{"id":16903,"date":"2025-03-31T07:57:40","date_gmt":"2025-03-31T10:57:40","guid":{"rendered":"https:\/\/politicaeresenha.com.br\/?p=16903"},"modified":"2025-03-31T07:59:07","modified_gmt":"2025-03-31T10:59:07","slug":"o-colapso-da-oposicao-baiana-uma-ameaca-a-nossa-democracia","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/politicaeresenha.com.br\/o-colapso-da-oposicao-baiana-uma-ameaca-a-nossa-democracia\/","title":{"rendered":"O COLAPSO DA OPOSI\u00c7\u00c3O BAIANA: UMA AMEA\u00c7A \u00c0 NOSSA DEMOCRACIA"},"content":{"rendered":"
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\u00c9 com profunda preocupa\u00e7\u00e3o c\u00edvica que observo o atual cen\u00e1rio pol\u00edtico da Bahia. O que testemunhamos n\u00e3o \u00e9 apenas uma dan\u00e7a de cadeiras ou meras articula\u00e7\u00f5es pol\u00edticas \u2014 \u00e9 o gradual desmantelamento de um pilar fundamental da nossa democracia: a oposi\u00e7\u00e3o.<\/p>\n
Quando prefeitos de cidades do porte de Feira de Santana e Jequi\u00e9, historicamente pilares da oposi\u00e7\u00e3o, ensaiam movimentos de aproxima\u00e7\u00e3o com o governo estadual, precisamos refletir sobre as consequ\u00eancias deste fen\u00f4meno para al\u00e9m das conveni\u00eancias pol\u00edticas moment\u00e2neas.<\/p>\n
Jos\u00e9 Ronaldo, em seu quinto mandato como prefeito de Feira de Santana, parece agora flertar com o governo de Jer\u00f4nimo Rodrigues. Simultaneamente, Z\u00e9 Coc\u00e1, de Jequi\u00e9, reaproxima-se de Rui Costa ap\u00f3s o rompimento de 2022. O que est\u00e1 em jogo aqui n\u00e3o s\u00e3o apenas as carreiras pol\u00edticas destes gestores, mas o pr\u00f3prio equil\u00edbrio democr\u00e1tico do estado.<\/p>\n
Se confirmado o abandono de ACM Neto por estes importantes quadros, o que restar\u00e1 da oposi\u00e7\u00e3o baiana? Uma estrutura esvaziada, sem capilaridade nos grandes centros do interior e, consequentemente, sem a for\u00e7a necess\u00e1ria para exercer seu papel fiscalizador e propositivo.<\/p>\n
N\u00e3o podemos normalizar uma democracia de fachada! Uma oposi\u00e7\u00e3o fraca significa um governo sem vigil\u00e2ncia efetiva, sem contrapontos necess\u00e1rios, sem o saud\u00e1vel embate de ideias que aprimora pol\u00edticas p\u00fablicas. \u00c9 como um jogo de futebol com apenas um time em campo \u2014 previs\u00edvel, mon\u00f3tono e tendente ao autoritarismo.<\/p>\n
\u00c9 compreens\u00edvel que prefeitos busquem proximidade com governos estaduais visando benef\u00edcios para seus munic\u00edpios. Entretanto, quando esta rela\u00e7\u00e3o ultrapassa o institucional e se converte em alinhamento pol\u00edtico, corremos o risco de transformar o estado em um imenso curral eleitoral, onde convic\u00e7\u00f5es ideol\u00f3gicas e projetos alternativos de governo s\u00e3o sacrificados no altar das conveni\u00eancias.<\/p>\n
Z\u00e9 Coc\u00e1 declarou: “Nunca vou dizer que dessa \u00e1gua n\u00e3o beberei. Quem ajudar Jequi\u00e9, com certeza ter\u00e1 nosso reconhecimento.” Esta declara\u00e7\u00e3o, embora pragm\u00e1tica, revela uma vis\u00e3o utilitarista da pol\u00edtica que amea\u00e7a o pluralismo democr\u00e1tico.<\/p>\n
Ao mesmo tempo, o Partido dos Trabalhadores enfrenta seu pr\u00f3prio desafio: como conciliar os contrastes e os jogos de interesses em uma base cada vez mais heterog\u00eanea? A atra\u00e7\u00e3o de quadros historicamente opositores, se por um lado fortalece numericamente o grupo governista, por outro cria uma colcha de retalhos ideol\u00f3gica de dif\u00edcil gest\u00e3o.<\/p>\n
