Política e Resenha

Papa lamenta “silêncio cúmplice” de quem assiste a massacre de cristãos

 

O Silêncio Ensurdecedor Diante do Massacre em Cabo Delgado

Em um mundo cada vez mais interconectado, é chocante e profundamente perturbador que uma tragédia de proporções humanitárias possa ocorrer praticamente despercebida. É exatamente isso que está acontecendo em Cabo Delgado, uma província no norte de Moçambique, onde uma insurgência brutal liderada por grupos jihadistas ligados ao Estado Islâmico tem devastado a região desde 2017.

As recentes palavras do Papa Francisco, lamentando o “silêncio cúmplice” diante do massacre de cristãos, não poderiam ser mais oportunas. Em Cabo Delgado, a violência sectária atingiu níveis inimagináveis. Civis são frequentemente alvo de execuções, aldeias inteiras são arrasadas, e milhares de pessoas são forçadas a abandonar suas casas.

O silêncio da comunidade internacional diante desse horror é ensurdecedor e, como bem apontou o Papa, cúmplice. Enquanto o mundo volta sua atenção para conflitos em outras partes do globo, a tragédia em Cabo Delgado se desenrola sem o escrutínio e a intervenção necessários para pôr fim à violência e proporcionar ajuda às vítimas.

É imperativo que a comunidade global desperte para esta crise. A inação não é apenas uma falha moral, mas também um erro estratégico. O crescimento do extremismo em Moçambique representa uma ameaça não apenas para a região, mas para a estabilidade global. O terrorismo, como bem sabemos, não respeita fronteiras.

Precisamos de ação imediata em várias frentes. Primeiro, é necessária uma resposta humanitária robusta para atender às necessidades urgentes dos deslocados e das comunidades afetadas. Segundo, a comunidade internacional deve pressionar por uma solução política para o conflito, abordando as raízes da insurgência, que muitas vezes estão enraizadas na pobreza, na marginalização e na falta de oportunidades.

Além disso, é crucial que os meios de comunicação internacionais deem a devida cobertura a esta crise. A visibilidade é o primeiro passo para mobilizar a opinião pública e, consequentemente, a ação política.

Por fim, como sociedade global, devemos refletir sobre o porquê de algumas crises captarem nossa atenção e compaixão, enquanto outras, igualmente trágicas, permanecem na obscuridade. Será que a distância geográfica ou cultural nos torna insensíveis ao sofrimento alheio? Ou será que nos tornamos tão saturados de más notícias que optamos por ignorar aquelas que não nos afetam diretamente?

O massacre em Cabo Delgado é um teste para nossa humanidade coletiva. O silêncio não é mais uma opção. É hora de nos levantarmos, de fazermos ouvir nossas vozes e de agirmos em solidariedade com aqueles que sofrem. Só assim poderemos esperar construir um mundo onde a dignidade e a vida de cada ser humano sejam verdadeiramente valorizadas e protegidas.