A VCA Construtora está oferecendo uma condição especial para trabalhadores do comércio no DuBem Residencial, um condomínio residencial situado no principal vetor de crescimento urbano de Vitória da Conquista. A VCA anunciou uma campanha voltada a funcionários de empresas associadas à CDL, com desconto total que pode chegar a R$ 27 mil.
A proposta reúne o “Descontão VCA” de até R$ 20 mil com um adicional de R$ 7 mil, exclusivo para esse público. Outro destaque é a forma de pagamento: a primeira parcela só será paga na entrega das chaves, prevista para o primeiro semestre de 2026.
A ação busca facilitar o acesso à moradia própria para um setor essencial da economia local, em uma área próxima à Olívia Flores, em constante valorização.
Faça parte dessa conquista. Acesse e garanta seu benefício. du’BEM Residencial
Condomínio em vetor de crescimento urbano oferece desconto exclusivo a trabalhadores do comércio
A VCA Construtora está oferecendo uma condição especial para trabalhadores do comércio no DuBem Residencial, um condomínio residencial situado no principal vetor de crescimento urbano de Vitória da Conquista. A VCA anunciou uma campanha voltada a funcionários de empresas associadas à CDL, com desconto total que pode chegar a R$ 27 mil.
A proposta reúne o “Descontão VCA” de até R$ 20 mil com um adicional de R$ 7 mil, exclusivo para esse público. Outro destaque é a forma de pagamento: a primeira parcela só será paga na entrega das chaves, prevista para o primeiro semestre de 2026.
A ação busca facilitar o acesso à moradia própria para um setor essencial da economia local, em uma área próxima à Olívia Flores, em constante valorização.
Faça parte dessa conquista. Acesse e garanta seu benefício. du’BEM Residencial
O SUS e o Milagre Brasileiro que o Brasil Ainda Não Reconhece
É comum escutar que o Brasil é um país de contradições. Mas poucas são tão impressionantes quanto a existência — e a resistência — do Sistema Único de Saúde, o SUS. Enquanto o mundo debate modelos mistos, planos privados e crises em seus sistemas públicos, o Brasil, país continental, desigual e com mais de 210 milhões de habitantes, ousou fazer o que nenhum outro país com tamanha complexidade tentou: oferecer saúde gratuita e universal a toda a população.
Não há paralelo. Nenhum outro país com mais de 100 milhões de habitantes ousou algo assim. O aclamado NHS britânico, sempre citado como referência, foi criado em um contexto de reconstrução nacional, no pós-guerra, com um Estado fortalecido e uma população bem menor, com cerca de 60 milhões de habitantes. Além disso, nasceu em uma ilha rica, homogênea e industrializada. O Brasil, ao contrário, apostou no SUS em meio a transições democráticas, desafios econômicos e uma diversidade social e territorial imensa.
E mesmo assim, contra todas as probabilidades, o SUS funciona. Não perfeitamente — longe disso. Mas funciona. Em qualquer canto do país, do sertão nordestino ao sul urbano, há um posto de saúde, um agente comunitário, um hospital de referência, uma vacina disponível. É o maior sistema público de vacinação do mundo, responsável por campanhas gigantescas que controlaram doenças, salvaram vidas e tornaram rotinas médicas antes elitizadas em um direito coletivo.
Mas talvez o maior milagre do SUS não seja tecnológico, mas humano. Ele está na ponta, no chão de terra, na escadaria da periferia, na porta das casas: é o agente comunitário de saúde. Essa figura silenciosa, quase invisível nos discursos políticos e nas matérias de jornal, conhece cada família, cada caso, cada história. Ele não receita, mas orienta; não opera, mas previne. E é essa base que sustenta a pirâmide inteira.
Infelizmente, o Brasil tem uma mania danosa: só valoriza o que vem de fora, só respeita o que se paga caro. O SUS sofre dessa síndrome nacional do desprezo pelo público. É chamado de lento, de ineficiente, de precarizado. E, muitas vezes, é mesmo — porque não recebe os recursos, o apoio e o planejamento que merece. O Ministério da Saúde foi desorganizado nos últimos anos, o que gerou um retrocesso em áreas críticas. Isso não é ideologia, é diagnóstico técnico.
Ainda assim, o SUS sobrevive. Evolui. Resiste. Porque há médicos comprometidos, técnicos competentes, enfermeiras incansáveis, agentes comunitários heróicos. Porque há milhões de brasileiros que, mesmo sem saber, vivem mais e melhor por causa de uma estrutura que os protege desde o nascimento até o último suspiro.
É hora de reconhecer o SUS como o que ele é: um patrimônio nacional. Um feito civilizatório. Um sistema que, mesmo com falhas, tem salvado o Brasil de si mesmo. E que só precisa de uma coisa para ser realmente revolucionário: vontade política de fazê-lo cumprir todo o seu potencial.
Porque oferecer saúde gratuita e universal não é tarefa para países ricos. É tarefa para países corajosos. E, nesse ponto, o Brasil teve a ousadia de ser grande.