O PT, que construiu sua trajet\u00f3ria como for\u00e7a de oposi\u00e7\u00e3o combativa, agora se v\u00ea no papel de absorver figuras com as quais disputou arduamente no passado. Esta din\u00e2mica pode resultar em um governo sem coer\u00eancia program\u00e1tica, movido apenas pela manuten\u00e7\u00e3o do poder a qualquer custo.<\/p>\n
Cidad\u00e3os baianos, \u00e9 hora de questionar: embarcaremos nesta onda de coopta\u00e7\u00e3o e enfraquecimento da oposi\u00e7\u00e3o? Aceitaremos passivamente a consolida\u00e7\u00e3o de um estado politicamente homog\u00eaneo, onde o debate se esvazia e as alternativas desaparecem?<\/p>\n
A responsabilidade recai sobre n\u00f3s, eleitores. \u00c9 preciso valorizar a coer\u00eancia pol\u00edtica, cobrar posicionamentos claros e rejeitar o pragmatismo oportunista que corrompe nosso sistema pol\u00edtico. Precisamos resgatar o valor da oposi\u00e7\u00e3o respons\u00e1vel, que fiscaliza sem obstruir, que critica com prop\u00f3sito construtivo.<\/p>\n
Em meio ao preocupante cen\u00e1rio de enfraquecimento da oposi\u00e7\u00e3o na Bahia, dois nomes emergem como s\u00edmbolos de resist\u00eancia \u00e0 pol\u00edtica de coopta\u00e7\u00e3o do governo estadual: Bruno Reis, prefeito de Salvador, e Sheila Lemos, prefeita de Vit\u00f3ria da Conquista.<\/p>\n
Enquanto figuras hist\u00f3ricas da oposi\u00e7\u00e3o, como Jos\u00e9 Ronaldo de Feira de Santana e Z\u00e9 Coc\u00e1 de Jequi\u00e9, flertam com o governo de Jer\u00f4nimo Rodrigues e Rui Costa, sacrificando convic\u00e7\u00f5es em nome de pragmatismo, Reis e Lemos mant\u00eam-se firmes em suas posi\u00e7\u00f5es. Eles honram as aspira\u00e7\u00f5es de seus eleitores e as bandeiras pelas quais foram eleitos, rejeitando press\u00f5es para se alinhar ao poder estadual em troca de benef\u00edcios.<\/p>\n
Essa postura n\u00e3o s\u00f3 preserva a ess\u00eancia de uma oposi\u00e7\u00e3o vigilante e necess\u00e1ria ao equil\u00edbrio democr\u00e1tico, mas tamb\u00e9m oferece um contraponto ao risco de homogeneiza\u00e7\u00e3o pol\u00edtica, reacendendo a esperan\u00e7a de um debate plural e robusto que fortale\u00e7a a democracia baiana.<\/p>\n
Uma democracia saud\u00e1vel necessita de altern\u00e2ncia de poder, de pluralismo de ideias e de institui\u00e7\u00f5es fortes. Quando a oposi\u00e7\u00e3o se fragiliza, toda a sociedade perde. O governo perde o est\u00edmulo para aprimorar suas pol\u00edticas, a imprensa perde sua capacidade fiscalizadora e o cidad\u00e3o perde seu poder de escolha.<\/p>\n
A Bahia merece mais que um jogo de cartas marcadas. Merece um debate pol\u00edtico vigoroso, onde diferentes projetos de estado possam ser apresentados e discutidos com transpar\u00eancia e respeito \u00e0s diferen\u00e7as.<\/p>\n
Precisamos, com urg\u00eancia, resgatar o valor da pol\u00edtica como instrumento de transforma\u00e7\u00e3o social, e n\u00e3o como mera ferramenta de perpetua\u00e7\u00e3o no poder. A democracia baiana precisa de oxig\u00eanio, e este s\u00f3 vir\u00e1 de uma oposi\u00e7\u00e3o atuante, propositiva e coerente.<\/p>\n
O caminho \u00e9 \u00e1rduo, mas necess\u00e1rio. Nosso compromisso com as futuras gera\u00e7\u00f5es exige que n\u00e3o nos conformemos com menos que uma democracia plena, vibrante e aut\u00eantica.<\/p>\n
\u00c9 com profunda preocupa\u00e7\u00e3o c\u00edvica que observo o atual cen\u00e1rio pol\u00edtico da Bahia. O que testemunhamos n\u00e3o \u00e9 apenas uma dan\u00e7a de cadeiras ou meras articula\u00e7\u00f5es pol\u00edticas \u2014 \u00e9 o gradual desmantelamento de um pilar fundamental da<\/p>\n","protected":false},"author":3,"featured_media":16904,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[11],"tags":[3],"class_list":["post-16903","post","type-post","status-publish","format-standard","has-post-thumbnail","hentry","category-politica","tag-destaque"],"yoast_head":"\n