Política e Resenha

São João sem Água: A Injustiça Federal Contra os Agricultores de Vitória da Conquista

 

 

A recente denúncia da prefeita de Vitória da Conquista, Sheila Lemos, sobre a suspensão do fornecimento de água nas zonas rurais do município, traz à tona uma questão crítica que transcende a simples logística de abastecimento e revela uma grave ameaça ao processo democrático e à vida do homem do campo. A declaração da prefeita não só expõe a redução drástica na frota de caminhões-pipa fornecidos pelo governo federal, mas também questiona a eficácia dos sindicatos e a omissão dos parlamentares frente a essa calamidade.

A prefeita foi clara e contundente ao denunciar que, de uma frota inicial de 39 caminhões-pipa (38 do exército e 1 do município), a contribuição federal foi reduzida para apenas 12 veículos. Em contrapartida, o governo municipal, sob a gestão de Sheila Lemos, expandiu sua frota própria para 15 caminhões, que agora são os únicos a realizar a distribuição de água em um vasto território. Esse contraste acentuado entre a ação local e a inação federal é uma ilustração flagrante da desatenção do governo federal para com as necessidades básicas da população rural.

Essa medida, que desconsidera as dificuldades diárias enfrentadas pelos agricultores e moradores das áreas rurais, é um ato de negligência que põe em risco a subsistência de inúmeras famílias. Além disso, o timing dessa suspensão, coincidente com as celebrações de São João – um período culturalmente significativo – amplifica o desrespeito e a insensibilidade das autoridades federais.

Como ex-pároco de uma comunidade rural, conheço profundamente o sofrimento e os desafios enfrentados por esses homens e mulheres. A falta de água não é apenas uma inconveniência; é uma ameaça direta à saúde, à produção agrícola e, consequentemente, à segurança alimentar. A denúncia de Sheila Lemos também coloca em xeque a postura dos sindicatos e parlamentares, que parecem alheios a uma questão de tamanha gravidade. O silêncio desses representantes eleitos é ensurdecedor e revela um afastamento preocupante de suas responsabilidades para com o povo que os elegeu.

A luta da prefeita para reverter essa decisão em Brasília é louvável, mas também reflete a dura realidade de um governo federal que parece desconectado das necessidades mais básicas de seus cidadãos. A mobilização das equipes da secretaria de agricultura e da Defesa Civil pela prefeitura, para operar em regime de plantão inclusive nos feriados, é um esforço hercúleo que merece reconhecimento. No entanto, essa situação deveria servir como um chamado à ação mais ampla e coordenada, exigindo uma resposta rápida e eficaz das autoridades competentes.

Deixar a população rural sem água é um ato inadmissível em qualquer circunstância, mas fazê-lo em um período tão significativo para a cultura local é um desrespeito profundo. Essa crise hídrica é mais do que um problema local; é um reflexo da fragilidade da nossa democracia e da necessidade urgente de uma reavaliação das prioridades governamentais.

É imperativo que o governo federal reassuma suas responsabilidades e restabeleça o fornecimento adequado de água para essas comunidades. Além disso, sindicatos e parlamentares devem ser pressionados a atuar de maneira mais efetiva e transparente. A população rural de Vitória da Conquista e de todo o Brasil merece mais do que a negligência; merece respeito, atenção e ações concretas que garantam sua sobrevivência e dignidade.