A recente notícia sobre o indiciamento do dono de uma pastelaria em Campo Bom, Rio Grande do Sul, por falsa comunicação de crime, traz à tona uma reflexão profunda sobre as diversas facetas do racismo e seus desdobramentos na sociedade brasileira.
O episódio envolvendo Gabriel Fernandes da Cunha, proprietário e entregador da pastelaria, choca não apenas pela gravidade da acusação, mas pela inusitada revelação de que o próprio dono teria forjado um caso de racismo contra si mesmo. O pedido inusitado por um “motoboy branco” coloca em evidência a complexidade das relações raciais no país.
O delegado Rodrigo Camara, responsável pelo caso, confirmou que Gabriel criou uma conta falsa no aplicativo de delivery, efetuou um pedido em sua própria loja e, de maneira absurda, inseriu a observação racista. O empresário chegou a registrar um boletim de ocorrência e compartilhar prints nas redes sociais, alimentando uma narrativa que, agora sabemos, era completamente fictícia.
Ainda mais surpreendente foi a confissão do próprio Gabriel à Polícia Civil. Em novo depoimento, ele admitiu ser o autor do pedido com teor racista, após ser confrontado com as evidências obtidas durante a investigação. Sua declaração de que gostaria de se retratar adiciona um elemento de contradição à história, deixando-nos a questionar as motivações por trás desse comportamento.
O caso não apenas evidencia a fragilidade de algumas narrativas de discriminação racial, mas também levanta questões sobre as consequências para aqueles que são vítimas reais de racismo. A instrumentalização de um tema tão sensível para ganhos pessoais é, no mínimo, irresponsável e desrespeitosa para com aqueles que lutam diariamente contra a verdadeira face do preconceito.
É crucial que a sociedade, ao se deparar com situações como essa, mantenha um olhar crítico e questionador. A luta contra o racismo é uma causa nobre, e distorcê-la com falsas denúncias prejudica não apenas a credibilidade das vítimas reais, mas também mina os esforços coletivos para construir uma sociedade mais justa e igualitária.
Esperamos que casos como este sirvam de alerta para a importância de abordar as questões raciais com seriedade e responsabilidade. Em um país tão diverso como o Brasil, é imperativo que avancemos na construção de um ambiente onde todos se sintam respeitados e livres da discriminação, seja ela real ou fictícia.