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Por: Padre Carlos<\/p>\n
O xadrez pol\u00edtico para 2026, embora distante no calend\u00e1rio, j\u00e1 movimenta pe\u00e7as cruciais nos bastidores, e um nome em particular parece ter acendido um inc\u00f4modo alerta no quartel-general bolsonarista: Geraldo Alckmin. A mera ventila\u00e7\u00e3o da possibilidade de o atual vice-presidente da Rep\u00fablica (PSB) disputar uma das duas vagas ao Senado por S\u00e3o Paulo causa calafrios em aliados de Jair Bolsonaro, e a raz\u00e3o transcende a simples matem\u00e1tica eleitoral.<\/p>\n
N\u00e3o se trata de subestimar a for\u00e7a do bolsonarismo em S\u00e3o Paulo, estado que elegeu Tarc\u00edsio de Freitas governador e deu vota\u00e7\u00f5es expressivas a Bolsonaro. Contudo, a an\u00e1lise que preocupa o campo da direita \u00e9 mais sutil e estrat\u00e9gica. Alckmin, apesar da alian\u00e7a pragm\u00e1tica com Luiz In\u00e1cio Lula da Silva \u2013 um movimento que redefiniu sua trajet\u00f3ria recente \u2013, carrega consigo um capital pol\u00edtico paulista ineg\u00e1vel. Governador por quatro mandatos (um como vice e tr\u00eas como titular), seu nome possui um recall extraordin\u00e1rio junto ao eleitorado. Mesmo os cr\u00edticos reconhecem sua penetra\u00e7\u00e3o em diferentes segmentos e regi\u00f5es do estado.<\/p>\n
A avalia\u00e7\u00e3o bolsonarista, segundo apura\u00e7\u00f5es, \u00e9 que Alckmin, mesmo vindo de uma chapa com o PT, teria musculatura para vencer. Sua imagem hist\u00f3rica, mais associada a um centro ou centro-direita moderado, poderia atrair eleitores \u00f3rf\u00e3os dessa vertente, al\u00e9m de setores que, embora n\u00e3o petistas, rejeitam o bolsonarismo mais radical. A alian\u00e7a com Lula, paradoxalmente, pode at\u00e9 ter ampliado seu espectro em certos nichos, sem necessariamente alienar completamente sua base hist\u00f3rica para uma disputa legislativa, onde o voto tende a ser mais personalizado.<\/p>\n
O ponto nevr\u00e1lgico para os aliados de Bolsonaro reside no ambicioso plano tra\u00e7ado para 2026 em S\u00e3o Paulo. O acordo noticiado entre o ex-presidente e o governador Tarc\u00edsio de Freitas prev\u00ea uma “dobradinha”: cada um indicaria um nome para compor a chapa ao Senado, visando garantir ambas as vagas para o seu espectro pol\u00edtico. A entrada de Alckmin na disputa n\u00e3o apenas amea\u00e7a uma dessas vagas, como introduz um candidato com potencial real de vit\u00f3ria, capaz de frustrar a estrat\u00e9gia de dom\u00ednio completo da representa\u00e7\u00e3o paulista no Senado Federal por parte da direita.<\/p>\n
Mas a preocupa\u00e7\u00e3o vai al\u00e9m da ocupa\u00e7\u00e3o da cadeira. O nome de Alckmin evoca, para os bolsonaristas, uma conex\u00e3o que lhes \u00e9 particularmente indigesta: sua rela\u00e7\u00e3o com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. O fato de Moraes ter sido Secret\u00e1rio de Seguran\u00e7a P\u00fablica e de Justi\u00e7a durante gest\u00f5es de Alckmin em S\u00e3o Paulo alimenta a tese, no campo bolsonarista, de que um Alckmin senador atuaria como um escudo protetor para o ministro no Congresso, blindando-o de eventuais investidas ou processos que a ala radical da direita gostaria de levar adiante. Moraes tornou-se um dos principais antagonistas do bolsonarismo, e a perspectiva de ter um aliado seu, com o peso de Alckmin, no Senado, \u00e9 vista como um obst\u00e1culo estrat\u00e9gico consider\u00e1vel.<\/p>\n
\u00c9 interessante notar como a pol\u00edtica reconfigura alian\u00e7as e percep\u00e7\u00f5es. Alckmin, outrora advers\u00e1rio ferrenho do PT e figura central do PSDB, hoje \u00e9 vice de Lula e, simultaneamente, um fator de preocupa\u00e7\u00e3o para a direita bolsonarista em seu pr\u00f3prio estado. Sua eventual candidatura ao Senado seria um teste fascinante sobre a plasticidade das lealdades eleitorais e a for\u00e7a do voto personalista em S\u00e3o Paulo.<\/p>\n
O alerta bolsonarista, portanto, n\u00e3o \u00e9 infundado sob a \u00f3tica de seus pr\u00f3prios interesses. Alckmin representa a combina\u00e7\u00e3o de um nome com forte mem\u00f3ria eleitoral, potencial capacidade de aglutinar votos de centro e uma conex\u00e3o pregressa com uma figura central no embate pol\u00edtico e jur\u00eddico atual. Se a candidatura se confirmar\u00e1, \u00e9 cedo para dizer. Mas a simples possibilidade j\u00e1 obriga o bolsonarismo a recalcular sua rota para 2026 no estado mais estrat\u00e9gico da federa\u00e7\u00e3o, demonstrando que, na pol\u00edtica, velhos nomes podem sempre voltar a assombrar novos planos. O tabuleiro de 2026, em S\u00e3o Paulo, acaba de ganhar uma camada extra de\u00a0complexidade.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
Por: Padre Carlos O xadrez pol\u00edtico para 2026, embora distante no calend\u00e1rio, j\u00e1 movimenta pe\u00e7as cruciais nos bastidores, e um nome em particular parece ter acendido um inc\u00f4modo alerta no quartel-general bolsonarista: Geraldo Alckmin.<\/p>\n","protected":false},"author":3,"featured_media":17168,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[11],"tags":[],"class_list":["post-17167","post","type-post","status-publish","format-standard","has-post-thumbnail","hentry","category-politica"],"yoast_head":"\n