{"id":1645,"date":"2023-12-19T14:30:53","date_gmt":"2023-12-19T17:30:53","guid":{"rendered":"https:\/\/politicaeresenha.com.br\/?p=1645"},"modified":"2023-12-19T14:30:53","modified_gmt":"2023-12-19T17:30:53","slug":"como-jeronimo-rodrigues-conquistou-a-bahia","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/politicaeresenha.com.br\/como-jeronimo-rodrigues-conquistou-a-bahia\/","title":{"rendered":"Como Jer\u00f4nimo Rodrigues Conquistou a Bahia"},"content":{"rendered":"

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A decis\u00e3o do senador Wagner de n\u00e3o concorrer \u00e0 sucess\u00e3o na Bahia em 2022 marcou o in\u00edcio de uma reviravolta pol\u00edtica sem precedentes no estado. O cen\u00e1rio j\u00e1 se encontrava bastante conturbado, com s\u00e9rias tens\u00f5es entre o governador Rui Costa e embates com importantes partidos da base aliada do PT, como PP e PSD.<\/p>\n

O PT se via diante de sua campanha mais desafiadora dos \u00faltimos 20 anos na Bahia, tendo que enfrentar ACM Neto, membro de uma das mais influentes e tradicionais fam\u00edlias da pol\u00edtica baiana. Inicialmente, Wagner, eleito senador em 2018 com expressiva vota\u00e7\u00e3o, resistiu a uma nova candidatura ao governo do estado, por\u00e9m a r\u00e1pida deteriora\u00e7\u00e3o da base aliada fez com que reavaliasse sua posi\u00e7\u00e3o, visando manter a unidade partid\u00e1ria e n\u00e3o fragmentar de vez o campo progressista.<\/p>\n

A indefini\u00e7\u00e3o sobre a candidatura de Wagner oscilou bastante ao longo de 2021, refletindo as suas d\u00favidas pessoais e press\u00f5es familiares para que n\u00e3o entrasse novamente na disputa. A decis\u00e3o final do senador, comunicada apenas em janeiro de 2022, coincidiu com o aprofundamento de atritos pontuais com Rui Costa, revelando desgastes na rela\u00e7\u00e3o entre duas lideran\u00e7as fundamentais para a hegemonia petista no estado. A inicial desist\u00eancia anunciada como algo restrito ao PT logo acabou se espalhando para outros partidos da base, gerando intenso burburinho pol\u00edtico e especula\u00e7\u00f5es sobre poss\u00edveis alternativas ao projeto de sucess\u00e3o desenhado.<\/p>\n

A escolha inicial de Otto Alencar como pr\u00e9-candidato governista foi uma tentativa estrat\u00e9gica de ampliar alian\u00e7as em \u00e2mbito nacional, visando tamb\u00e9m suavizar questionamentos sobre a hegemonia petista na Bahia, mas essa alternativa logo enfrentou s\u00e9rios obst\u00e1culos com a postula\u00e7\u00e3o paralela de Jo\u00e3o Le\u00e3o, vice-governador, como nome do PP. As desist\u00eancias subsequentes de ambos levaram a uma r\u00e1pida defini\u00e7\u00e3o de tr\u00eas nomes poss\u00edveis para representar o projeto sucess\u00f3rio petista: Luiz Caetano, ent\u00e3o secret\u00e1rio estadual; Moema Gramacho, prefeita de Lauro de Freitas; e Jer\u00f4nimo Rodrigues, \u00e0 \u00e9poca completamente desconhecido da maioria absoluta do eleitorado baiano.<\/p>\n

A prefer\u00eancia inicial de Wagner era o lan\u00e7amento da candidatura de Moema Gramacho, que contava com apoio do PT em Lauro de Freitas e boa avalia\u00e7\u00e3o de seu mandato \u00e0 frente da importante cidade da Regi\u00e3o Metropolitana de Salvador. Por\u00e9m, esse nome logo se chocou com resist\u00eancias intrapartid\u00e1rias e avalia\u00e7\u00f5es desfavor\u00e1veis em pesquisas qualitativas. Rui Costa, por sua vez, via em Luiz Caetano a escolha natural para representar o bloco governista, em fun\u00e7\u00e3o de sua longa trajet\u00f3ria como quadro petista e sua atua\u00e7\u00e3o \u00e0 frente de pastas importantes do governo estadual, mas implica\u00e7\u00f5es de ordem legal inviabilizaram essa alternativa poucos dias antes do prazo final de inscri\u00e7\u00e3o no TSE. Foi nesse contexto de intensas turbul\u00eancias e contra o rel\u00f3gio que a quarta op\u00e7\u00e3o, Jer\u00f4nimo Rodrigues, ent\u00e3o pouco conhecido, emergiu quase como um candidato de consenso, por elimina\u00e7\u00e3o de demais alternativas.<\/p>\n

Essa surpreendente reviravolta na defini\u00e7\u00e3o do candidato governista na Bahia culminou no an\u00fancio quase inesperado do nome de Jer\u00f4nimo Rodrigues, ent\u00e3o secret\u00e1rio estadual do Desenvolvimento Rural, como cabe\u00e7a da chapa petista ao governo baiano. Sua hist\u00f3ria de origem humilde e homem do interior, aliada \u00e0 estrat\u00e9gia de campanha em buscar propositalmente o contraste com o perfil de ACM Neto, acabou se revelando bastante acertada. Nos meses seguintes, sob a coordena\u00e7\u00e3o dos principais caciques petistas locais, houve intensa articula\u00e7\u00e3o pol\u00edtica para reunificar a base aliada, superar as turbul\u00eancias e fortalecer a campanha petista. ACM Neto despontou inicialmente como favorito isolado, mas alguns erros em sua campanha e o forte avan\u00e7o da candidatura presidencial de Lula na reta final impulsionaram de forma inesperada a candidatura antes pouco conhecida de Jer\u00f4nimo Rodrigues.<\/p>\n

No segundo turno, para surpresa de analistas e observadores pol\u00edticos, Jer\u00f4nimo Rodrigues acabou sendo eleito o novo governador da Bahia, encerrando uma longa e conturbada campanha eleitoral marcada por sucessivas reviravoltas e consolidando a hegemonia petista com a conquista do quinto mandato consecutivo \u00e0 frente do executivo baiano. Esse resultado apertado destaca a import\u00e2ncia de decis\u00f5es estrat\u00e9gicas assertivas em contextos pol\u00edticos complexos e imprevis\u00edveis, evidenciando mais uma vez a not\u00e1vel habilidade do PT baiano em se adaptar e reagir diante dos mais variados desafios eleitorais, mesmo quando tudo parecia conjurar contra suas chances de vit\u00f3ria.<\/p>\n<\/div>\n

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