Padre Carlos
O SUS e o Milagre Brasileiro que o Brasil Ainda Não Reconhece
É comum escutar que o Brasil é um país de contradições. Mas poucas são tão impressionantes quanto a existência — e a resistência — do Sistema Único de Saúde, o SUS. Enquanto o mundo debate modelos mistos, planos privados e crises em seus sistemas públicos, o Brasil, país continental, desigual e com mais de 210 milhões de habitantes, ousou fazer o que nenhum outro país com tamanha complexidade tentou: oferecer saúde gratuita e universal a toda a população.
Não há paralelo. Nenhum outro país com mais de 100 milhões de habitantes ousou algo assim. O aclamado NHS britânico, sempre citado como referência, foi criado em um contexto de reconstrução nacional, no pós-guerra, com um Estado fortalecido e uma população bem menor, com cerca de 60 milhões de habitantes. Além disso, nasceu em uma ilha rica, homogênea e industrializada. O Brasil, ao contrário, apostou no SUS em meio a transições democráticas, desafios econômicos e uma diversidade social e territorial imensa.
E mesmo assim, contra todas as probabilidades, o SUS funciona. Não perfeitamente — longe disso. Mas funciona. Em qualquer canto do país, do sertão nordestino ao sul urbano, há um posto de saúde, um agente comunitário, um hospital de referência, uma vacina disponível. É o maior sistema público de vacinação do mundo, responsável por campanhas gigantescas que controlaram doenças, salvaram vidas e tornaram rotinas médicas antes elitizadas em um direito coletivo.
Mas talvez o maior milagre do SUS não seja tecnológico, mas humano. Ele está na ponta, no chão de terra, na escadaria da periferia, na porta das casas: é o agente comunitário de saúde. Essa figura silenciosa, quase invisível nos discursos políticos e nas matérias de jornal, conhece cada família, cada caso, cada história. Ele não receita, mas orienta; não opera, mas previne. E é essa base que sustenta a pirâmide inteira.
Infelizmente, o Brasil tem uma mania danosa: só valoriza o que vem de fora, só respeita o que se paga caro. O SUS sofre dessa síndrome nacional do desprezo pelo público. É chamado de lento, de ineficiente, de precarizado. E, muitas vezes, é mesmo — porque não recebe os recursos, o apoio e o planejamento que merece. O Ministério da Saúde foi desorganizado nos últimos anos, o que gerou um retrocesso em áreas críticas. Isso não é ideologia, é diagnóstico técnico.
Ainda assim, o SUS sobrevive. Evolui. Resiste. Porque há médicos comprometidos, técnicos competentes, enfermeiras incansáveis, agentes comunitários heróicos. Porque há milhões de brasileiros que, mesmo sem saber, vivem mais e melhor por causa de uma estrutura que os protege desde o nascimento até o último suspiro.
É hora de reconhecer o SUS como o que ele é: um patrimônio nacional. Um feito civilizatório. Um sistema que, mesmo com falhas, tem salvado o Brasil de si mesmo. E que só precisa de uma coisa para ser realmente revolucionário: vontade política de fazê-lo cumprir todo o seu potencial.
Porque oferecer saúde gratuita e universal não é tarefa para países ricos. É tarefa para países corajosos. E, nesse ponto, o Brasil teve a ousadia de ser grande.
Padre Carlos
O Norte de Minas e Sua Capital Não Oficial Vitória da Conquista: O Reconhecimento Tardio do Governo Mineiro?
Existe um velho ditado popular que diz: “santo de casa não faz milagre”. É uma daquelas frases curtas que carregam séculos de sabedoria popular e que se encaixam, com desconcertante precisão, em muitas das nossas realidades regionais. Mas e se estivermos, enfim, presenciando um raro momento em que esse santo resolve sim operar seu milagre? A recente visita do governador de Minas Gerais, Romeu Zema, à prefeita Sheila Lemos, de Vitória da Conquista, acende essa possibilidade.
Oficialmente, tratou-se de uma visita de cortesia. No entanto, nos bastidores, muito se comenta sobre tratativas envolvendo a saúde pública, especialmente no tocante ao atendimento de pacientes do norte de Minas, que há décadas buscam socorro em Vitória da Conquista — cidade baiana, mas que, na prática, atua como uma capital de serviços para essa região limítrofe e esquecida.
Fala-se do Vale do Jequitinhonha, uma das regiões mais pobres do país, tão carente quanto os rincões mais sofridos do Nordeste. Suas estradas são cicatrizes abertas no mapa, e sua população, resiliente, há muito aprendeu a driblar a ausência do Estado buscando socorro onde ele realmente funciona. E esse lugar, em muitos casos, chama-se Vitória da Conquista.
A cidade baiana, com seus hospitais de referência como o Esaú Matos, tem acolhido, tratado e, muitas vezes, salvado vidas vindas de solo mineiro. Enquanto o Estado de Minas por anos manteve-se inerte diante da evasão sanitária de sua própria população, Conquista agiu, atendeu, cuidou. Agora, com a visita de Zema, talvez estejamos diante de um gesto simbólico — mas também político — de reconhecimento.
