Os artigos que tenho publicado ao longo destes anos não são meras palavras jogadas ao vento. São frutos de quarenta anos de militância, de reflexões amadurecidas, e de uma convivência profunda com a filosofia política – um campo fascinante, repleto de potencial, mas também repleto de desafios. Cada texto, cada linha, foi escrito com o desejo de transformar a teoria em prática, de trazer para o debate público a essência desse estudo milenar que molda nossas sociedades e questiona nossas estruturas.
Nosso objetivo? Ele está claro, se olharmos com atenção. Não escrevo para agradar, para massagear egos ou para sustentar convenções. Escrevo para esporar, para provocar. A ideia da espora nos remete àquele pequeno, mas poderoso instrumento que incita o movimento no animal – no caso, o “animal político” de que nos falava Aristóteles. Assim, o que buscamos aqui é estimular, avivar, espicaçar. Queremos instigar reflexões, despertar incômodos e, principalmente, provocar reações.
A filosofia política não é um exercício contemplativo. Ela exige ação, engajamento e coragem para confrontar a inércia do pensamento confortável. Por isso, cada artigo carrega em si o desejo de desafiar nossos leitores, de tirá-los de suas zonas de conforto e trazê-los para a arena das ideias, onde o confronto de visões não apenas enriquece, mas transforma.
Belchior, o poeta cearense que recentemente nos deixou, captou bem esse espírito em sua canção:
“Não me peça que eu lhe faça / Uma canção como se deve / Correta, branca, suave / Muito limpa, muito leve / Sons, palavras, são navalhas / E eu não posso cantar como convém / Sem querer ferir ninguém.”
Não escrevemos para agradar a todos. Escrevemos porque acreditamos que palavras podem ser navalhas – cortantes, incisivas, mas necessárias. Necessárias para despertar consciências, para ferir o conformismo e para abrir novas possibilidades de pensamento e ação.
Portanto, nosso objetivo aqui é simples e ao mesmo tempo desafiador: queremos provocar, mas com propósito. Queremos incitar reflexões que possam levar a mudanças reais, tanto no plano individual quanto no coletivo. Queremos tocar mentes e corações, não com a suavidade do lugar-comum, mas com a força da verdade e da autenticidade.
Agradecemos a todos os que nos honram com suas atentas leituras. Que cada provocação aqui apresentada seja um convite à transformação e ao compromisso com um mundo mais justo, mais consciente e mais humano.
Padre Carlos