Política e Resenha

Cristãos e Católicos na Europa e nos Estados Unidos: Um Chamado Contra o Racismo e a Xenofobia

 

 

 

Em tempos recentes, especialmente com a ascensão de políticas migratórias mais restritivas nos Estados Unidos e a crescente onda de nacionalismo na Europa, torna-se imperativo que cristãos e católicos reafirmem seu compromisso com os valores fundamentais de sua fé, que repudiam o racismo e a xenofobia.

Em um mundo marcado por deslocamentos massivos e crescentes tensões sociais, nunca foi tão urgente lembrar que um cristão – e, sobretudo, um católico – não pode ser nem racista nem xenófobo. Essa postura não é apenas uma questão moral; é uma expressão da essência do cristianismo e de sua visão sobre a dignidade humana.

O Brasil, com sua miscigenação e diversidade cultural, é um exemplo vivo de como a identidade de um povo se constrói a partir da convivência entre diferentes origens e tradições. Somos descendentes de indígenas, africanos, europeus e de muitos outros povos que cruzaram oceanos em busca de uma vida melhor. Ao mesmo tempo, milhares de brasileiros deixaram sua terra natal para buscar oportunidades em outros cantos do mundo. Gostamos de ser bem recebidos e respeitados lá fora, e isso nos obriga a estender a mesma hospitalidade a quem aqui chega.

A Tradição Judaico-Cristã e o Estrangeiro

A Bíblia é rica em ensinamentos sobre a acolhida ao estrangeiro. No Êxodo, o povo de Israel recorda sua experiência como imigrante e escravo no Egito. Deus os liberta e, por isso, o texto sagrado é enfático: “Não usarás de violência contra o estrangeiro residente nem o oprimirás, porque foste estrangeiro residente na terra do Egito” (Ex 22, 20).

Esse mandamento é um eco constante na práxis de Jesus. Ele não apenas acolheu estrangeiros como também os exaltou em situações de fé e virtude. A mulher cananeia, que insistiu pela cura de sua filha, e o centurião romano, cuja fé surpreendeu o próprio Cristo, são exemplos de que a misericórdia divina transcende fronteiras geográficas, culturais ou religiosas.

Na teologia cristã, São Paulo deixa claro que em Cristo “não há judeu nem grego; não há escravo nem livre; não há homem e mulher” (Gál. 3, 28). Essa afirmação revela que a verdadeira fé cristã não conhece barreiras de raça, classe ou gênero – todos são igualmente filhos de Deus.

A Catolicidade da Igreja

A palavra “católico” significa universal. A Igreja Católica é chamada a ser uma casa para todos, sem distinção de nacionalidade, etnia ou condição social. Recusar essa universalidade é trair a própria essência da fé.

Por isso, é inconcebível que um cristão, e mais ainda um bispo, se alie ou apoie discursos e práticas que promovam racismo ou xenofobia. A fé exige posicionamento. O Papa Francisco, em diversas ocasiões, denunciou o ódio contra migrantes e destacou a importância de abrir as portas para aqueles que buscam uma vida digna. “Os migrantes não são números, são pessoas”, afirma ele com veemência, convidando-nos a ver no rosto do estrangeiro o próprio Cristo.

Quando a Fé se Choca com a Realidade

Infelizmente, vivemos tempos em que discursos xenófobos e racistas encontram eco em setores que deveriam ser os primeiros a condená-los. A defesa da dignidade humana não é opcional para o cristão; é um dever. Apoiar ou mesmo silenciar diante de atitudes discriminatórias é negar o Evangelho e sua mensagem de amor.

Uma Reflexão Necessária

Um Brasil que se orgulha de sua diversidade e de sua fé cristã não pode tolerar a discriminação contra estrangeiros ou qualquer outro grupo. A história nos ensina que a acolhida é uma ponte para o crescimento, não uma ameaça. Nossa responsabilidade, como cristãos e como cidadãos, é combater o racismo e a xenofobia, com palavras e ações, em todos os espaços.

Que nos lembremos sempre do chamado de Jesus para amar ao próximo como a nós mesmos, independentemente de onde ele venha ou como ele seja. Pois, no fim, o amor ao próximo é o que define o verdadeiro cristão.

Padre Carlos

Cristãos e Católicos na Europa e nos Estados Unidos: Um Chamado Contra o Racismo e a Xenofobia

 

 

 

Em tempos recentes, especialmente com a ascensão de políticas migratórias mais restritivas nos Estados Unidos e a crescente onda de nacionalismo na Europa, torna-se imperativo que cristãos e católicos reafirmem seu compromisso com os valores fundamentais de sua fé, que repudiam o racismo e a xenofobia.

Em um mundo marcado por deslocamentos massivos e crescentes tensões sociais, nunca foi tão urgente lembrar que um cristão – e, sobretudo, um católico – não pode ser nem racista nem xenófobo. Essa postura não é apenas uma questão moral; é uma expressão da essência do cristianismo e de sua visão sobre a dignidade humana.

O Brasil, com sua miscigenação e diversidade cultural, é um exemplo vivo de como a identidade de um povo se constrói a partir da convivência entre diferentes origens e tradições. Somos descendentes de indígenas, africanos, europeus e de muitos outros povos que cruzaram oceanos em busca de uma vida melhor. Ao mesmo tempo, milhares de brasileiros deixaram sua terra natal para buscar oportunidades em outros cantos do mundo. Gostamos de ser bem recebidos e respeitados lá fora, e isso nos obriga a estender a mesma hospitalidade a quem aqui chega.

