O recente depoimento do general, confirmado pela TV Band, desvela uma trama intrincada e sombria que ecoa nos corredores do poder. Segundo relatos do tenente-coronel Mauro Cid em sua delação premiada, uma minuta do golpe foi apresentada em uma reunião na qual Bolsonaro esteve presente, junto aos comandantes militares, incluindo o próprio general.
A revelação dessa reunião, cuja gravidade é incontestável, levanta uma série de questionamentos, entre os quais se destaca: por que, na ocasião, o general Freire Gomes não tomou medidas enérgicas, como a prisão de Bolsonaro? Por que não levou o caso às instâncias judiciais competentes?
Essas interrogações ecoam na mente de todos nós, cidadãos preocupados com os rumos de nossa democracia. A ausência de respostas claras e convincentes por parte do general apenas aprofunda a perplexidade diante de um cenário político já repleto de incertezas e turbulências.
É imperativo que se compreenda a complexidade dos bastidores políticos e militares, onde interesses muitas vezes se sobrepõem à justiça e à ética. A omissão do general Freire Gomes diante de um evento tão grave como a apresentação de uma minuta de golpe merece uma análise meticulosa e sem condescendência.
A pergunta que não quer calar é: até que ponto as instituições estão dispostas a agir em defesa da democracia e do Estado de Direito? A resposta a esse questionamento está intrinsecamente ligada à coragem e à integridade de indivíduos como o general Freire Gomes, cujas decisões podem moldar o curso da história de uma nação.
O depoimento do general não apenas escancarou as portas da prisão para Bolsonaro e sua suposta gangue, mas também lançou luz sobre a fragilidade de nossas instituições diante de ameaças à ordem democrática. Cabe a cada um de nós, como cidadãos conscientes, exigir transparência, responsabilidade e firmeza por parte daqueles que detêm o poder, seja ele militar ou civil.
Em tempos de incerteza e polarização, é fundamental que a justiça não apenas seja feita, mas também seja vista sendo feita. Que o exemplo do general Freire Gomes sirva de alerta para todos os que têm o dever de zelar pela democracia: a omissão diante do autoritarismo é tão condenável quanto a própria ação antidemocrática.
Que cada um de nós, como parte integrante dessa sociedade, se levante em defesa dos valores democráticos e do Estado de Direito, rejeitando qualquer tentativa de retrocesso ou ruptura institucional. Pois, como bem disse o filósofo Edmund Burke, “para que o mal triunfe, basta que os bons homens não façam nada”.