Em tempos de personalismo político, há figuras que não apenas representam uma sigla, mas que se confundem com ela. São líderes capazes de personificar sonhos, lutas e projetos coletivos. No Brasil, Getúlio Vargas deu alma ao PTB, Brizola foi o próprio PDT, e Lula tornou-se o coração do PT. Em Vitória da Conquista, essa história encontrou uma expressão singular na liderança do Dr. Guilherme Menezes.
Um Projeto Popular e Participativo
Guilherme Menezes foi mais do que um político: ele foi a voz do povo conquistense. Eleito quatro vezes prefeito, sua liderança carismática e próxima do cidadão foi a chave para transformar o PT em uma força política dominante na cidade. Guilherme entendeu algo fundamental: ouvir a população renova projetos. Sob sua gestão, rodas de conversa, orçamento participativo e encontros na zona rural não foram apenas ferramentas administrativas, mas a essência de um governo que priorizava o diálogo e a inclusão.
A vitória de Guilherme não era apenas eleitoral. Era uma vitória social. Com ele, Vitória da Conquista se transformou em referência em educação, saúde e infraestrutura. O município universalizou o acesso ao ensino fundamental, expandiu sua rede escolar e construiu o sonho de uma Universidade Federal local. Na saúde, fortaleceu políticas públicas para acolher a população. Obras estruturantes, como o novo aeroporto e a busca pela segurança hídrica com a construção da barragem, refletiram um olhar visionário para o futuro.
A Despedida do “Guilhermismo”
No entanto, após a saída de Guilherme Menezes, a realidade política do PT em Vitória da Conquista mudou. Sem o “velho doutor”, como era carinhosamente chamado, o partido perdeu não apenas eleições, mas também o coração do eleitorado. Nenhum sucessor conseguiu replicar a liderança carismática e a conexão afetiva que ele estabeleceu com a população. A máquina partidária, embora eficiente, mostrou-se incapaz de substituir o vínculo construído durante anos entre Guilherme e os conquistenses.
Aqui reside a grande lição: o pragmatismo técnico e o aparelhamento político podem garantir estruturas, mas não conquistam corações. A liderança verdadeira nasce do contato direto com o povo, da capacidade de inspirar confiança e personificar os sonhos de uma comunidade. Guilherme Menezes não foi apenas um administrador competente; ele foi o símbolo de uma era em que a política era feita com proximidade e sensibilidade.
O Legado de uma Liderança Ímpar
Vitória da Conquista segue seu curso, mas o vazio deixado por Guilherme Menezes é um lembrete de que grandes lideranças são insubstituíveis. Seu legado transcende mandatos e siglas, pois ele representou a alma de um projeto coletivo. Talvez o PT local jamais tenha se recuperado porque, sem ele, perdeu sua maior referência: um líder que uniu coração e razão para fazer política.
Em tempos de polarização e desconfiança na política, figuras como Guilherme Menezes nos mostram que o personalismo, quando aliado ao compromisso com o povo, pode ser mais do que um fenômeno cultural — pode ser a força que transforma uma cidade inteira.
Padre Carlos