A cidade de Vitória da Conquista amanheceu mais silenciosa nesta quarta-feira. O luto não é apenas dos familiares, dos colegas e dos amigos do professor Chico Carvalho — é um luto coletivo, uma tristeza entranhada na alma da cidade que ele ajudou a construir com palavras, ideias, afeto e compromisso com a educação pública.
Francisco dos Santos Carvalho, ou simplesmente Chico, como todos o chamavam com afeto e respeito, não era apenas um servidor público exemplar. Ele era um símbolo de uma geração que acreditava na universidade como espaço de transformação, justiça social e desenvolvimento regional. Na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), sua marca é indelével. Por quase três décadas, ele não apenas trabalhou ali — ele foi parte viva de sua história.
Mas Chico foi além da sala de aula e das rotinas administrativas. Ele compreendia que a defesa da educação pública passava também pela luta sindical e política. Como presidente da AFUS, não hesitou em enfrentar os desafios da valorização dos servidores técnico-administrativos, tornando-se referência em ética, coragem e diálogo. Era firme sem ser intransigente, doce sem ser frágil.
Também fez história na FAINOR, onde deixou seu legado como educador atento ao tempo e comprometido com a formação de cidadãos. Seu jeito simples escondia a profundidade de quem tinha no olhar uma preocupação permanente com o futuro da juventude e da cidade.
A perda de Chico Carvalho é irreparável. Seu nome, entretanto, seguirá ecoando nos corredores da universidade, nos corações de ex-alunos e nas memórias dos que acreditam que a educação é a principal ferramenta de emancipação humana.
Neste momento de dor, é impossível não pensar que uma das vozes mais lúcidas da nossa Conquista se calou. Mas também é certo que sua semente está plantada — e florescerá em cada gesto de resistência, em cada aula que forme consciência crítica, em cada servidor que não se curve diante da indiferença.
Descanse em paz, professor Chico. Conquista jamais o esquecerá.