Sugiro a criação de um Observatório Regional de Segurança Pública, reunindo pesquisadores, autoridades e sociedade civil dos diferentes municípios do Sudoeste baiano.
É fundamental que as forças de segurança de Vitória da Conquista, Jequié e demais cidades trabalhem de forma integrada, compartilhando informações e recursos. O crime não respeita fronteiras municipais; nossa resposta também não pode ser limitada por elas.
À população de Jequié, expresso minha solidariedade e compromisso. Suas dores ecoam em nossas ruas conquistenses, e sua luta é nossa luta. Convoco a sociedade civil de todo o Sudoeste da Bahia a se unir em um movimento regional pela paz e segurança. Somente juntos, como região, poderemos enfrentar este desafio.
Que o sangue derramado em Jequié sirva de alerta e chamado à ação para todo o Sudoeste baiano. Nossa região merece paz, nossa gente merece segurança, e está em nossas mãos, como sociedade organizada, exigir e construir um futuro melhor para todas as nossas cidades.