Política e Resenha

O Natal dos pobres e dos simples

 

O Natal é uma das datas mais importantes do calendário cristão, pois celebra o nascimento de Jesus Cristo, o filho de Deus que se fez homem para salvar a humanidade. Mas o que significa, de fato, o Natal para os cristãos? Será que ele ainda mantém o seu sentido original, ou foi transformado em uma ocasião de consumo e de alienação?

Os cristãos não podem esquecer que o nascimento de Jesus é apresentado, em S. Lucas, como a festa dos que não frequentavam o Templo ou as Sinagogas – os pastores que cuidavam dos rebanhos à noite. Eles foram os primeiros a receber a notícia de que o Salvador havia nascido, e foram até a manjedoura para adorá-lo. Eles representam os pobres e os simples, os que não tinham voz nem vez na sociedade, os que eram desprezados e discriminados pelos poderosos e pelos religiosos.

O Natal, portanto, é a festa da inclusão, da solidariedade, da compaixão, da justiça. É a festa daqueles que reconhecem em Jesus o rosto de Deus, que se revela aos humildes e aos que sofrem. É a festa daqueles que seguem o exemplo de Jesus, que se fez pobre para enriquecer-nos com a sua graça, que se fez servo para libertar-nos do pecado, que se fez amigo para ensinar-nos o amor.

Mas será que esse é o Natal que celebramos hoje em dia? Será que não nos deixamos levar pelo espírito do mundo, que nos seduz com as luzes, os presentes, as festas, os excessos? Será que não nos esquecemos do verdadeiro aniversariante, que nasceu em uma estrebaria, que viveu em uma carpintaria, que morreu em uma cruz? Será que não nos tornamos indiferentes aos que sofrem, aos que choram, aos que clamam por pão e por paz?

O Natal é uma oportunidade de renovação, de conversão, de esperança. É uma oportunidade de olhar para o presépio e ver nele o mistério do amor de Deus, que se faz próximo de nós, que se faz um de nós, que se faz tudo para nós. É uma oportunidade de olhar para o mundo e ver nele os rostos dos irmãos e das irmãs que precisam de nós, que esperam de nós, que contam conosco. É uma oportunidade de olhar para nós mesmos e ver nele os dons e os desafios que Deus nos confia, que nos pede, que nos propõe.

O Natal é a festa dos pobres e dos simples, dos que creem e dos que amam, dos que esperam e dos que agem. Que possamos celebrá-lo com alegria e com gratidão, com fé e com compromisso, com generosidade e com fraternidade. Que possamos celebrá-lo com Jesus, que é o motivo, o sentido e o fim do Natal.

Padre Carlos