Política e Resenha

Paraná Pesquisas – Wagner e Rui Lideram Disputa pelo Senado em 2026, mas o Jogo Está Aberto

 

 

 

 

Por Padre Carlos

A política baiana começa a esquentar para as eleições de 2026, e a mais recente pesquisa do Instituto Paraná Pesquisas, divulgada nesta segunda-feira (24/03/2025), oferece um primeiro retrato da disputa pelo Senado no estado. Os dados apontam o senador Jaques Wagner (PT) e o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), como líderes iniciais, mas com números tímidos e um cenário dominado pela incerteza. Enquanto isso, outros fatores, como a desaprovação do governo de Jerônimo Rodrigues e a liderança de ACM Neto na corrida pelo governo, sugerem que a eleição para o Senado está longe de ser uma aposta ganha. Vamos analisar o que esses números revelam e o que eles podem significar para o futuro político da Bahia.

Os números da pesquisa: Wagner e Rui na frente, mas com ressalvas

Na pesquisa espontânea, quando os eleitores não recebem uma lista de nomes, Jaques Wagner aparece com 2% das intenções de voto, liderando a disputa. Logo atrás vem Otto Alencar (PSD), com 1,9%, seguido por Rui Costa, com 1,2%. Outros nomes, como João Roma (PL), com 0,7%, ACM Neto (União Brasil), com 0,4%, e Angelo Coronel (PSD), com 0,2%, também são mencionados, mas com percentuais ainda menores. O dado mais expressivo, no entanto, é que impressionantes 85,2% dos entrevistados não sabem ou preferiram não opinar. Isso indica que, apesar de Wagner e Costa serem figuras conhecidas, a grande maioria dos baianos ainda não tem um favorito definido para o Senado em 2026.

Essa liderança inicial de Wagner e Costa não é surpresa. Ambos carregam um histórico robusto: Wagner, ex-governador e senador em exercício, é reconhecido por sua habilidade política e por gestões que marcaram o estado; Rui Costa, também ex-governador e hoje um dos principais nomes do governo Lula, tem uma imagem de administrador competente. No entanto, os percentuais baixos na espontânea mostram que essa popularidade não se traduz, por ora, em uma vantagem consolidada. A disputa está aberta, e o elevado número de indecisos é um sinal de que a campanha será o verdadeiro divisor de águas.

O peso do governo Jerônimo Rodrigues

Outro dado da pesquisa que não pode ser ignorado é a avaliação do atual governador, Jerônimo Rodrigues (PT). Sua gestão é desaprovada por 48,7% dos eleitores, enquanto 47,4% a aprovam – uma diferença apertada que reflete um estado dividido. Para Wagner e Costa, ambos ligados ao PT e ao projeto político que Jerônimo representa, esse índice de desaprovação pode ser um obstáculo. Eleitores insatisfeitos com o governo atual podem projetar sua frustração em candidaturas petistas, mesmo que Wagner e Costa tenham trajetórias distintas e atuações em esferas diferentes.

Por outro lado, a aprovação de 47,4% mostra que o PT ainda mantém uma base significativa na Bahia. Se Wagner e Costa conseguirem se desvincular de eventuais desgastes da gestão estadual e destacar suas próprias conquistas – como os investimentos em infraestrutura de Wagner ou a gestão de crise de Rui durante a pandemia –, eles podem solidificar essa base e atrair parte dos indecisos. A estratégia aqui será crucial: quanto mais se associarem ao governo Jerônimo, maior o risco de perder votos; quanto mais se apresentarem como figuras independentes, maiores as chances de sucesso.

ACM Neto e a influência da corrida pelo governo

A pesquisa também traz um elemento que pode mexer com a disputa pelo Senado: a liderança de ACM Neto (União Brasil) em todos os cenários para o governo da Bahia. Na espontânea, Neto tem 17,5% das intenções de voto, contra apenas 9,1% de Jerônimo Rodrigues. Na estimulada, sua vantagem é ainda mais expressiva: 52% contra 27,4% de Jerônimo. Essa força de Neto, que já foi prefeito de Salvador e é um nome consolidado na oposição ao PT, pode influenciar diretamente a escolha do senador.

Na política, eleitores muitas vezes buscam alinhamento entre governador e senador, especialmente em estados como a Bahia, onde as disputas regionais têm forte peso. Se Neto mantiver essa dianteira até 2026, candidatos ao Senado que se aproximem de sua plataforma – como João Roma, alinhado à direita, ou mesmo Ângelo Coronel, que pode buscar uma composição pragmática – podem ganhar terreno. Para Wagner e Costa, isso significa que, além de enfrentar os desafios internos do PT, eles terão que lidar com a possibilidade de um “efeito Neto” puxando votos para outro campo político.

Os indecisos como protagonistas

O que mais chama atenção na pesquisa é o altíssimo percentual de indecisos – 85,2% na espontânea para o Senado e 64,7% na espontânea para o governo. Esse número reflete um eleitorado que, a pouco mais de um ano das eleições, ainda não está engajado na disputa. Para os candidatos, isso é tanto uma oportunidade quanto um desafio. Wagner e Costa, com suas bases já estabelecidas, podem investir em campanhas que reforcem suas marcas e conquistem os desinformados ou desinteressados. A campanha de 2026, portanto, será menos sobre manter posições e mais sobre conquistar corações e mentes. Temas como economia, segurança e saúde – que costumam pesar na decisão do eleitor baiano – devem dominar os discursos. Além disso, o cenário nacional, incluindo o desempenho do governo Lula, terá um papel decisivo na mobilização do eleitorado.

O que está em jogo

A disputa pelo Senado em 2026 não é apenas uma questão de quem ocupará a cadeira em Brasília; ela reflete o rumo que a Bahia quer tomar. Wagner e Costa representam a continuidade de um projeto petista que, apesar dos percalços, ainda tem apelo em parte do estado. Outros nomes,  podem simbolizar uma renovação ou uma guinada ideológica. Enquanto isso, a liderança de ACM Neto na corrida pelo governo sugere que a oposição está ganhando força, o que pode redesenhar o mapa político baiano.

Por ora, Jaques Wagner e Rui Costa estão à frente, mas com uma vantagem frágil e um eleitorado indeciso que pode mudar tudo. A pesquisa do Paraná Pesquisas é apenas o primeiro capítulo de uma história que será escrita nos próximos meses. Uma coisa é certa: na Bahia, o jogo político está aberto, e o próximo senador será aquele que souber transformar números tímidos em uma vitória robusta.