Política e Resenha

Politicando: Reflexões sobre Propaganda Antecipada e o Natal em Vitória da Conquista

 

 

Em meio ao intricado tabuleiro político, observo atentamente os movimentos dos atores e partidos políticos, imerso na necessidade de compreender as complexas definições de alianças e candidaturas. Nesse trajeto inevitável, deparo-me, por vezes, com questões que, em um cenário ideal, não mereceriam minha atenção. No entanto, atraído pela cultura novelística que permeia nosso cotidiano, vejo-me envolto em assuntos que ultrapassam os limites de minha vontade exclusiva.

Cabe ao analista político a árdua tarefa de separar o joio do trigo. Algumas temáticas demandam discernimento para serem ignoradas, mas outras não podem ser relegadas ao segundo plano. A recente declaração de um vereador de nossa cidade, proclamando que seu candidato transformará o Natal de Vitória da Conquista, evidencia uma clara prática de propaganda antecipada. O agravante é o uso de recursos públicos para tal fim, já que emenda parlamentar não se confunde com verba do gabinete. A situação atinge seu ápice quando o vereador afirma, na tribuna, que seu candidato já é o prefeito da cidade. Acredito que o nobre parlamentar quis dizer que não precisamos mais ir às urnas, pois a elite política da qual faz parte já deu posse ao novo prefeito. Preocupar-se com o dinheiro público é um dever de todo cidadão.

Influenciados por nossa formação política e social, falhamos em estabelecer uma clara demarcação entre o público e o privado. Na esfera política regional, especialmente, questões públicas e administrativas tornam-se uma extensão do universo do gabinete dos políticos. Acompanhamos, assim, a politicagem, pois muitos politiqueiros almejam a transição para governantes. Se negligenciarmos os meandros da política eleitoral, como poderemos exigir dos eleitos a devida atenção aos inúmeros problemas sociais que assolam nossa comunidade? Infelizmente, não é raro que grupos políticos arraigados no poder regional exponham sua visão do público como privado. Nossa elite política, por hábito arraigado, utiliza os meios de comunicação para enviar recados desafiadores a seus adversários.

Em um contexto onde as fronteiras entre o público e o privado parecem tênues, é imperativo que, como cidadãos e analistas políticos, saibamos discernir o essencial do supérfluo. Somente assim poderemos almejar uma democracia verdadeiramente transparente e comprometida com o bem comum.

Padre Carlos