![\"\"](\"http:\/\/politicaeresenha.com.br\/wp-content\/uploads\/2025\/01\/Apresentacao-Educacional-Geografia-Humana-Desenhado-a-Mao-Verde-escuro-2.png\")
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Em um cen\u00e1rio geopol\u00edtico cada vez mais complexo, as recentes declara\u00e7\u00f5es do ex-presidente Donald Trump sobre a Groenl\u00e2ndia soam como um inquietante press\u00e1gio do que pode estar por vir. A proposta de “comprar” um territ\u00f3rio soberano n\u00e3o \u00e9 apenas um devaneio diplom\u00e1tico, mas um perigoso precedente que amea\u00e7a os fundamentos da ordem internacional estabelecida ap\u00f3s a Segunda Guerra Mundial.<\/p>\n
Quando um l\u00edder pol\u00edtico da maior pot\u00eancia mundial sugere casualmente a aquisi\u00e7\u00e3o de territ\u00f3rios estrangeiros como se fossem mercadorias em uma prateleira, n\u00e3o estamos apenas diante de uma gafe diplom\u00e1tica. Testemunhamos a manifesta\u00e7\u00e3o de uma mentalidade neocolonialista que pens\u00e1vamos ter ficado no s\u00e9culo XIX, \u00e9poca em que na\u00e7\u00f5es eram negociadas em mesas de gabinete europeus.<\/p>\n
A quest\u00e3o transcende a Groenl\u00e2ndia. O mesmo racioc\u00ednio predat\u00f3rio poderia facilmente voltar-se para outras regi\u00f5es estrat\u00e9gicas do planeta, como a Amaz\u00f4nia brasileira. Nossa floresta, al\u00e9m de seu valor ambiental incalcul\u00e1vel, representa um ativo geopol\u00edtico cobi\u00e7ado internacionalmente por seus recursos naturais, biodiversidade e reservas h\u00eddricas.<\/p>\n
As declara\u00e7\u00f5es sobre o Canal do Panam\u00e1 e o Canad\u00e1 seguem a mesma l\u00f3gica perturbadora. O Canal, art\u00e9ria vital do com\u00e9rcio internacional, n\u00e3o pode ser objeto de disputas hegem\u00f4nicas sem graves consequ\u00eancias para a economia global. Quanto ao Canad\u00e1, a ret\u00f3rica agressiva mina d\u00e9cadas de coopera\u00e7\u00e3o norte-americana e demonstra como at\u00e9 aliados hist\u00f3ricos n\u00e3o est\u00e3o imunes a amea\u00e7as veladas.<\/p>\n
Este momento exige uma resposta firme da comunidade internacional. A soberania nacional n\u00e3o \u00e9 um conceito negoci\u00e1vel, mas um pilar fundamental das rela\u00e7\u00f5es entre Estados. Pa\u00edses em desenvolvimento, em particular, precisam fortalecer suas institui\u00e7\u00f5es e articular alian\u00e7as estrat\u00e9gicas para resistir a press\u00f5es externas que visem fragilizar sua autonomia.<\/p>\n
O Brasil, como pot\u00eancia regional e guardi\u00e3o da maior floresta tropical do planeta, tem papel crucial neste debate. Nossa diplomacia deve ser proativa em defender n\u00e3o apenas nossos interesses, mas tamb\u00e9m o princ\u00edpio universal da autodetermina\u00e7\u00e3o dos povos. A hist\u00f3ria nos ensina que a passividade diante de amea\u00e7as \u00e0 soberania pode ter consequ\u00eancias devastadoras.<\/p>\n
Em um mundo onde interesses econ\u00f4micos frequentemente se sobrep\u00f5em a princ\u00edpios diplom\u00e1ticos, devemos reafirmar que territ\u00f3rios n\u00e3o est\u00e3o \u00e0 venda, que povos n\u00e3o s\u00e3o mercadorias, e que a soberania nacional permanece como valor inegoci\u00e1vel na constru\u00e7\u00e3o de uma ordem internacional mais justa e equilibrada.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
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