Em uma ação audaciosa, o Ministério Público do Estado da Bahia (MPBA) e a Polícia Militar deflagraram a “Operação Argento” em Vitória da Conquista e Urandi, interior da Bahia, levando à prisão de um dos principais operadores de um sofisticado esquema de lavagem de dinheiro ligado ao tráfico de drogas. A operação, uma ação conjunta com o Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN) e a Receita Federal (RFB), busca desmontar uma complexa rede de lavagem de dinheiro operada por uma facção criminosa de abrangência nacional.
Com mandados de prisão e busca e apreensão em quatro estados, as autoridades cumpriram seis mandados de busca e um de prisão preventiva na Bahia. Em Conquista, o alvo foi um dos principais comparsas de Valdeci Alves dos Santos, líder da facção criminosa, também conhecido por apelidos como “Pintado” e “Vermelho”. Valdeci está preso desde 2022 em uma unidade do Sistema Penitenciário Federal, mas as investigações apontam que, mesmo atrás das grades, ele continuou comandando o tráfico e a lavagem de dinheiro por meio de pessoas de confiança, incluindo parentes e operadores bem estruturados.
A operação revelou um esquema bilionário sustentado por empresas de fachada, compra e venda de imóveis de alto padrão e a aquisição de cavalos de raça, criando uma cortina de fumaça para ocultar o dinheiro do tráfico. Durante a operação, o Gaeco confiscou valores em dinheiro, celulares, joias e outros itens de valor em Conquista e Urandi, reforçando a tese de uma rede que utilizava diversos artifícios para manter as atividades ilegais em funcionamento.
Com bloqueios de mais de R$ 2 bilhões e a investigação de 468 contas bancárias suspeitas, os promotores afirmam que o esquema movimentou cerca de R$ 1,6 bilhão entre 2014 e 2024. A operação foi coordenada em vários estados, incluindo Natal, Caicó, Parnamirim e Nísia Floresta, no Rio Grande do Norte; São Paulo e Campinas, em São Paulo; e Trairão, no Pará.
A “Operação Argento” é um desdobramento da “Operação Plata”, ocorrida em fevereiro de 2023, que já havia resultado em diversas prisões e revelações sobre a estrutura financeira do grupo. A ação conjunta entre o MPBA e Gaeco baiano, junto ao MPRN e à RFB, visa desestabilizar a base econômica da facção criminosa e interromper sua fonte de recursos ilícitos.
Essa operação lança luz sobre a complexa estrutura de financiamento de facções criminosas no Brasil, em especial no interior da Bahia, mostrando que, mesmo em cidades afastadas dos grandes centros, há uma rede sofisticada de crime organizado que opera em um nível quase corporativo, envolvendo um fluxo de bilhões.
Com as investigações em andamento, as autoridades esperam desmantelar ainda mais essa rede e coibir que outros “peixes grandes” da organização continuem agindo na região, enquanto a sociedade aguarda mais desdobramentos desse caso que tem movimentado todo o sistema de segurança pública do país.