Política e Resenha

A Igreja e o feminino: uma visão do Papa Francisco

 

O Papa Francisco tem sido um dos líderes religiosos mais progressistas e inclusivos da história da Igreja Católica. Em várias ocasiões, ele manifestou o seu apoio e respeito pelas mulheres, reconhecendo o seu papel fundamental na sociedade e na Igreja. Na segunda-feira passada, ele voltou a enfatizar essa mensagem, ao defender que a Igreja deve “redescobrir o seu rosto feminino” e que o mundo deve tomar as mães como referência “para encontrar a paz”.

Em sua oração do Angelus, na Praça de São Pedro, no Vaticano, o Papa Francisco lembrou que a Igreja é “mãe e mulher” e que, por isso, deve acolher, acompanhar e curar todos os seus filhos e filhas, sem discriminação ou exclusão. Ele também afirmou que “quem faz mal a uma mulher profana a Deus”, pois ela é “a imagem viva da Igreja e de toda a criação”. Com essas palavras, o Papa condenou todas as formas de violência, abuso e opressão contra as mulheres, que ainda são uma triste realidade em muitas partes do mundo.

O Papa Francisco não é o primeiro a reconhecer a importância das mulheres na Igreja. Desde o Concílio Vaticano II, em 1962, a Igreja tem buscado valorizar e promover a participação feminina em seus diversos âmbitos e ministérios. No entanto, ainda há muito a ser feito para garantir a igualdade e a dignidade das mulheres na Igreja e na sociedade. Muitas mulheres ainda enfrentam barreiras e preconceitos que limitam o seu acesso à educação, à saúde, ao trabalho, à política e à liderança eclesial. Muitas mulheres ainda sofrem com a pobreza, a exploração, a violação dos seus direitos humanos e a falta de reconhecimento do seu potencial e da sua contribuição.

O Papa Francisco sabe que a Igreja não pode ignorar essa realidade, nem se fechar em uma visão patriarcal e clericalista que marginaliza e silencia as mulheres. Por isso, ele tem incentivado o diálogo, a escuta, o discernimento e a reforma da Igreja, para que ela possa ser mais fiel ao Evangelho e mais próxima das pessoas, especialmente das mais vulneráveis e marginalizadas. Ele também tem nomeado mais mulheres para cargos de responsabilidade e decisão na Cúria Romana, o órgão central de governo da Igreja. Além disso, ele tem apoiado a reflexão teológica e pastoral sobre o papel das mulheres na Igreja, especialmente sobre a possibilidade de ordenar mulheres como diaconisas, uma questão que ainda está em estudo.

O Papa Francisco não pretende impor uma agenda feminista ou ideológica na Igreja, mas sim resgatar a dimensão feminina que faz parte da sua identidade e da sua missão. Ele sabe que a Igreja precisa das mulheres, não apenas como colaboradoras ou auxiliares, mas como protagonistas e testemunhas da fé, da esperança e da caridade. Ele sabe que as mulheres têm uma sensibilidade, uma intuição, uma criatividade e uma força que enriquecem e iluminam a Igreja e o mundo. Ele sabe que as mulheres são chamadas a ser, como Maria, a Mãe de Deus, modelos de discipulado, de serviço, de comunhão e de profecia.

O Papa Francisco nos convida a olhar para as mulheres com admiração, gratidão e respeito, e a reconhecer nelas o rosto feminino da Igreja e de Deus. Ele nos convida a seguir o seu exemplo de humildade, de ternura, de misericórdia e de coragem, e a nos unir a elas na construção de uma Igreja e de um mundo mais fraternos, justos e pacíficos. Ele nos convida a redescobrir o feminino como uma dimensão essencial e complementar do humano, que nos permite viver em harmonia com nós mesmos, com os outros e com a criação. Ele nos convida a celebrar o feminino como um dom de Deus, que nos revela a sua beleza, a sua bondade e a sua verdade.