Política e Resenha

Quando a Oposição Vira Situação: O Legado de Herzem e a Apropriação Irônica do Candidato

 

 

 

 

É realmente engraçado — ou seria trágico? — ver como a política local pode dar voltas dignas de uma novela mexicana. De repente, o que antes era um grito de “ sou do time de Jerônimo!” vira “ei, quem sabe pegar um pouquinho do legado do saudoso Herzem Gusmão pode ajudar?”. Pois é, meus caros, estamos diante de um espetáculo político daqueles que beiram o cômico, se não fosse pela seriedade da situação.

Herzem Gusmão, um homem que desbancou duas décadas de hegemonia petista em Vitória da Conquista, lutando contra o sistema, a máquina, e qualquer tentativa de dominação ideológica, deve estar dando cambalhotas na tumba. Não, não é exagero. Herzem, com sua liderança, fez o que muitos consideravam impossível: derrotou o PT na sua própria fortaleza. O seu legado, construído com suor, resistência e uma boa dose de carisma, agora parece ser alvo de uma disputa peculiar, onde a oposição — pasmem — tenta se apropriar de sua imagem.

O cenário fica ainda mais surreal quando você assiste ao programa eleitoral. Lá está a oposição erguendo o estandarte da direita, aquela mesma direita que, liderada por Herzem, derrubou o PT na cidade. O que estas pessoas esqueceram de mencionar é que essa mesma direita a viu como adversária ferrenha há menos de quatro anos. E agora? Ah, agora este pequeno grupo é herdeiro(a) do legado!

O Papel de Irma Lemos e Sheila Lemos no Legado de Herzem

E aqui entra uma questão central que o programa político tenta convenientemente ignorar: quem estava ao lado de Herzem nessa luta? Quem deu o suporte político, moral e pessoal que o ajudou a construir esse projeto vitorioso? Foi Irma Lemos, sua vice-prefeita. Irma esteve com Herzem nos momentos decisivos, dando o respaldo necessário para que ele pudesse enfrentar a hegemonia petista e realizar o trabalho que marcou sua gestão.

Mais do que uma aliada política, Irma foi uma parceira de primeira hora, alguém que compartilhou os mesmos ideais de renovação e mudança. E, após a partida precoce de Herzem, quem deu continuidade a esse trabalho foi Sheila Lemos, sua filha. Sheila não apenas honrou o legado do seu lider, mas também soube, com habilidade, manter e expandir os projetos que ambos iniciaram. Sua gestão é uma continuidade natural e legítima do que foi planejado pela dupla Herzem-Irma.

Agora, veja bem o tamanho da ironia. O programa político da oposição tenta, de maneira quase teatral, se apresentar como herdeiro desse legado, esquecendo que as verdadeiras herdeiras — tanto politicamente quanto no coração do eleitorado de Herzem — são Irma Lemos e Sheila Lemos. Foi com elas que Herzem construiu a sua vitória histórica, e é Sheila quem, com competência, tem conduzido o município desde então.

O Paradoxo Político da Apropriação de Legados

É um movimento tão audacioso que quase merece aplausos. Imagina só: usar a imagem de um líder que simbolizou o rompimento com o poder que o grupo e seus aliados representam! Se fosse numa aula de lógica, o professor provavelmente chamaria isso de “paradoxo político”. Mas na vida real, chamamos de ironia em sua forma mais pura.

Herzem foi, de fato, um divisor de águas na política de Conquista. Sua vitória representou a quebra de um ciclo, uma nova forma de pensar, que não tinha espaço para conciliação com o modelo petista que dominava a cidade. Agora, ver uma candidatura da oposição se apresentar como continuadora desse projeto soa tão inusitado quanto um vegetariano se declarar embaixador de uma churrascaria.

O programa político tenta convencer o eleitor de que este grupo e Herzem estariam de mãos dadas, caminhando juntos por um campo florido da renovação política. Mas quem estava lá nas trincheiras, na época da campanha de Herzem, sabe que isso está mais para ficção do que para realidade. E, convenhamos, o legado de Herzem não é um presente que se pode simplesmente tomar emprestado.

Memória Eleitoral e Herdeiros Legítimos

O mais curioso, no entanto, é observar a capacidade camaleônica da política. Aquela velha máxima de que “na política, tudo é possível” nunca pareceu tão verdadeira. Mas o que não se pode ignorar é o fato de que, para além das promessas e das tentativas de apropriação simbólica, o eleitorado tem memória. A cidade lembra de quem esteve ao lado de Herzem nos momentos de batalha e quem estava no lado oposto. E essa memória não apaga o papel crucial de Irma Lemos e de sua filha, Sheila, na construção e manutenção desse projeto.

Enfim, se não fosse trágico, seria cômico ver essa tentativa …… de vestir o legado de Herzem como se fosse um casaco emprestado. Mas uma coisa é certa: por mais que tentem usurpar sua imagem, o legado de Herzem Gusmão pertence ao povo que o elegeu, e não a quem oportunisticamente tenta se associar a ele. O tempo, esse juiz implacável, sempre traz à tona quem é quem no jogo político. E por mais que a retórica queira forçar alianças improváveis, o verdadeiro herdeiro do legado de Herzem é aquele que se mantém fiel aos princípios que ele defendia — não quem tenta, às pressas, pegar carona no prestígio de quem já não está mais aqui para se defender.