Por Padre Carlos
O recente episódio envolvendo a cassação do mandato do vereador Natan da Carroceria em Vitória da Conquista expõe, mais uma vez, as contradições de nossa política. Ao apontar irregularidades no processo eleitoral, o processo parece mirar alvos específicos enquanto fecha os olhos para um cenário muito mais amplo de suspeitas.
Não se trata aqui de defender irregularidades, mas de questionar a seletividade com que são tratados os casos. O partido Avante não foi o único alvo de acusações de fraude, embora pareça ser o único a sofrer consequências efetivas. Enquanto isso, outros casos similares permanecem convenientemente esquecidos.
A história de Natan, um pequeno empresário que construiu sua trajetória política através do trabalho honesto, merece uma análise mais profunda. Se houve falhas no processo, estas parecem estar muito mais ligadas às estruturas partidárias do que às ações do candidato em si. É o partido que deveria responder pelos erros administrativos, não o candidato que confiou na instituição que o acolheu.
O silêncio ensurdecedor sobre outros casos similares revela o poder dos “padrinhos políticos” que parecem gozar de imunidade informal. A imprensa, por sua vez, prefere se ocupar com manchetes sensacionalistas a investigar as verdadeiras engrenagens que movem essas decisões.
É curioso como se consegue ser tão ágil em alguns casos e tão morosa em outros. Enquanto pequenos candidatos são rapidamente processados e condenados, figurões da política seguem intocáveis, protegidos por uma rede de influências que parece estar acima da lei.
O caso de Natan da Carroceria não é apenas mais um processo eleitoral – é um símbolo da disparidade no tratamento que contamina nossa democracia. Enquanto não houver isonomia na aplicação da lei, continuaremos assistindo a este trágico desfeche onde alguns pagam o preço por todos, enquanto outros permanecem confortavelmente instalados em seus
