A manhã desta terça-feira (28) em Vitória da Conquista não foi apenas mais uma reunião de gabinetes. Foi um símbolo de como o diálogo entre setores públicos e privados pode pavimentar caminhos para o desenvolvimento regional. A conversa entre o presidente da Câmara Municipal, Ivan Cordeiro (PL), e o presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), Carlos Henrique Passos, transcendeu a formalidade institucional e apontou para uma realidade urgente: sem cooperação, não há progresso sustentável.
O encontro, que reuniu também representantes de entidades como Sesi, IEL e Fieb, tratou de temas vitais para o Sudoeste baiano: formação de mão de obra qualificada, fortalecimento industrial e a proposta de criação da Região Metropolitana do Sudoeste. São pilares que, se bem articulados, podem não apenas impulsionar a economia local, mas redefinir o futuro de uma região historicamente marcada por desigualdades e dependência de modelos econômicos frágeis.
A Força da Integração Metropolitana
A menção à Região Metropolitana do Sudoeste da Bahia merece destaque. Em um país onde a fragmentação política muitas vezes emperra o desenvolvimento, a proposta de unir municípios em uma rede colaborativa é visionária. Como ressaltou Passos, pensar “metropolitanamente” — e não de forma isolada — permite otimizar recursos, atrair investimentos de maior escala e resolver problemas comuns, como mobilidade e logística, que não respeitam fronteiras municipais.
A iniciativa, em tramitação na Assembleia Legislativa, precisa ser vista como mais que um projeto de lei: é uma oportunidade de romper com o ciclo de competição interna entre cidades, substituindo-o por uma estratégia de complementaridade. Imagine-se, por exemplo, Vitória da Conquista como polo educacional e industrial, enquanto municípios vizinhos desenvolvem vocações agrícolas ou turísticas. A sinergia geraria empregos, reduziria custos e ampliaria a capacidade de inovação.
Educação e Indústria: Uma Aliança Necessária
Outro ponto crucial discutido foi a formação profissional. Não há fortalecimento industrial sem trabalhadores capacitados. O Brasil ainda patina na desconexão entre o que as escolas técnicas e universidades ensinam e o que o mercado exige. Nesse sentido, a participação do Sesi e do IEL na reunião é um sinal positivo. Essas entidades, vinculadas ao setor produtivo, podem ajudar a desenhar cursos alinhados às demandas reais das indústrias locais, reduzindo o desemprego juvenil e a fuga de talentos para outras regiões.
Aqui, porém, surge um desafio: garantir que os programas de qualificação não sirvam apenas aos interesses imediatos das empresas, mas também ofereçam oportunidades de ascensão social. A mão de obra qualificada não é apenas um “insumo” para a indústria; é uma população que precisa de perspectivas de carreira, salários justos e acesso a direitos.
O Legislativo como Ponte, Não como Muro
Ivan Cordeiro destacou que a Câmara está de “portas abertas” para apoiar pautas industriais. A declaração é importante, mas carrega uma responsabilidade. O Legislativo municipal não pode ser um mero reprodutor de demandas empresariais; deve atuar como mediador, equilibrando os interesses do setor produtivo com as necessidades sociais. O elogio de Carlos Henrique Passos à postura da Câmara de ouvir a sociedade indica um caminho promissor: governar com escuta ativa, mas sem perder o senso crítico.
Conclusão: Um Começo, Não um Fim
A reunião desta terça-feira é um passo admirável, mas ainda é apenas um passo. O verdadeiro teste será a capacidade de transformar discursos em ações concretas. A criação da região metropolitana exigirá negociações complexas; a formação profissional demandará investimentos contínuos; e o diálogo com a indústria precisará ser permeável às vozes dos trabalhadores e da sociedade civil.
Vitória da Conquista e o Sudoeste baiano têm, agora, a chance de escrever um novo capítulo em sua história. Que este encontro não seja lembrado apenas por suas promessas, mas pelo legado de um desenvolvimento que inclua, qualifique e integre. Como bem disse Passos, administrar é ouvir. E o povo da região, certamente, espera ser ouvido nesse processo.