Sim, porque reconhecer o valor de um vizinho que tem feito o que deveria ser sua obrigação não é apenas diplomacia: é também admitir um desequilíbrio estrutural e, quem sabe, começar a corrigi-lo. A pactuação entre estados e municípios, prevista pelo SUS, é um caminho legal e viável. Mas mais do que um instrumento burocrático, ela representa uma dívida histórica.
A expectativa é que esse encontro abra diálogos e soluções práticas. Que o “santo de casa”, por tanto tempo desacreditado, volte a ser respeitado. E que o Vale do Jequitinhonha, relegado às sombras administrativas, veja enfim um sinal de luz — ainda que venha da Bahia.
Porque, no fim das contas, o milagre que se espera não é divino. É público, humano, administrativo. E já passou da hora de acontecer.
O Norte de Minas e Sua Capital Não Oficial Vitória da Conquista: O Reconhecimento Tardio do Governo Mineiro?
Existe um velho ditado popular que diz: “santo de casa não faz milagre”. É uma daquelas frases curtas que carregam séculos de sabedoria popular e que se encaixam, com desconcertante precisão, em muitas das nossas realidades regionais. Mas e se estivermos, enfim, presenciando um raro momento em que esse santo resolve sim operar seu milagre? A recente visita do governador de Minas Gerais, Romeu Zema, à prefeita Sheila Lemos, de Vitória da Conquista, acende essa possibilidade.
Oficialmente, tratou-se de uma visita de cortesia. No entanto, nos bastidores, muito se comenta sobre tratativas envolvendo a saúde pública, especialmente no tocante ao atendimento de pacientes do norte de Minas, que há décadas buscam socorro em Vitória da Conquista — cidade baiana, mas que, na prática, atua como uma capital de serviços para essa região limítrofe e esquecida.
Fala-se do Vale do Jequitinhonha, uma das regiões mais pobres do país, tão carente quanto os rincões mais sofridos do Nordeste. Suas estradas são cicatrizes abertas no mapa, e sua população, resiliente, há muito aprendeu a driblar a ausência do Estado buscando socorro onde ele realmente funciona. E esse lugar, em muitos casos, chama-se Vitória da Conquista.
A cidade baiana, com seus hospitais de referência como o Esaú Matos, tem acolhido, tratado e, muitas vezes, salvado vidas vindas de solo mineiro. Enquanto o Estado de Minas por anos manteve-se inerte diante da evasão sanitária de sua própria população, Conquista agiu, atendeu, cuidou. Agora, com a visita de Zema, talvez estejamos diante de um gesto simbólico — mas também político — de reconhecimento.
Sim, porque reconhecer o valor de um vizinho que tem feito o que deveria ser sua obrigação não é apenas diplomacia: é também admitir um desequilíbrio estrutural e, quem sabe, começar a corrigi-lo. A pactuação entre estados e municípios, prevista pelo SUS, é um caminho legal e viável. Mas mais do que um instrumento burocrático, ela representa uma dívida histórica.
A expectativa é que esse encontro abra diálogos e soluções práticas. Que o “santo de casa”, por tanto tempo desacreditado, volte a ser respeitado. E que o Vale do Jequitinhonha, relegado às sombras administrativas, veja enfim um sinal de luz — ainda que venha da Bahia.
Porque, no fim das contas, o milagre que se espera não é divino. É público, humano, administrativo. E já passou da hora de acontecer.
ARTIGO – O Elo Inextinguível: Reflexões sobre a Dor da Perda e a Permanência do Amor
(Padre Carlos)
Há frases que não precisam ser longas para serem eternas. Algumas poucas palavras encerram verdades universais que nos atravessam como flechas silenciosas. “A morte deixa uma dor que ninguém pode curar… Mas o amor deixa memórias que ninguém pode apagar.” Eis uma delas. Como quem sussurra ao ouvido da alma, esta máxima nos conduz a uma meditação profunda sobre o enigma da perda e a permanência do amor.
A dor da ausência é uma experiência inevitável no caminho humano. A morte, essa visitante indesejada, chega com seus passos frios e rompe laços que pareciam inquebrantáveis. Diante dela, mesmo os mais fortes vacilam. Quem nunca sentiu a garganta travar ao lembrar um nome que não pode mais responder? Quem não carrega um olhar, um perfume, uma canção guardada com reverência no cofre secreto da memória?
E, no entanto, há uma força que resiste ao silêncio da morte: o amor. Diferente de tudo o que é efêmero, ele se transforma em presença simbólica, em energia vital que continua nos habitando. O amor não morre; ele muda de forma. Torna-se lembrança viva, lição internalizada, gesto que repetimos sem perceber, voz que ressoa dentro de nós.
