A celebração da Epifania nos convida a contemplar um dos momentos mais belos e profundos da história da salvação: a manifestação de Jesus ao mundo. Neste domingo, a Igreja nos recorda que o Menino de Belém não veio apenas para os que estavam próximos, mas para todos os povos, até os mais distantes. A estrela que brilhou no Oriente e guiou os Magos é o símbolo dessa luz divina que resplandece para todos e nos chama a sair das trevas para caminhar na direção da verdadeira luz.
Os Magos representam cada um de nós. Eles não eram apenas homens de ciência, mas buscadores de algo maior, homens cujos corações ansiavam pelo encontro com o amor verdadeiro. Como disse o Papa Francisco, “eles se colocaram a caminho em busca do Rei que nasceu”. Esse caminho, contudo, exigiu deles coragem, humildade e a disposição de seguir um itinerário diferente — o caminho do amor e da verdade.
A narrativa dos Magos nos ensina algo essencial: o encontro com Cristo transforma. Quando chegaram a Belém, encontraram não um palácio ou um rei poderoso aos olhos do mundo, mas um Menino pobre, envolto em panos e acolhido em uma manjedoura. E ali, diante da fragilidade do Verbo encarnado, os Magos ofereceram seus presentes — ouro, incenso e mirra — símbolos de suas vidas entregues ao serviço do Rei eterno. Após o encontro, voltaram por outro caminho, não apenas geograficamente, mas espiritualmente: seus corações foram transformados.
A Luz que Dissipa as Trevas
A Epifania nos recorda que a luz de Cristo continua a brilhar, mesmo em meio às trevas do mundo. No entanto, como no tempo dos Magos, essa luz não é percebida por todos. Herodes, tomado pelo medo e pela insegurança, representa a resistência do coração humano à soberania de Deus. Quantas vezes, em nossas vidas, damos espaço a “Herodes” interiores, deixando que o temor e as falsas seguranças nos afastem da verdadeira alegria do amor divino!
Deus, porém, nos chama à conversão, a trocar os caminhos da ilusão pelo itinerário do amor. “Ergue-te, Jerusalém, e sê iluminada” (Is 60,1). Essa exortação do profeta Isaías é um convite a deixarmos as trevas do pecado e abraçarmos a luz de Cristo, que ilumina não apenas a história da humanidade, mas também os recantos mais profundos do nosso coração.
O Caminho da Conversão
Seguir a estrela de Belém significa abraçar um caminho de mudança. Assim como os Magos, somos chamados a deixar para trás os falsos brilhos deste mundo — os ídolos da vaidade, do poder e do egoísmo — e nos deixar guiar pela luz humilde e discreta do amor de Deus. Essa luz não força, não impõe, mas convida com ternura e paciência. É um amor silencioso, mas incontido, que resplandece no rosto do Menino de Belém.
O Papa Francisco nos lembra que, para encontrar Jesus, precisamos percorrer “o caminho do amor humilde” e perseverar nele. Não se trata de uma jornada fácil, mas de uma peregrinação diária, em que somos chamados a olhar além de nossas limitações e a reconhecer a presença de Deus nas pequenas coisas.
Seguir a Estrela Hoje
A estrela de Belém continua a brilhar. Ela nos guia, ainda hoje, para o encontro com o Deus vivo. Porém, para percebê-la, precisamos de olhos de fé e de um coração simples. O Natal é tempo de lançar fora as falsas luzes que nos distraem e enganam, é tempo de renovar nosso compromisso com Cristo, que é “a luz verdadeira que ilumina todo homem” (Jo 1,9).
Que a Virgem Maria, a Mãe que nos deu o Salvador, nos ensine a seguir a estrela de Belém com humildade e confiança. Que ela nos inspire a amar o Senhor com um amor que exige conversão, entrega e fé.
Neste tempo de graça, ouçamos o chamado de Deus, que nos tira das trevas e nos envolve com Seu amor infinito. Sim, queremos seguir a estrela de Belém! Queres também?
Padre Carlos