Política e Resenha

Vitória da Conquista e a Urgência de um Debate sobre Segurança Pública

 

 

 

O domingo, 29 de setembro, deveria ter sido mais um dia de lazer e convivência social em Vitória da Conquista, especialmente em um dos seus pontos turísticos mais icônicos, a Lagoa das Bateias. No entanto, a tranquilidade do local foi violentamente interrompida por um episódio que escancara a urgência de repensarmos nossa política de segurança pública. Lázaro, jovem morador do bairro Cidade Modelo, foi baleado em plena luz do dia durante um evento na Lagoa, evidenciando uma crescente onda de violência que atinge a cidade.

É impossível ignorar o simbolismo desse evento trágico. A Lagoa das Bateias, que deveria ser um espaço de lazer, de contato com a natureza e de fortalecimento do convívio comunitário, se transforma, em casos como esse, em palco de violência. A ferida aberta pela bala que atingiu Lázaro, socorrido pelo Samu 192 e levado ao Hospital de Base, não é apenas física. Ela representa o medo que paira sobre a cidade, a sensação de insegurança que se instala nos nossos espaços públicos, comprometendo o direito de ir e vir.

Infelizmente, o caso de Lázaro não é isolado. A violência urbana é um problema estrutural que afeta diversas cidades brasileiras, e Vitória da Conquista, mesmo com seus avanços econômicos e sociais, não escapa dessa realidade. As investigações da Polícia Civil continuam, mas até o momento, ninguém foi preso, o que reforça uma sensação de impotência diante de um sistema que muitas vezes parece incapaz de responder à altura.

A violência, em suas várias formas, é fruto de um caldo social complexo, que envolve desde a precariedade econômica até a ausência de políticas públicas eficazes de prevenção e controle. O bairro Cidade Modelo, de onde Lázaro é oriundo, representa um microcosmo dessa realidade. É uma região que, assim como várias outras em Conquista, convive com desafios sociais como o desemprego, a falta de oportunidades e a carência de serviços públicos básicos. Esses fatores, combinados, criam um cenário onde a violência se torna uma constante.

Mas não basta apontar os problemas sem pensar em soluções. Se queremos um futuro diferente para nossa cidade, é necessário um debate profundo sobre segurança pública, que vá além do mero aumento do contingente policial. Precisamos de políticas integradas que incluam educação, cultura, esporte e lazer como alternativas ao crime. A ocupação dos espaços públicos por atividades que promovam a cidadania é uma das chaves para transformar a realidade.

A Lagoa das Bateias, especificamente, deveria ser um espaço mais valorizado pelo poder público, com eventos culturais e esportivos que ocupem e revitalizem o ambiente, tornando-o um ponto de encontro positivo para os jovens e as famílias. A presença constante da polícia comunitária, aliada a ações sociais, pode ajudar a devolver à Lagoa o seu papel de protagonista no lazer da cidade, afastando a criminalidade.

Por outro lado, a impunidade também precisa ser combatida. A resposta ao crime que vitimou Lázaro deve ser rápida e efetiva. A sociedade conquistaense precisa ver resultados nas investigações, sentir que as autoridades estão comprometidas em não deixar que esse tipo de ato violento se torne rotineiro. Quando crimes como esse passam sem resolução, o recado que se dá é o de que a violência pode imperar sem consequências, algo que nenhum de nós pode aceitar.

É preciso, por fim, lembrar que a violência não é um problema isolado de segurança, mas de saúde pública, educação e desenvolvimento social. Cada vez que alguém é atingido por uma bala em Vitória da Conquista, é toda a cidade que sofre, é o nosso senso de comunidade que é ferido. A construção de uma cidade mais segura passa pela construção de uma sociedade mais justa, onde os jovens tenham oportunidades e os espaços públicos sejam lugares de convivência, e não de medo.

O caso de Lázaro é mais um alerta. Cabe a nós, enquanto sociedade, exigir que ele não seja apenas mais um número nas estatísticas da violência, mas o ponto de partida para uma transformação que Vitória da Conquista tanto precisa.