Vivemos tempos apressados, de relações superficiais e conexões frágeis. Justamente por isso, torna-se essencial valorizar os vínculos que realmente importam. Amar com intensidade enquanto há tempo, cultivar presença com generosidade, construir memórias com sentido – essa é nossa melhor resistência contra o esquecimento e a finitude.
Se é verdade que a dor da perda jamais desaparece por completo, também é verdade que o amor nos oferece abrigo. Ele floresce como as flores brancas em meio ao luto: delicadas, mas persistentes. E nos lembra que, mesmo no jardim da saudade, ainda pode brotar beleza.
Que sejamos, pois, jardineiros da memória. Que cuidemos dos afetos com a consciência de que serão eles, um dia, o que restará de nós. E que, mesmo quando o corpo se ausentar, o amor permaneça – inextinguível, eterno, transformado em luz que guia quem continua a caminhada.
ARTIGO – O Elo Inextinguível: Reflexões sobre a Dor da Perda e a Permanência do Amor
(Padre Carlos)
Há frases que não precisam ser longas para serem eternas. Algumas poucas palavras encerram verdades universais que nos atravessam como flechas silenciosas. “A morte deixa uma dor que ninguém pode curar… Mas o amor deixa memórias que ninguém pode apagar.” Eis uma delas. Como quem sussurra ao ouvido da alma, esta máxima nos conduz a uma meditação profunda sobre o enigma da perda e a permanência do amor.
A dor da ausência é uma experiência inevitável no caminho humano. A morte, essa visitante indesejada, chega com seus passos frios e rompe laços que pareciam inquebrantáveis. Diante dela, mesmo os mais fortes vacilam. Quem nunca sentiu a garganta travar ao lembrar um nome que não pode mais responder? Quem não carrega um olhar, um perfume, uma canção guardada com reverência no cofre secreto da memória?
E, no entanto, há uma força que resiste ao silêncio da morte: o amor. Diferente de tudo o que é efêmero, ele se transforma em presença simbólica, em energia vital que continua nos habitando. O amor não morre; ele muda de forma. Torna-se lembrança viva, lição internalizada, gesto que repetimos sem perceber, voz que ressoa dentro de nós.
Vivemos tempos apressados, de relações superficiais e conexões frágeis. Justamente por isso, torna-se essencial valorizar os vínculos que realmente importam. Amar com intensidade enquanto há tempo, cultivar presença com generosidade, construir memórias com sentido – essa é nossa melhor resistência contra o esquecimento e a finitude.
Se é verdade que a dor da perda jamais desaparece por completo, também é verdade que o amor nos oferece abrigo. Ele floresce como as flores brancas em meio ao luto: delicadas, mas persistentes. E nos lembra que, mesmo no jardim da saudade, ainda pode brotar beleza.
Que sejamos, pois, jardineiros da memória. Que cuidemos dos afetos com a consciência de que serão eles, um dia, o que restará de nós. E que, mesmo quando o corpo se ausentar, o amor permaneça – inextinguível, eterno, transformado em luz que guia quem continua a caminhada.
ARTIGO – O resgate do 13 de maio e a coragem da memória
(Padre Carlos)
Na tribuna da Câmara Municipal, nesta quarta-feira, a vereadora Lara Fernandes fez algo raro no cenário político atual: exerceu a memória como ato de coragem. Ao destacar o 13 de maio como a verdadeira data da abolição da escravatura no Brasil, ela não apenas trouxe à tona um capítulo essencial da história nacional, mas também colocou o dedo na ferida de um país que constantemente reescreve o passado conforme as conveniências do presente.
Ao evocar a figura da Princesa Isabel, Lara não romantizou o Império, mas reconheceu que, em 1888, uma mulher enfrentou pressões econômicas e políticas, inclusive da elite escravocrata, para assinar a Lei Áurea — uma lei de apenas duas linhas, mas que quebrou correntes de séculos. Esse gesto, como bem pontuou a vereadora, teve um custo: Isabel jamais retornaria ao trono.
A parlamentar também denunciou um apagamento histórico: até 1932, o 13 de maio era feriado nacional. Getúlio Vargas, em seu projeto de refundação da identidade brasileira, apagou essa data da memória oficial. E, com isso, retirou do calendário a lembrança do dia em que a escravidão foi declarada extinta no Brasil.
Vivemos hoje uma disputa de memórias. O 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, celebra a resistência, a cultura, a ancestralidade. Já o 13 de maio marca a ruptura legal com o cativeiro. Não são datas excludentes, mas complementares. Silenciar uma em nome da outra é empobrecer a história.
O gesto de Lara Fernandes nos obriga a refletir: por que temos medo de reconhecer a complexidade do nosso passado? Por que a figura da Princesa Isabel, tão reverenciada em seu tempo, tornou-se quase um tabu nos debates modernos? A resposta talvez esteja na dificuldade que temos de lidar com as nuances da história — preferimos heróis ou vilões, ignorando que a realidade é feita de escolhas difíceis.
Recolocar o 13 de maio no lugar que lhe é de direito não é retrocesso — é um avanço na direção da verdade. E nesse caminho, a vereadora Lara Fernandes mostrou que a tribuna pode ser, sim, um lugar de reparação.
