Política e Resenha

Golpe Mal Engendrado: Uma Aventura Tosca e Improvisada ( Padre Carlos )

 

 

 

 

Os depoimentos recentes de ex-comandantes do Exército e da Aeronáutica à Polícia Federal revelaram detalhes sobre um plano golpista articulado por Jair Bolsonaro após sua derrota nas eleições de 2022. A investigação, que tramita no Supremo Tribunal Federal, desenha um cenário onde erros primários, falta de planejamento estratégico e resistência institucional condenaram o plano ao fracasso antes mesmo de sair do papel. Vamos examinar os principais aspectos dessa tentativa de ruptura democrática, analisando suas falhas estruturais com gráficos e dados que destacam a fragilidade dessa trama.


1. A Improvisação: Golpe por WhatsApp?

Uma análise preliminar das informações disponíveis mostra que o plano era extremamente rudimentar. Bolsonaro teria apresentado duas versões de uma minuta golpista durante reuniões no Palácio da Alvorada, contando com a presença de líderes militares como Marco Antônio Freire Gomes e Carlos de Almeida Batista Júnior.

Abaixo, um gráfico demonstra os canais de comunicação utilizados nas articulações golpistas:

Canais de Comunicação Eficácia Golpista
WhatsApp e Telegram Muito baixo
Reuniões formais Moderado
Suporte jurídico Inexistente

A ideia de dar um golpe por meio de mensagens instantâneas demonstra não apenas despreparo, mas um grau quase cômico de amadorismo.


2. Falta de Apoio Internacional: O Isolamento do Plano

Um golpe de Estado que pretenda sobreviver precisa de legitimidade no cenário global. A ausência de apoio de aliados estratégicos — especialmente Estados Unidos e União Europeia — evidenciou a inviabilidade do projeto. Governos estrangeiros manifestaram, em diversas ocasiões, seu reconhecimento à vitória de Lula, isolando completamente qualquer tentativa de ruptura.

Gráfico comparativo:

Posições Internacionais em Relação à Posse de Lula

  • Estados Unidos: Apoio público à democracia brasileira.
  • União Europeia: Declarações de reconhecimento imediato.
  • América Latina: Solidariedade ampla ao governo eleito.

Esse isolamento cortou qualquer possibilidade de financiamento ou legitimidade externa, um golpe fatal na articulação.


3. Falhas no Apoio Interno: Congresso e STF

Para garantir o sucesso de um golpe, é fundamental contar com suporte institucional. No entanto, o plano enfrentou resistência em várias frentes:

  • Congresso Nacional: Líderes de partidos do Centrão e da oposição não demonstraram interesse em apoiar aventuras golpistas, priorizando suas próprias agendas e estabilidade política.
  • Supremo Tribunal Federal (STF): A recusa explícita dos ministros em validar ações ilegais solidificou a barreira jurídica contra qualquer tentativa de desestabilização.

Tabela de Apoio Institucional:

Instituição Nível de Apoio ao Golpe
Congresso Nacional Zero
STF Zero
Forças Armadas (parcial) Muito baixo

4. Resistência Militar: O Último Obstáculo

A recusa de líderes militares em apoiar a trama foi o golpe de misericórdia. Depoimentos indicam que o comandante do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, rejeitou o plano, assim como o Tenente Brigadeiro Batista Júnior da Aeronáutica. Sem esse suporte, qualquer tentativa de mobilização de tropas seria impossível.

Gráfico ilustrativo:

Postura dos Comandos das Forças Armadas

  • Exército: Rejeição explícita pela cúpula.
  • Aeronáutica: Alinhamento com a rejeição.
  • Operações Terrestres: Consultado, mas sem execução.

Conclusão: A Medíocre “Estratégia” do Comandante

Esses erros primários — desde a improvisação com WhatsApp até a falta de apoio jurídico, político e internacional — revelam o tamanho da aventura irresponsável que foi a tentativa de golpe. O plano expôs não só o despreparo de seu idealizador, Jair Bolsonaro, mas também o quanto a democracia brasileira permanece resiliente.

Se essa trama fracassou, foi porque a sociedade, as instituições e até as Forças Armadas compreenderam que o custo de uma aventura antidemocrática é muito maior do que qualquer disputa política. Afinal, o que vimos não foi um estrategista brilhante em ação, mas um amador perdido em suas próprias contradições.

A lição? A democracia brasileira resiste. E golpes mal feitos não têm vez.