Política e Resenha

TRAGÉDIA EM DIAS D’ÁVILA: CORPO DE ADOLESCENTE ARANCADA POR ENXURRADA É ENCONTRADO EM BUEIRO ABERTO

O desfecho do desaparecimento de Amanda Max Teles da Silva, de apenas 12 anos, chocou Dias D’Ávila e toda a Região Metropolitana de Salvador. Na manhã desta sexta-feira (29), o corpo da adolescente foi encontrado após uma incansável operação de buscas iniciada na quarta-feira (27). Amanda havia sido tragicamente arrastada por uma forte enxurrada ao voltar da escola e caiu em um bueiro sem proteção, na Avenida Lauro de Freitas, em frente à instituição onde estudava.

O acidente foi registrado por câmeras de segurança e mostrou o exato momento em que Amanda tropeça na água e é sugada pela tubulação. Desde então, equipes do Corpo de Bombeiros, com apoio da Defesa Civil, cães farejadores e tecnologia de inspeção de galerias subterrâneas, se mobilizaram em busca da jovem. Na quinta-feira (28), a mochila de Amanda foi localizada a cerca de 2 km do ponto da queda, mas a descoberta trouxe pouco alívio em meio à dor crescente da família e da comunidade.

Bueiro aberto e a responsabilidade negligenciada

O local do acidente, um bueiro sem grade de proteção, expôs uma realidade assustadora: negligência com a manutenção de áreas públicas. A prefeitura de Dias D’Ávila confirmou que o bueiro estava aberto e prometeu providências imediatas para fechar o local após a conclusão das buscas.

Porém, a tragédia gerou um impasse entre diferentes esferas de gestão pública. Enquanto a prefeitura alega que o trecho é de responsabilidade do governo estadual e do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), órgãos estaduais e federais se eximem do caso ou trocam acusações sobre quem deveria cuidar da manutenção.

Indignação e comoção popular

A morte de Amanda não é apenas um retrato de descuido, mas também um alerta sobre a precariedade da infraestrutura urbana em áreas com alta vulnerabilidade durante chuvas intensas. Moradores da região protestaram, cobrando mais ações preventivas, manutenção de vias e punições para os responsáveis.

“Isso não é só uma tragédia, é um crime anunciado. Quantas Amandas mais precisam morrer para que os governantes façam algo?”, desabafou Márcia Silva, vizinha da família da adolescente, durante uma vigília em memória da jovem.

Promessas e suporte à família

A prefeitura declarou profundo pesar e informou que uma equipe de psicólogos e assistentes sociais está acompanhando a família de Amanda. Também reafirmou o compromisso de revisar toda a estrutura de drenagem na cidade para evitar que incidentes semelhantes ocorram no futuro.

No entanto, para muitos, as ações parecem tardias. A fatalidade escancarou a ausência de políticas preventivas e manutenção de equipamentos públicos que deveriam proteger os cidadãos, especialmente os mais vulneráveis, como crianças.

Enquanto a família de Amanda chora sua perda irreparável, Dias D’Ávila reflete sobre o peso da negligência e o preço alto que uma cidade paga quando a vida de uma jovem é ceifada por um descuido evitável. A tragédia, amplamente repercutida, é um doloroso lembrete: infraestrutura negligenciada é uma tragédia anunciada.