E se eu pudesse retornar no tempo com toda experiência que tenho hoje, plantaria sementes de verdades, sementes do amor e arrancaria com minhas próprias mãos o joio da mentira e da maldade do racismo e do preconceito que se espalharam pelo mundo nestes últimos anos.
E se o bom Deus me desse esta dádiva? Ah! Eu buscaria errar menos e seria mais humilde. Pediria mais perdão e tentaria dividir mais o pão.
E se eu tivesse descoberto a força da minha fé antes de ter deixado os ministérios? Transformaria os desencantos do meu povo em melodias de alegrias, enxugaria as lágrimas da minha gente e estancaria o sofrimento no seu nascedouro.
Confesso aos senhores, se pudesse retornar; teria passado mais tempo com meus pais e minhas irmãs para viver experiências singelas que os anos de militância política e a boemia própria da juventude me roubaram.
Se eu pudesse retornar no tempo eu buscaria viver com mais intensidade e com mais calor a minha infância, o cheiro de jasmim que brotava da frente da casa e que minha mãe tanto gostava, e apreciaria com calma o bailet que era a caminhada das Irmãs Mercedárias da Caridade. Chegando a igreja no final da tarde. Buscaria entender nosso papel naquela sociedade.
Se eu pudesse retornar ao tempo eu buscaria ser mais presente, e responsável com tudo que o bom Deus me confiou.
Como não posso voltar no tempo, procuro plantar meu jardim e decorar minha alma, ao invés de esperar que alguém me traga flores. Foi desta forma, que descobri minha finitude e consegui suportar minha pequenez. Assim, por saber que não posso voltar no tempo, tento não perder a oportunidade de passar meu tempo com minha esposa e participar do crescimento das minhas filhas e nem deixar de fazer parte das suas alegrias.
Padre Carlos