Política e Resenha

Prioridade Absoluta: O Exemplo de Vitória da Conquista nas Políticas para Infância e Adolescência

 

 

 

 

A recente nomeação da prefeita Ana Sheila Lemos Andrade para a vice-presidência da Comissão Permanente de Políticas Públicas da Infância e Adolescência da Frente Nacional de Prefeitas e Prefeitos (FNP) não é apenas uma conquista pessoal, mas um reconhecimento do trabalho exemplar que vem sendo desenvolvido em Vitória da Conquista. Este feito evidencia como municípios do interior podem se tornar referências nacionais quando há compromisso genuíno com causas fundamentais.

O Brasil ainda enfrenta desafios significativos na proteção de crianças e adolescentes. Diariamente, casos de violência, negligência e abandono escolar atingem os noticiários, revelando a urgência de políticas públicas efetivas. Neste cenário, Vitória da Conquista desponta como um farol de esperança, demonstrando que é possível transformar a realidade com planejamento, sensibilidade e determinação.

O Complexo de Escuta Protegida implementado na cidade é um exemplo concreto dessa visão. Ao realizar mais de 170 audiências em um único ano, o município não apenas cumpre a Lei 13.431/2017, mas oferece um modelo que deveria ser replicado nacionalmente. O reconhecimento com o Prêmio Prioridade Absoluta pelo CNJ confirma a excelência dessa iniciativa que combate a revitimização – um problema crônico que amplifica o sofrimento de crianças e adolescentes vítimas de violência.

O que torna a experiência conquistense ainda mais notável é sua abordagem integrada. Enquanto o Complexo atende as vítimas, o projeto Busca Ativa Escolar supera metas ambiciosas, garantindo que nenhuma criança fique fora da escola. Paralelamente, o investimento no Atendimento Educacional Especializado demonstra uma compreensão profunda sobre inclusão, enquanto o Hospital Municipal Esaú Matos se consolida como referência regional em saúde materno-infantil.

As articulações internacionais com UNICEF e Childhood Brasil, além das parcerias com organizações como Paullus Social e Comitê Paralímpico Brasileiro, evidenciam que a administração municipal compreendeu um princípio fundamental: a proteção à infância e adolescência exige uma rede de colaboração que transcende fronteiras políticas e institucionais.

Ao assumir a vice-presidência na FNP, Sheila Lemos carrega consigo não apenas a responsabilidade de representar seu município, mas a oportunidade de disseminar práticas que podem transformar vidas em todo o território nacional. A declaração da prefeita sobre colocar “crianças e adolescentes no centro das políticas públicas” não soa como retórica vazia, mas como um compromisso respaldado por resultados concretos.

Em tempos de polarização política, o exemplo de Vitória da Conquista nos lembra que certas pautas transcendem divisões ideológicas. A proteção à infância e adolescência não é uma questão de direita ou esquerda, mas um imperativo ético que deve unir gestores públicos de todas as orientações políticas. O trabalho desenvolvido na “Joia do Sertão Baiano” evidencia que, quando há vontade política e compromisso contínuo, avanços significativos são possíveis mesmo com recursos limitados.

O desafio que se coloca para o futuro é garantir que essas iniciativas se tornem políticas de Estado, não apenas de governo, assegurando sua continuidade independentemente de mudanças políticas. A experiência conquistense deve servir de inspiração para outros municípios brasileiros, lembrando-nos que a verdadeira medida do desenvolvimento de uma sociedade está na forma como trata seus membros mais vulneráveis.

A ascensão de Sheila Lemos à vice-presidência da Comissão é, portanto, uma oportunidade para que as boas práticas de Vitória da Conquista ganhem escala nacional. É um lembrete de que, quando priorizamos genuinamente nossas crianças e adolescentes, não estamos apenas cumprindo uma obrigação constitucional – estamos construindo um futuro mais justo e promissor para toda a sociedade brasileira.

Padre Carlos