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A posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos foi marcada por declara\u00e7\u00f5es que evidenciam uma vis\u00e3o de mundo polarizadora e, em muitos aspectos, problem\u00e1tica para as rela\u00e7\u00f5es internacionais. Entre suas afirma\u00e7\u00f5es controversas, uma se destacou: “N\u00f3s n\u00e3o precisamos deles”, em refer\u00eancia ao Brasil e \u00e0 Am\u00e9rica Latina. Tal postura reflete n\u00e3o apenas uma ret\u00f3rica de superioridade, mas tamb\u00e9m um desprezo estrat\u00e9gico por regi\u00f5es que desempenham pap\u00e9is importantes na geopol\u00edtica global.<\/p>\n
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Uma Vis\u00e3o de Superioridade<\/strong><\/p>\n N\u00e3o \u00e9 incomum que pot\u00eancias mundiais tratem outras na\u00e7\u00f5es com uma certa arrog\u00e2ncia, mas a declara\u00e7\u00e3o de Trump eleva esse comportamento a um patamar que merece reflex\u00e3o. Quando um presidente dos Estados Unidos, pa\u00eds central para a estabilidade global, emite palavras que desvalorizam um continente inteiro, ele n\u00e3o s\u00f3 rebaixa as na\u00e7\u00f5es envolvidas, mas tamb\u00e9m compromete a diplomacia como ferramenta essencial para o di\u00e1logo e o progresso m\u00fatuo.<\/p>\n A frase de Trump n\u00e3o pode ser vista apenas como uma quest\u00e3o ideol\u00f3gica ou pol\u00edtica; ela revela uma vis\u00e3o de mundo que marginaliza povos e economias que n\u00e3o se encaixam no modelo “\u00fatil” de poder que ele preconiza. Trata-se de uma vis\u00e3o perigosa, pois ignora a complexa interdepend\u00eancia que define as rela\u00e7\u00f5es internacionais no s\u00e9culo XXI.<\/p>\n <\/p>\n A Ret\u00f3rica Protecionista<\/strong><\/p>\n A promessa de “America First”, acompanhada de barreiras tarif\u00e1rias e pol\u00edticas nacionalistas, n\u00e3o \u00e9 uma surpresa. No entanto, ao declarar que os Estados Unidos n\u00e3o precisam da Am\u00e9rica Latina, Trump ignora os la\u00e7os hist\u00f3ricos, econ\u00f4micos e culturais que unem os dois hemisf\u00e9rios. O Brasil, por exemplo, \u00e9 um dos maiores parceiros comerciais dos Estados Unidos na regi\u00e3o, al\u00e9m de ser uma pot\u00eancia agr\u00edcola e mineral.<\/p>\n Adotar uma postura de autossufici\u00eancia em um mundo globalizado \u00e9, no m\u00ednimo, ing\u00eanuo. Os Estados Unidos dependem de mercados como o brasileiro para escoar sua tecnologia e bens de consumo, ao passo que pa\u00edses da Am\u00e9rica Latina dependem das exporta\u00e7\u00f5es para sustentar suas economias. Esse equil\u00edbrio, embora desigual, \u00e9 necess\u00e1rio para o funcionamento da economia global.<\/p>\n <\/p>\n Implica\u00e7\u00f5es para a Am\u00e9rica Latina<\/strong><\/p>\n A fala de Trump n\u00e3o \u00e9 apenas um problema para os Estados Unidos, mas um alerta para os pa\u00edses da Am\u00e9rica Latina. Ela escancara a fragilidade de uma rela\u00e7\u00e3o que, por d\u00e9cadas, foi marcada pela depend\u00eancia. \u00c9 um convite para que na\u00e7\u00f5es latino-americanas repensem suas estrat\u00e9gias de desenvolvimento, buscando maior autonomia econ\u00f4mica e uma diversifica\u00e7\u00e3o de parcerias. A China, por exemplo, j\u00e1 desponta como um contrapeso importante \u00e0 influ\u00eancia norte-americana.<\/p>\n Mais do que isso, \u00e9 um chamado \u00e0 unidade regional. Em vez de competir entre si por migalhas, os pa\u00edses da Am\u00e9rica Latina precisam fortalecer alian\u00e7as como o Mercosul e a CELAC, de modo a negociar em bloco e ampliar sua relev\u00e2ncia no cen\u00e1rio internacional.<\/p>\n <\/p>\n Conclus\u00e3o<\/strong><\/p>\n O mundo est\u00e1 em constante transforma\u00e7\u00e3o, e a ret\u00f3rica de Donald Trump \u00e9 apenas um reflexo das tens\u00f5es que permeiam essa nova ordem global. No entanto, cabe a n\u00f3s, como observadores cr\u00edticos e cidad\u00e3os engajados, n\u00e3o apenas apontar os erros, mas tamb\u00e9m propor caminhos.<\/p>\n A declara\u00e7\u00e3o de Trump de que “n\u00e3o precisamos deles” \u00e9, na verdade, uma oportunidade disfar\u00e7ada. Ela nos convida a questionar o papel que desempenhamos no sistema global e a construir uma Am\u00e9rica Latina mais forte, unida e autossuficiente. Afinal, n\u00e3o \u00e9 a ret\u00f3rica que define um povo, mas suas a\u00e7\u00f5es e sua capacidade de se reinventar diante das adversidades.<\/p>\n <\/p>\n <\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" A posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos foi marcada por declara\u00e7\u00f5es que evidenciam uma vis\u00e3o de mundo polarizadora e, em muitos aspectos, problem\u00e1tica para as rela\u00e7\u00f5es internacionais. Entre suas afirma\u00e7\u00f5es contro<\/p>\n","protected":false},"author":3,"featured_media":14502,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[11],"tags":[3],"class_list":["post-14501","post","type-post","status-publish","format-standard","has-post-thumbnail","hentry","category-politica","tag-destaque"],"yoast_head":"\n