![\"\"](\"http:\/\/politicaeresenha.com.br\/wp-content\/uploads\/2024\/01\/169048301464c2b946959ff_1690483014_4x3_md-453x340.jpg\")
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Na complexa tape\u00e7aria da diversidade cultural do Brasil, as comunidades quilombolas emergem como tesouros hist\u00f3ricos, portadores de uma riqueza ancestral que contribui para a constru\u00e7\u00e3o da identidade nacional. Contudo, a lament\u00e1vel ignor\u00e2ncia de alguns gestores municipais sobre a exist\u00eancia dessas comunidades ressalta lacunas preocupantes na compreens\u00e3o da nossa pr\u00f3pria hist\u00f3ria. A pesquisa conduzida pelo professor Eduardo Santana, da Uneb, exp\u00f5e a dist\u00e2ncia entre a realidade quilombola e a consci\u00eancia educacional local, particularmente na Bahia, estado que abriga a maior popula\u00e7\u00e3o quilombola do pa\u00eds.<\/p>\n
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O papel formativo dos quilombos na hist\u00f3ria do Brasil transcende o mero aspecto geogr\u00e1fico. O professor Santana, com sua experi\u00eancia como ex-diretor do bloco afro Mal\u00ea Debal\u00ea e conselheiro municipal de educa\u00e7\u00e3o em Salvador, destaca a necessidade urgente de um di\u00e1logo efetivo entre as escolas e os conhecimentos da educa\u00e7\u00e3o quilombola. Em suas palavras, “o quilombo \u00e9 um espa\u00e7o de constru\u00e7\u00e3o de conhecimento”, onde m\u00e9todos e estruturas de ensino baseados na ancestralidade promovem valores como a escuta aos mais velhos, o respeito \u00e0 natureza, a religiosidade e a oralidade.<\/p>\n
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Surpreendentemente, muitos professores nas escolas que atendem alunos quilombolas desconhecem a origem quilombola de seus estudantes. Essa desconex\u00e3o entre educadores e a realidade de seus alunos evidencia a urg\u00eancia de integrar os saberes quilombolas no curr\u00edculo escolar. A falta de compreens\u00e3o sobre a import\u00e2ncia desses elementos na forma\u00e7\u00e3o educacional n\u00e3o apenas perpetua estigmas, mas tamb\u00e9m negligencia a riqueza cultural que pode enriquecer o ambiente educacional.<\/p>\n
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A Bahia, de acordo com o Censo, abriga 29,9% da popula\u00e7\u00e3o quilombola autodeclarada do pa\u00eds, totalizando 397.059 pessoas. A hist\u00f3ria dos quilombos na Bahia reflete uma presen\u00e7a africana intensa e historicamente significativa, contribuindo para a forma\u00e7\u00e3o do territ\u00f3rio do estado. Salvador, a capital baiana, se destaca como a segunda cidade mais quilombola do Brasil, demonstrando a ampla presen\u00e7a quilombola que permeia o estado.<\/p>\n
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O desafio educacional nas comunidades quilombolas vai al\u00e9m da conscientiza\u00e7\u00e3o sobre a exist\u00eancia dessas comunidades. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estat\u00edstica (IBGE) ainda n\u00e3o lan\u00e7ou as informa\u00e7\u00f5es de escolaridade da popula\u00e7\u00e3o quilombola, mas \u00e9 crucial que os gestores municipais estejam atentos a esses dados quando dispon\u00edveis. A compreens\u00e3o das necessidades educacionais espec\u00edficas dessas comunidades \u00e9 essencial para garantir uma abordagem pedag\u00f3gica inclusiva e respeitosa.<\/p>\n
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Diante desse cen\u00e1rio, \u00e9 imperativo que os gestores municipais assumam a responsabilidade de promover um di\u00e1logo efetivo entre as escolas e as comunidades quilombolas. Isso implica n\u00e3o apenas reconhecer a exist\u00eancia dessas comunidades, mas tamb\u00e9m integrar os saberes quilombolas no sistema educacional, respeitando e valorizando a diversidade cultural que molda a identidade brasileira. O futuro da educa\u00e7\u00e3o est\u00e1 intrinsecamente ligado \u00e0 nossa capacidade de reconhecer, respeitar e celebrar as diferentes hist\u00f3rias que comp\u00f5em o rico mosaico cultural do Brasil.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
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