A recente visita da prefeita de Vitória da Conquista, Sheila Lemos, ao senador Ângelo Coronel, foi motivo de análises e comentários nos blogs locais e em portais de notícias. Giorlando, em seu blog, trouxe uma visão esclarecedora sobre o tema, afirmando que o encontro foi apenas um gesto de cortesia, sem implicações políticas mais profundas. Contudo, uma interpretação moderada e realista, como a apresentada por Giorlando, parece não ser interessante para algumas publicações que insistem em insinuar meias verdades e a fomentar especulações que servem a narrativas muitas vezes exageradas ou mesmo distorcidas.
Entre os portais que repercutiram o encontro, destaca-se um blog, da Capital dedicado a estes assuntos. Em uma publicação sobre a referida visita, não hesitou em entrar no campo da análise política ao sugerir que a reunião entre Sheila e Ângelo Coronel tinha um propósito estratégico. Segundo essa visão, Sheila estaria cogitando sair de seu partido, o União Brasil, para o PSD, em busca de um alinhamento mais favorável ao PT. A matéria ainda destaca a ausência de Sheila em uma viagem de prefeitos do União Brasil a Londres, onde estava presente ACM Neto, como se tal ausência fosse uma “prova” da suposta mudança de alianças da prefeita.
Para o público mais atento e menos suscetível a especulações, é óbvio que um encontro isolado não implica necessariamente uma virada política ou uma nova afiliação partidária. A suposição de que Sheila teria se encontrado com Ângelo Coronel para consolidar uma articulação em direção ao PT reflete mais uma leitura intencionalmente direcionada que uma análise baseada em fatos. Aliados e colegas de Sheila têm insistido que sua ida ao PSD não está em pauta e que sua principal preocupação é com a gestão municipal e o futuro de Conquista. Assim, atribuir a essa visita um viés estratégico é um exercício de especulação, mais útil para gerar “cliques” e alimentar teorias que servem aos interesses de certos grupos políticos do que para esclarecer os fatos.
Outro ponto que merece atenção é a insistência em especulações de que o PSD seria o caminho natural para Sheila por razões como a suposta proximidade que o partido oferece ao governo estadual e ao PT. Mesmo que existam prefeitos que estejam migrando para o PSD, isso não implica uma movimentação em massa ou qualquer obrigatoriedade de que a prefeita siga essa tendência. Cada gestor tem suas razões para adotar um posicionamento ou buscar uma filiação partidária, e generalizações do tipo apenas enfraquecem o discurso político e contribuem para desinformar a população.
A facilidade com que determinados blogs e veículos da Capital e regionais abandonam o compromisso com a verdade para investir em especulações não só desinforma, como também coloca em risco a credibilidade da mídia local. A repetição de suposições disfarçadas de informações, ou a chamada “insinuação de meias verdades”, transforma a mídia de um instrumento de informação em uma arma de manipulação, servindo mais à criação de crises artificiais do que ao esclarecimento público.
Se a verdade realmente importa — e ela deveria importar — é imperativo que o jornalismo local faça jus à responsabilidade que carrega, resistindo à tentação de forçar teorias e respeitando os leitores. A informação factual e o respeito à verdade devem vir acima de tudo, mesmo que as narrativas sensacionalistas atraiam mais cliques. Um compromisso firme com a verdade é, sem dúvida, o melhor caminho para preservar a credibilidade da imprensa e honrar o papel fundamental que ela exerce na sociedade.
Ao final, a população de Vitória da Conquista merece um jornalismo que priorize a informação correta e imparcial sobre insinuações e boatos. Afinal, a verdade tem o estranho e belo hábito de prevalecer.