ARTIGO – O resgate do 13 de maio e a coragem da memória
(Padre Carlos)
Na tribuna da Câmara Municipal, nesta quarta-feira, a vereadora Lara Fernandes fez algo raro no cenário político atual: exerceu a memória como ato de coragem. Ao destacar o 13 de maio como a verdadeira data da abolição da escravatura no Brasil, ela não apenas trouxe à tona um capítulo essencial da história nacional, mas também colocou o dedo na ferida de um país que constantemente reescreve o passado conforme as conveniências do presente.
Ao evocar a figura da Princesa Isabel, Lara não romantizou o Império, mas reconheceu que, em 1888, uma mulher enfrentou pressões econômicas e políticas, inclusive da elite escravocrata, para assinar a Lei Áurea — uma lei de apenas duas linhas, mas que quebrou correntes de séculos. Esse gesto, como bem pontuou a vereadora, teve um custo: Isabel jamais retornaria ao trono.
A parlamentar também denunciou um apagamento histórico: até 1932, o 13 de maio era feriado nacional. Getúlio Vargas, em seu projeto de refundação da identidade brasileira, apagou essa data da memória oficial. E, com isso, retirou do calendário a lembrança do dia em que a escravidão foi declarada extinta no Brasil.
Vivemos hoje uma disputa de memórias. O 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, celebra a resistência, a cultura, a ancestralidade. Já o 13 de maio marca a ruptura legal com o cativeiro. Não são datas excludentes, mas complementares. Silenciar uma em nome da outra é empobrecer a história.
O gesto de Lara Fernandes nos obriga a refletir: por que temos medo de reconhecer a complexidade do nosso passado? Por que a figura da Princesa Isabel, tão reverenciada em seu tempo, tornou-se quase um tabu nos debates modernos? A resposta talvez esteja na dificuldade que temos de lidar com as nuances da história — preferimos heróis ou vilões, ignorando que a realidade é feita de escolhas difíceis.
Recolocar o 13 de maio no lugar que lhe é de direito não é retrocesso — é um avanço na direção da verdade. E nesse caminho, a vereadora Lara Fernandes mostrou que a tribuna pode ser, sim, um lugar de reparação.
ARTIGO – A Assembleia como balcão de crédito: um alerta para a Bahia
(Padre Carlos)
Quando um Parlamento deixa de ser a casa do povo para tornar-se uma extensão do caixa do Executivo, algo de muito sério está ocorrendo no campo da democracia. A denúncia feita pelo deputado estadual Tiago Correia de que a Assembleia Legislativa da Bahia teria sido “transformada num balcão de crédito” pelo governador Jerônimo Rodrigues não pode ser ignorada. Ela exige reflexão, indignação e, sobretudo, reação.
Não se trata aqui de demonizar empréstimos públicos, que em muitas circunstâncias são necessários para destravar obras e investimentos. Mas o que se vê na Bahia ultrapassa qualquer senso de razoabilidade. De 2023 até agora, segundo levantamento do próprio parlamentar, já foram aprovados R$ 18,2 bilhões em empréstimos — numa média que impressiona: R$ 1 bilhão a cada 45 dias.
Mais do que o montante astronômico, o que assusta é o método. As aprovações ocorrem em regime de urgência, sem que as propostas passem pelas comissões temáticas, sem debate público, sem clareza sobre quais projetos serão executados com tantos recursos. A urgência não pode ser pretexto para a ausência de transparência. Afinal, não se está lidando com dinheiro pessoal, mas com o futuro financeiro do Estado.
É legítimo questionar: para onde está indo esse dinheiro? Quais as contrapartidas? Qual o impacto dessa dívida nos cofres públicos daqui a cinco, dez, vinte anos? A democracia exige prestação de contas, sob pena de perdermos não só o controle fiscal, mas também o sentido da representação política.
O Parlamento não pode se submeter a ser um carimbador automático dos interesses do Executivo. Quando isso acontece, não há governabilidade — há autoritarismo disfarçado de eficiência. E quando a oposição é silenciada pelo rolo compressor da maioria governista, perde-se o equilíbrio, o contraditório, a fiscalização — e, com isso, perde-se o povo.
A Bahia precisa despertar. A dívida pública é um fardo que não se dissolve no marketing político. Alguém — ou melhor, todos nós — pagaremos essa conta. E quando os recursos escassearem para áreas vitais como saúde, educação e segurança, será tarde demais para perguntar onde estavam os bilhões.
ARTIGO – A Assembleia como balcão de crédito: um alerta para a Bahia
(Padre Carlos)
Quando um Parlamento deixa de ser a casa do povo para tornar-se uma extensão do caixa do Executivo, algo de muito sério está ocorrendo no campo da democracia. A denúncia feita pelo deputado estadual Tiago Correia de que a Assembleia Legislativa da Bahia teria sido “transformada num balcão de crédito” pelo governador Jerônimo Rodrigues não pode ser ignorada. Ela exige reflexão, indignação e, sobretudo, reação.
