A recente crítica da Anistia Internacional às políticas de segurança pública nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia traz à tona uma realidade sombria que transcende divisões políticas e ideológicas. Independentemente da orientação dos governos estaduais, a chamada “carta branca para matar” concedida às forças policiais é um fenômeno alarmante que deve ser combatido com veemência.
Os números divulgados pela Anistia Internacional são chocantes: pelo menos 394 pessoas foram mortas em operações policiais nesses três estados entre julho e setembro de 2023. Essa estatística revela uma abordagem desmedida e desumana que sacrifica vidas em nome de uma falsa sensação de segurança.
O Rio de Janeiro, governado por uma administração rotulada como “de direita”, tem sido palco de uma violência policial desenfreada, com operações que resultaram em mortes de inocentes, como o caso do adolescente Thiago Menezes Flausino e da menina Heloísa Santos. Em São Paulo, sob um governo considerado “de direita”, as operações Escudo e Verão deixaram um rastro de dezenas de vítimas fatais na Baixada Santista.
No entanto, o problema não se restringe a uma única ideologia política. Na Bahia, governada por uma administração rotulada como “de esquerda”, ações policiais resultaram na morte de mais de 50 pessoas em setembro de 2023, segundo a Anistia Internacional.
Essa realidade brutal revela que a “carta branca para matar” não é um fenômeno exclusivo de governos de esquerda ou de direita. É uma questão que transcende divisões ideológicas e atinge o cerne da própria humanidade. É uma violação flagrante dos direitos humanos mais básicos, uma negação da dignidade inerente a cada ser humano.
Não importa a orientação política dos governantes, a vida humana deve ser preservada e protegida. A segurança pública não pode ser alcançada através de uma abordagem que transforma agentes da lei em juízes, júris e executores. A violência só gera mais violência, criando um ciclo vicioso de desconfiança e retaliação.
Em vez de perpetuar essa prática brutal, é imperativo que todos os estados adotem uma abordagem baseada no respeito aos direitos humanos, na transparência e na responsabilização. As forças policiais devem ser treinadas para utilizar a força de forma proporcional e como último recurso, priorizando a preservação da vida.
A Anistia Internacional cumpre seu papel ao lançar luz sobre essa realidade sombria, mas cabe a todos nós, cidadãos e líderes, independentemente de nossa orientação política, nos unirmos contra essa “carta branca para matar”. Só assim poderemos construir uma sociedade verdadeiramente justa, segura e respeitadora dos direitos humanos fundamentais.