A efervescência política em Vitória da Conquista sempre foi uma característica marcante, especialmente em anos eleitorais. A cada pleito, assistimos ao mesmo roteiro se desenrolar, com pré-candidatos lançando-se na arena política, alguns com reais intenções, outros como peças de um jogo mais complexo.
Neste cenário, o recente movimento “Reage Conquista”, que reuniu PL, PP, PR e PDT, prometia ser a terceira via tão esperada para as eleições municipais vindouras. No entanto, a ausência da pré-candidata do MDB, Lucia Rocha, deixou muitos céticos quanto à viabilidade desse grupo. Um amigo meu brincou, dizendo que sem Lucia, o grupo caberia em um Fusca, ironizando a fragilidade das alianças políticas na cidade.
A dinâmica é conhecida: políticos lançam seus nomes na esperança de angariar apoio, seja na forma de votos ou em concessões políticas. Em algumas ocasiões, essas pré-candidaturas surgem mesmo antes de terminar o ano anterior ao pleito, mostrando uma impaciência que revela muito sobre as estratégias por trás das aparências.
A exceção à regra é a candidatura da atual prefeita Sheila Lemos, que não precisa pedir autorização a ninguém para postular seu segundo mandato. No entanto, a maioria dos outros pré-candidatos segue uma fórmula padrão: um líder político lança um nome, que inicialmente reluta, mas eventualmente aceita com “muita honra” em nome do partido e do povo, como se fosse uma missão sacrificial. Esse jogo de cena é parte integrante do processo político, uma dança cuidadosamente coreografada de retórica e negociação.
Porém, há um lado obscuro nesse jogo. Candidatos sem apoio político sólido podem acabar acumulando dívidas significativas e prejudicar irreversivelmente suas carreiras. Em Vitória da Conquista, já testemunhamos exemplos disso. Política, afinal, não é um campo onde se possa avançar sem uma retaguarda sólida.
O lançamento prematuro das candidaturas é frequentemente uma forma de pressionar outros atores políticos relevantes, como o PT de Waldenor e o União Brasil da Prefeita Sheila. Alguns se apresentam como candidatos apenas para serem bajulados e, eventualmente, desistirem da disputa em troca de favores e concessões. É um jogo complexo de interesses, onde barganhas de cargos e espaço no processo eleitoral são comuns.
No entanto, é fundamental que a política local evolua para além desse ciclo vicioso. Uma reforma política verdadeira, aliada a partidos políticos mais orgânicos, poderia trazer uma mudança substancial. Enquanto isso não acontece, é imperativo que abandonemos as práticas de oportunismo e nos engajemos em uma política mais séria e comprometida com o bem-estar da cidade e de seus cidadãos.
Nesse cenário, é crucial para os eleitores estarem atentos às estratégias dos políticos locais. Afinal, são eles que moldarão o futuro de Vitória da Conquista. É hora de exigirmos transparência, responsabilidade e compromisso com o verdadeiro desenvolvimento da cidade, para além das manobras políticas temporárias e dos jogos de interesses pessoais. Somente assim poderemos alcançar uma verdadeira transformação em nossa sociedade.
-Padre Carlos