Não se trata aqui de demonizar empréstimos públicos, que em muitas circunstâncias são necessários para destravar obras e investimentos. Mas o que se vê na Bahia ultrapassa qualquer senso de razoabilidade. De 2023 até agora, segundo levantamento do próprio parlamentar, já foram aprovados R$ 18,2 bilhões em empréstimos — numa média que impressiona: R$ 1 bilhão a cada 45 dias.
Mais do que o montante astronômico, o que assusta é o método. As aprovações ocorrem em regime de urgência, sem que as propostas passem pelas comissões temáticas, sem debate público, sem clareza sobre quais projetos serão executados com tantos recursos. A urgência não pode ser pretexto para a ausência de transparência. Afinal, não se está lidando com dinheiro pessoal, mas com o futuro financeiro do Estado.
É legítimo questionar: para onde está indo esse dinheiro? Quais as contrapartidas? Qual o impacto dessa dívida nos cofres públicos daqui a cinco, dez, vinte anos? A democracia exige prestação de contas, sob pena de perdermos não só o controle fiscal, mas também o sentido da representação política.
O Parlamento não pode se submeter a ser um carimbador automático dos interesses do Executivo. Quando isso acontece, não há governabilidade — há autoritarismo disfarçado de eficiência. E quando a oposição é silenciada pelo rolo compressor da maioria governista, perde-se o equilíbrio, o contraditório, a fiscalização — e, com isso, perde-se o povo.
A Bahia precisa despertar. A dívida pública é um fardo que não se dissolve no marketing político. Alguém — ou melhor, todos nós — pagaremos essa conta. E quando os recursos escassearem para áreas vitais como saúde, educação e segurança, será tarde demais para perguntar onde estavam os bilhões.
Manchetes dos principais jornais nacionais nesta quarta-feira
Da Redação
Publicado em 14 de maio de 2025
Folha de S.Paulo
Morre Pepe Mujica, presidente do Uruguai e símbolo para a esquerda
O Estado de S. Paulo
Lula e Xi tentam mediar paz na Ucrânia sem citar trégua, como quer Putin
Valor Econômico (SP)
Ibovespa bate recorde e sobe 15,5% no ano; dólar recua para menor nível em sete meses
O Globo (RJ)
Bolsa brasileira bate recorde após trégua e inflação menor nos EUA
O Dia (RJ)
EXTENSA FICHA
TH da Maré é encontrado em bunker e morto em operação
Correio Braziliense
Uma influencer entre tietagem e desafios na CPI das Bets
Estado de Minas
FRAUDE NO INSS
Chegou mensagem para você?
Zero Hora (RS)
Período para contestar descontos começa hoje
Diário de Pernambuco
INSS promete corrigir descontos pela inflação
Jornal do Commercio (PE)
INSS vai devolver valor a vítimas de descontos corrigido pela inflação
A Tarde (BA)
Campanha alerta para alta de 77% no abuso sexual de crianças
Diário do Nordeste (CE)
Prefeitura de Aquiraz quer remover área de duna
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Publicado em 14 de maio de 2025
Folha de S.Paulo
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Silenciou-se o Médium, Permanece o Legado: A Partida de Divaldo Franco
(Padre Carlos)
Na noite do dia 13 de maio de 2025, o Brasil silenciou por instantes. Em Salvador, na sua amada Mansão do Caminho, partiu aos 98 anos Divaldo Pereira Franco, um dos maiores nomes da espiritualidade brasileira e mundial. Sua morte, consequência de uma falência múltipla dos órgãos após uma luta corajosa contra o câncer na bexiga, não foi um fim, mas um novo começo – como ele mesmo tantas vezes explicou em suas mensagens de fé, consolo e sabedoria.
Divaldo não foi apenas um médium. Ele foi uma ponte entre mundos, um canal sereno por onde passaram vozes do além, mas sobretudo, passou o amor. Nasceu em Feira de Santana, no interior da Bahia, e desde cedo carregou uma sensibilidade incompreendida, que lhe trouxe dor, mas também lhe abriu caminhos de luz. Quem conheceu sua história sabe: por trás da figura calma e da fala mansa, havia um guerreiro da alma, um apóstolo da caridade.
Em 1952, Divaldo fundou a Mansão do Caminho, que se tornaria seu grande legado terreno. O que era apenas um sonho humilde se transformou, tijolo por tijolo, em um santuário de acolhimento, educação e dignidade para milhares de crianças e famílias da periferia de Salvador. Não se tratava de assistencialismo, mas de amor transformado em estrutura, educação e oportunidade.
Foi também escritor prolífico – mais de 250 livros, muitos psicografados, outros fruto de suas reflexões. Mas mais do que os livros, foram as vidas que ele tocou que fazem dele eterno. Cada palestra, cada abraço dado em silêncio, cada lágrima que ajudou a secar… Tudo isso compõe a alma de um homem que escolheu a paz como vocação.
