{"id":11501,"date":"2024-10-31T10:19:48","date_gmt":"2024-10-31T13:19:48","guid":{"rendered":"https:\/\/politicaeresenha.com.br\/?p=11501"},"modified":"2024-10-31T10:19:48","modified_gmt":"2024-10-31T13:19:48","slug":"artigo-lula-e-a-nova-rota-da-seda-astucia-e-ginga-na-rota-da-china-padre-carlos","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/politicaeresenha.com.br\/artigo-lula-e-a-nova-rota-da-seda-astucia-e-ginga-na-rota-da-china-padre-carlos\/","title":{"rendered":"ARTIGO – Lula e a Nova Rota da Seda: Ast\u00facia e Ginga na Rota da China (Padre Carlos)"},"content":{"rendered":"
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O Brasil, ao longo de sua hist\u00f3ria, sempre soube aproveitar as tens\u00f5es globais em benef\u00edcio pr\u00f3prio, movendo-se com a habilidade de um jogador de futebol brasileiro, cheio de ginga e estrat\u00e9gia. O presidente Lula parece estar resgatando essa tradi\u00e7\u00e3o, agindo com uma ast\u00facia que lembra o pragmatismo de Get\u00falio Vargas durante a Segunda Guerra Mundial. Em tempos conturbados, Vargas explorou com maestria a rivalidade entre os Estados Unidos e a Alemanha, extraindo um empr\u00e9stimo de vinte milh\u00f5es de d\u00f3lares dos americanos para a constru\u00e7\u00e3o da Companhia Sider\u00fargica Nacional (CSN). Naquele contexto, Vargas soube manobrar com habilidade para conseguir o que o Brasil precisava: desenvolvimento industrial e uma independ\u00eancia estrat\u00e9gica em \u00e1reas cruciais.<\/p>\n
Hoje, Lula est\u00e1 frente a um cen\u00e1rio semelhante, onde a China desponta com a “Nova Rota da Seda” \u2014 uma iniciativa ambiciosa de integra\u00e7\u00e3o econ\u00f4mica e geopol\u00edtica. Xi Jinping tem avan\u00e7ado em sua pol\u00edtica de investimento em infraestrutura e tecnologia em mais de cento e cinquenta pa\u00edses, conectando \u00c1sia, \u00c1frica, Europa e Am\u00e9rica Latina. Para o Brasil, essa \u00e9 uma oportunidade hist\u00f3rica de fortalecer o com\u00e9rcio, mas principalmente de avan\u00e7ar em transfer\u00eancia de tecnologia, algo que vai muito al\u00e9m de exporta\u00e7\u00f5es de commodities e gera uma rela\u00e7\u00e3o de independ\u00eancia estrat\u00e9gica. Lula e seu assessor Celso Amorim est\u00e3o agindo com cautela ao n\u00e3o formalizar uma ades\u00e3o completa ao projeto, preferindo negociar “sinergias” com o gigante asi\u00e1tico, evitando compromissos r\u00edgidos que poderiam limitar nossa autonomia.<\/p>\n
Como Vargas, Lula sabe que uma alian\u00e7a estrat\u00e9gica n\u00e3o significa submiss\u00e3o. Get\u00falio, em um per\u00edodo de ditadura e em plena guerra, manteve-se inicialmente neutro e ainda continuou negociando com ambos os lados do conflito. Ele entendeu que a guerra entre as pot\u00eancias era uma oportunidade para o Brasil, e que, se bem conduzido, o pa\u00eds poderia emergir com uma base industrial s\u00f3lida e uma posi\u00e7\u00e3o respeit\u00e1vel no cen\u00e1rio internacional. Com a Nova Rota da Seda, Lula v\u00ea a possibilidade de fazer o mesmo: explorar a rivalidade global, mantendo-se fiel aos interesses nacionais, mas sem fechar portas. Essa postura firme e estrategicamente amb\u00edgua \u00e9 a chave para tirar o m\u00e1ximo proveito da rela\u00e7\u00e3o com a China.<\/p>\n
Na era de Vargas, o que estava em jogo era a siderurgia, essencial para o desenvolvimento nacional e para o fortalecimento do Brasil como um player no cen\u00e1rio internacional. Hoje, \u00e9 a tecnologia de ponta que interessa. Precisamos de muito mais do que pontes e estradas, precisamos de know-how em energias renov\u00e1veis, ve\u00edculos el\u00e9tricos, intelig\u00eancia artificial e infraestrutura digital. A proposta do Brasil de coopera\u00e7\u00e3o nas \u00e1reas de infraestrutura, energia solar e ve\u00edculos h\u00edbridos \u00e9 um passo nessa dire\u00e7\u00e3o, e deixa claro que n\u00e3o queremos ser apenas compradores, mas parceiros de desenvolvimento.<\/p>\n
\u00c9 fundamental que o governo brasileiro continue agindo com essa sagacidade, evitando compromissos formais que possam aprisionar o pa\u00eds em uma alian\u00e7a r\u00edgida e que possam comprometer nossa soberania. Lula e sua equipe t\u00eam a oportunidade de criar uma rela\u00e7\u00e3o estrat\u00e9gica com a China que leve em considera\u00e7\u00e3o o potencial de desenvolvimento tecnol\u00f3gico e que ajude o Brasil a reduzir suas depend\u00eancias e fortalecer suas ind\u00fastrias. Como Get\u00falio, que no meio da tens\u00e3o global soube se aproveitar das oportunidades, Lula precisa garantir que cada passo seja pensado com o desenvolvimento do Brasil em mente, usando a Rota da Seda n\u00e3o como um fim, mas como um meio para alcan\u00e7ar nossa pr\u00f3pria rota\u00a0para\u00a0o\u00a0futuro.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
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