O PT em Itabuna: Quando o pragmatismo pesa mais que a identidade e o companheirismo

A disputa pelo poder em Itabuna, Bahia, tomou um rumo inesperado, quando o Partido dos Trabalhadores (PT) decidiu apoiar a reeleição do prefeito Augusto Castro (PSD), em detrimento da candidatura de seu companheiro de partido, o ex-prefeito Geraldo Simões. A decisão, que contou com um placar apertado de 594 a 590 votos, coloca em evidência a tensão entre o pragmatismo eleitoral e a preservação da identidade e do companheirismo partidário.
Por um lado, a escolha do PT em apoiar Castro pode ser vista como uma estratégia política para se aliar ao poder local e garantir a continuidade de uma gestão que, em tese, possa trazer benefícios à população de Itabuna. Ao mesmo tempo, a decisão deixa de lado a candidatura de Geraldo Simões, que, embora seja um membro do PT, não conseguiu cativar a maioria da direção do partido em seu município.
A disputa interna no PT também reflete as divergências de opiniões e interesses dentro do partido, que precisa equilibrar sua ideologia e sua missão de representar os trabalhadores com a necessidade de formar alianças estratégicas e garantir a governabilidade. Essa tensão interna é ainda mais evidente quando o apoio a um candidato externo pode resultar na alienação de membros leais do partido, que podem se sentir traídos ou desvalorizados.
A questão que surge dessa disputa é se o pragmatismo eleitoral justifica a supressão da identidade e do companheirismo partidários. Deve o PT sacrificar sua própria força e coesão internas em nome de uma aliança com outros partidos ou candidatos, mesmo que isso possa significar abandonar um de seus próprios membros?
A situação em Itabuna mostra que essas escolhas são complexas e multidimensionais, e que o partido precisa ponderar cuidadosamente quais valores e prioridades devem ser considerados em cada situação. O desafio é encontrar um equilíbrio entre as exigências políticas e as necessidades da população, sem perder a essência de sua identidade e sua missão como partido.

No cenário político de Vitória da Conquista, a pré-candidata à prefeitura Lucia Rocha acaba de angariar mais um apoio: o Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB), agora sob o comando de Franciane Gusmão, prima do saudoso ex-prefeito Herzem Gusmão. No entanto, esse movimento lança luz sobre uma questão maior que permeia a política brasileira: a fragilidade das estruturas partidárias e a busca incessante por apoios, muitas vezes divorciados de qualquer ideologia ou projeto consistente.

O Brasil tem uma longa tradição de partidos políticos com baixa carga ideológica e forte dependência de lideranças carismáticas. Muitos desses partidos parecem servir apenas como siglas cartoriais para atender aos interesses daqueles que estão à frente, em determinado momento.

Apesar de seus esforços para angariar apoios, a falta de uma estrutura partidária sólida e a perda de intenções de voto para a prefeita Sheila Lemos demonstram a fragilidade da posição de Lucia Rocha. É natural que as forças políticas busquem alianças e apoios para fortalecer suas candidaturas, dentro das possibilidades de cada um. No entanto, é fundamental questionar a qualidade desses apoios e a falta de ideologia que sustenta essas alianças.

A perda de popularidade e espaço político de Lucia Rocha é evidente. Mantendo-se nas pesquisas com votos de opinião, sem uma estrutura partidária sólida e poder real, corre o risco de se tornar um “nome fantasia” na disputa eleitoral. E, como sabemos, poucos nomes fantasias conseguem se consolidar como “lideranças” duradouras, a exemplo da marca Coca-Cola, que permanece forte até hoje.

É urgente fortalecer os sistemas partidários e a capacidade dos candidatos em desenvolver projetos políticos claros e consistentes. A população merece opções que reflitam valores e ideologias bem definidos, ao invés de meras alianças políticas baseadas em interesses pessoais e oportunismos.

A busca por apoios e alianças em Vitória da Conquista aponta para a necessidade de uma reformulação do sistema partidário brasileiro, que deve privilegiar projetos políticos e ideologias claras, a fim de promover a melhoria das condições sociais e econômicas da população e o fortalecimento da democracia no país.