Política e Resenha

Um “Presente de Grego” que Vitória da Conquista Não Pode Aceitar: A Saúde Não Pode Ser Refém de Promessas Vazias (Padre Carlos)

 

 

 

A recente proposta de Rui Costa para a saúde de Vitória da Conquista soa, a princípio, como uma boa notícia. Um novo hospital, a promessa de ampliar o acesso, de desafogar o Hospital Regional. Mas, sob a superfície do otimismo, reside uma armadilha perigosa, um “presente de grego” que pode comprometer o futuro da saúde na cidade.

É fundamental deixar claro: a responsabilidade pela manutenção de um sistema de saúde de alta complexidade, como um hospital, é do governo estadual. A prefeitura, por mais que se esforce, não possui a estrutura financeira e administrativa para arcar com os custos operacionais e de manutenção de um hospital. Desviar recursos da saúde básica, que é a espinha dorsal de qualquer sistema de saúde eficiente, para sustentar um hospital municipal seria um erro estratégico com consequências devastadoras para a população.

O Estado, e somente o Estado, tem a capacidade de investir na ampliação do acesso à saúde, de construir e administrar um hospital regional que atenda não apenas a Vitória da Conquista, mas a toda a região Sudoeste. Se o governo estadual reconhece a necessidade de uma nova unidade hospitalar, que a construa e a opere. A prefeitura, por sua vez, deve se concentrar em fortalecer a atenção primária, em garantir que cada cidadão tenha acesso a um médico, a um posto de saúde bem equipado, a programas de prevenção e promoção da saúde.

A situação do Hospital Esaú Matos é emblemática. Antes de discutir a construção de um novo hospital, é urgente salvar o existente. O hospital municipal clama por socorro, por investimentos que garantam a sua continuidade e a qualidade dos serviços prestados. Ignorar essa realidade, em favor de um projeto que transfere a responsabilidade para o município, é uma demonstração de falta de compromisso com a saúde da população.

Em um cenário político frequentemente marcado pela polarização, é crucial que a saúde pública seja tratada como prioridade, acima de interesses partidários. A cooperação entre os entes federativos é fundamental, mas essa cooperação não pode se traduzir na transferência de responsabilidades que o município não pode arcar.

Precisamos de ações concretas, de investimentos que realmente melhorem a vida das pessoas. Não podemos aceitar promessas vazias, que mascaram a falta de compromisso do governo estadual com a saúde da população de Vitória da Conquista. Que o Estado construa o hospital, que o administre, e que a prefeitura possa, finalmente, se dedicar à saúde básica, garantindo um futuro mais saudável para todos.

A saúde não pode ser moeda de troca política. A saúde é um direito fundamental, e é responsabilidade do Estado garantir o seu acesso a todos os cidadãos. E, em Vitória da Conquista, essa responsabilidade é, inegavelmente, do governo estadual.