Não saberei nunca dizer adeus
Afinal, só os mortos sabem morrer
Resta ainda tudo, só nós não podemos ser
Talvez o amor, neste tempo,
seja ainda cedo
Não é este sossego que eu queria,
este exílio de tudo, esta solidão de todos
Agora não resta de mim
o que seja meu
e quando tento
o magro invento de um sonho
todo o inferno me vem à boca
Nenhuma palavra alcança o mundo, eu sei
Ainda assim, escrevo.
Fonte: “Raiz de orvalho e outros poemas”, 1983 (Maputo, Moçambique).