Divaldo foi contemporâneo e companheiro de Chico Xavier, com quem partilhou não só a fé, mas o mesmo ideal de uma humanidade mais fraterna, mais empática, mais reconciliada com o sagrado. E se Chico representava o rio da compaixão silenciosa, Divaldo era a fonte contínua da palavra esclarecida.
Seu Movimento Você e a Paz mostrou que a espiritualidade pode — e deve — ultrapassar fronteiras religiosas. Com ele, Divaldo uniu católicos, evangélicos, umbandistas, judeus, budistas e ateus sob o mesmo teto do respeito e da harmonia. Afinal, como ele dizia, “o verdadeiro espiritualista é aquele que ama, sem exigências”.
Partiu em paz, como viveu. Sem cortejos, sem alardes. O caixão fechado, a cerimônia simples — por vontade dele. Mas nenhum tampo de madeira é capaz de encerrar um espírito que, durante quase um século, iluminou tantas consciências.
Divaldo Franco não teve filhos biológicos, mas foi pai de centenas, avô de milhares, irmão de milhões. Seu legado está vivo em cada criança alfabetizada na Mansão, em cada jovem resgatado das drogas, em cada coração que ouviu sua voz e reencontrou esperança.
O Brasil perdeu um mestre, mas o céu ganhou um missionário de volta. Que o espírito que tanto consolou agora seja consolado. E que nós, aqui na Terra, sigamos seu exemplo: trabalhar, amar, servir — e jamais desistir da paz.
Silenciou-se o Médium, Permanece o Legado: A Partida de Divaldo Franco
(Padre Carlos)
Na noite do dia 13 de maio de 2025, o Brasil silenciou por instantes. Em Salvador, na sua amada Mansão do Caminho, partiu aos 98 anos Divaldo Pereira Franco, um dos maiores nomes da espiritualidade brasileira e mundial. Sua morte, consequência de uma falência múltipla dos órgãos após uma luta corajosa contra o câncer na bexiga, não foi um fim, mas um novo começo – como ele mesmo tantas vezes explicou em suas mensagens de fé, consolo e sabedoria.
Divaldo não foi apenas um médium. Ele foi uma ponte entre mundos, um canal sereno por onde passaram vozes do além, mas sobretudo, passou o amor. Nasceu em Feira de Santana, no interior da Bahia, e desde cedo carregou uma sensibilidade incompreendida, que lhe trouxe dor, mas também lhe abriu caminhos de luz. Quem conheceu sua história sabe: por trás da figura calma e da fala mansa, havia um guerreiro da alma, um apóstolo da caridade.
Em 1952, Divaldo fundou a Mansão do Caminho, que se tornaria seu grande legado terreno. O que era apenas um sonho humilde se transformou, tijolo por tijolo, em um santuário de acolhimento, educação e dignidade para milhares de crianças e famílias da periferia de Salvador. Não se tratava de assistencialismo, mas de amor transformado em estrutura, educação e oportunidade.
Foi também escritor prolífico – mais de 250 livros, muitos psicografados, outros fruto de suas reflexões. Mas mais do que os livros, foram as vidas que ele tocou que fazem dele eterno. Cada palestra, cada abraço dado em silêncio, cada lágrima que ajudou a secar… Tudo isso compõe a alma de um homem que escolheu a paz como vocação.
Divaldo foi contemporâneo e companheiro de Chico Xavier, com quem partilhou não só a fé, mas o mesmo ideal de uma humanidade mais fraterna, mais empática, mais reconciliada com o sagrado. E se Chico representava o rio da compaixão silenciosa, Divaldo era a fonte contínua da palavra esclarecida.
Seu Movimento Você e a Paz mostrou que a espiritualidade pode — e deve — ultrapassar fronteiras religiosas. Com ele, Divaldo uniu católicos, evangélicos, umbandistas, judeus, budistas e ateus sob o mesmo teto do respeito e da harmonia. Afinal, como ele dizia, “o verdadeiro espiritualista é aquele que ama, sem exigências”.
Partiu em paz, como viveu. Sem cortejos, sem alardes. O caixão fechado, a cerimônia simples — por vontade dele. Mas nenhum tampo de madeira é capaz de encerrar um espírito que, durante quase um século, iluminou tantas consciências.
Divaldo Franco não teve filhos biológicos, mas foi pai de centenas, avô de milhares, irmão de milhões. Seu legado está vivo em cada criança alfabetizada na Mansão, em cada jovem resgatado das drogas, em cada coração que ouviu sua voz e reencontrou esperança.
O Brasil perdeu um mestre, mas o céu ganhou um missionário de volta. Que o espírito que tanto consolou agora seja consolado. E que nós, aqui na Terra, sigamos seu exemplo: trabalhar, amar, servir — e jamais desistir da paz.
ARTIGO – Pepe Mujica: O Último Guerreiro da Esperança (Padre Carlos)
Hoje, a América Latina se despede de um dos seus mais emblemáticos líderes: José “Pepe” Mujica, ex-presidente do Uruguai, que faleceu aos 89 anos. Mujica não foi apenas um político; foi um símbolo de resistência, humildade e compromisso com os valores humanos. Sua trajetória, marcada por lutas e sacrifícios, deixa um legado que transcende fronteiras e ideologias.
Um Homem de Princípios
Desde os tempos de guerrilheiro no Movimento de Libertação Nacional-Tupamaros, Mujica enfrentou a repressão militar, sobreviveu a seis tiros e passou mais de uma década na prisão, muitas vezes em condições desumanas. Mas, ao invés de se tornar um homem amargurado, emergiu como um líder que pregava a reconciliação e a construção de um país mais justo.
Como presidente do Uruguai entre 2010 e 2015, Mujica implementou políticas progressistas que transformaram a sociedade uruguaia. Legalizou o casamento igualitário, descriminalizou a maconha e promoveu reformas sociais que fortaleceram a democracia e os direitos humanos. Mas, acima de tudo, foi um líder que viveu conforme seus princípios: recusou luxos, doou grande parte do seu salário e morou em uma chácara simples nos arredores de Montevidéu.
O Último Adeus
Nos últimos anos, Mujica enfrentou um câncer agressivo no esôfago, que se espalhou para o fígado. Em suas últimas declarações, manteve a serenidade que sempre o caracterizou: “Estou morrendo. O guerreiro tem direito ao seu descanso”. Sua esposa, Lucía Topolanski, revelou que ele passou seus últimos dias em cuidados paliativos, longe dos holofotes, como sempre preferiu.
A notícia de sua morte gerou uma onda de homenagens ao redor do mundo. Líderes políticos, intelectuais e cidadãos comuns lamentaram a partida de um homem que, com sua simplicidade e sabedoria, inspirou gerações. O presidente do Uruguai, Yamandú Orsi, resumiu o sentimento coletivo ao afirmar: “Vamos sentir muito sua falta, velho querido! Obrigado por tudo que nos deste e por teu profundo amor pelo seu povo”.
Um Legado Eterno
Pepe Mujica nos deixa uma lição que vai além da política: a de que a verdadeira grandeza está na simplicidade, na coerência e no compromisso com o bem comum. Seu nome será lembrado não apenas nos livros de história, mas nos corações daqueles que acreditam em um mundo mais justo e humano.
Adeus, Pepe. O guerreiro descansa, mas sua luta continua viva.
ARTIGO – Pepe Mujica: O Último Guerreiro da Esperança (Padre Carlos)
Hoje, a América Latina se despede de um dos seus mais emblemáticos líderes: José “Pepe” Mujica, ex-presidente do Uruguai, que faleceu aos 89 anos. Mujica não foi apenas um político; foi um símbolo de resistência, humildade e compromisso com os valores humanos. Sua trajetória, marcada por lutas e sacrifícios, deixa um legado que transcende fronteiras e ideologias.
Um Homem de Princípios
Desde os tempos de guerrilheiro no Movimento de Libertação Nacional-Tupamaros, Mujica enfrentou a repressão militar, sobreviveu a seis tiros e passou mais de uma década na prisão, muitas vezes em condições desumanas. Mas, ao invés de se tornar um homem amargurado, emergiu como um líder que pregava a reconciliação e a construção de um país mais justo.
Como presidente do Uruguai entre 2010 e 2015, Mujica implementou políticas progressistas que transformaram a sociedade uruguaia. Legalizou o casamento igualitário, descriminalizou a maconha e promoveu reformas sociais que fortaleceram a democracia e os direitos humanos. Mas, acima de tudo, foi um líder que viveu conforme seus princípios: recusou luxos, doou grande parte do seu salário e morou em uma chácara simples nos arredores de Montevidéu.
O Último Adeus
Nos últimos anos, Mujica enfrentou um câncer agressivo no esôfago, que se espalhou para o fígado. Em suas últimas declarações, manteve a serenidade que sempre o caracterizou: “Estou morrendo. O guerreiro tem direito ao seu descanso”. Sua esposa, Lucía Topolanski, revelou que ele passou seus últimos dias em cuidados paliativos, longe dos holofotes, como sempre preferiu.
A notícia de sua morte gerou uma onda de homenagens ao redor do mundo. Líderes políticos, intelectuais e cidadãos comuns lamentaram a partida de um homem que, com sua simplicidade e sabedoria, inspirou gerações. O presidente do Uruguai, Yamandú Orsi, resumiu o sentimento coletivo ao afirmar: “Vamos sentir muito sua falta, velho querido! Obrigado por tudo que nos deste e por teu profundo amor pelo seu povo”.
Um Legado Eterno
Pepe Mujica nos deixa uma lição que vai além da política: a de que a verdadeira grandeza está na simplicidade, na coerência e no compromisso com o bem comum. Seu nome será lembrado não apenas nos livros de história, mas nos corações daqueles que acreditam em um mundo mais justo e humano.
Adeus, Pepe. O guerreiro descansa, mas sua luta continua viva.