A Tradição Judaico-Cristã e o Estrangeiro

A Bíblia é rica em ensinamentos sobre a acolhida ao estrangeiro. No Êxodo, o povo de Israel recorda sua experiência como imigrante e escravo no Egito. Deus os liberta e, por isso, o texto sagrado é enfático: “Não usarás de violência contra o estrangeiro residente nem o oprimirás, porque foste estrangeiro residente na terra do Egito” (Ex 22, 20).

Esse mandamento é um eco constante na práxis de Jesus. Ele não apenas acolheu estrangeiros como também os exaltou em situações de fé e virtude. A mulher cananeia, que insistiu pela cura de sua filha, e o centurião romano, cuja fé surpreendeu o próprio Cristo, são exemplos de que a misericórdia divina transcende fronteiras geográficas, culturais ou religiosas.

Na teologia cristã, São Paulo deixa claro que em Cristo “não há judeu nem grego; não há escravo nem livre; não há homem e mulher” (Gál. 3, 28). Essa afirmação revela que a verdadeira fé cristã não conhece barreiras de raça, classe ou gênero – todos são igualmente filhos de Deus.

A Catolicidade da Igreja

A palavra “católico” significa universal. A Igreja Católica é chamada a ser uma casa para todos, sem distinção de nacionalidade, etnia ou condição social. Recusar essa universalidade é trair a própria essência da fé.

Por isso, é inconcebível que um cristão, e mais ainda um bispo, se alie ou apoie discursos e práticas que promovam racismo ou xenofobia. A fé exige posicionamento. O Papa Francisco, em diversas ocasiões, denunciou o ódio contra migrantes e destacou a importância de abrir as portas para aqueles que buscam uma vida digna. “Os migrantes não são números, são pessoas”, afirma ele com veemência, convidando-nos a ver no rosto do estrangeiro o próprio Cristo.

Quando a Fé se Choca com a Realidade

Infelizmente, vivemos tempos em que discursos xenófobos e racistas encontram eco em setores que deveriam ser os primeiros a condená-los. A defesa da dignidade humana não é opcional para o cristão; é um dever. Apoiar ou mesmo silenciar diante de atitudes discriminatórias é negar o Evangelho e sua mensagem de amor.

Uma Reflexão Necessária

Um Brasil que se orgulha de sua diversidade e de sua fé cristã não pode tolerar a discriminação contra estrangeiros ou qualquer outro grupo. A história nos ensina que a acolhida é uma ponte para o crescimento, não uma ameaça. Nossa responsabilidade, como cristãos e como cidadãos, é combater o racismo e a xenofobia, com palavras e ações, em todos os espaços.

Que nos lembremos sempre do chamado de Jesus para amar ao próximo como a nós mesmos, independentemente de onde ele venha ou como ele seja. Pois, no fim, o amor ao próximo é o que define o verdadeiro cristão.

Padre Carlos

ARTIGO – No Fundo, Somos Sempre Sós (Padre Carlos)

 

 

 

 

Hoje, ao retornar das férias, minha mente foi invadida por reflexões profundas, como se o descanso proporcionasse um olhar renovador sobre as complexidades da vida. Entre os muitos pensamentos que me atravessaram, um deles ganhou destaque: a solidão essencial do ser humano. No fundo, somos sempre sós.

Vivemos cercados por possibilidades de conexões: o amor que nos acolhe, os amigos que nos sustentam e o conforto da família que nos enlaça. São dádivas valiosas, sem dúvida. Contudo, por mais que essas relações tragam sentido à jornada, ninguém pode nos isentar do fardo individual que carregamos. Os pesos da vida são intransferíveis.

Nascemos sozinhos, num processo que é apenas nosso, e morremos igualmente sós, em um mistério que ninguém pode compartilhar plenamente. Mas, antes que isso seja como um lamento, peço que olhemos para essa realidade com outro viés: está tudo bem. Não há tragédia nessa constatação; Há, talvez, uma oportunidade de enxergar a força que reside em nosso eu interior.

É claro que compartilhar uma caminhada com outras pessoas torna a vida mais rica. É maravilhoso rir junto, dividir lágrimas, encontrar suporte e celebrar conquistas. No entanto, precisamos compreender que, nas profundezas da existência, tudo retorna ao mesmo ponto: somos nós conosco.

Essa percepção, longe de ser pessimista, pode ser libertadora. Reconhecer que ninguém nos livrará de nossas dores nos desafiará a assumir a responsabilidade por nossas escolhas, nossos cuidados e nosso crescimento. Em vez de esperar que o outro nos complete, podemos nos fortalecer a partir de dentro.

No fundo, é sempre você. E isso não é um peso, mas uma oportunidade de encontrar em si mesmo uma companhia mais fiel, o diálogo mais honesto e a coragem mais sincera. Porque, ao fim do dia, o único olhar que persiste é o seu, refletido no espelho da alma.

Então, que saibamos valorizar as companhias, os afetos e as trocas humanas, mas também que aprendamos a acolher a solidão como parte do que somos. Afinal, não há nada de errado em estar consigo mesmo. Ao contrário, há uma sabedoria infinita em se bastar.

ARTIGO – No Fundo, Somos Sempre Sós (Padre Carlos)

 

 

 

 

Hoje, ao retornar das férias, minha mente foi invadida por reflexões profundas, como se o descanso proporcionasse um olhar renovador sobre as complexidades da vida. Entre os muitos pensamentos que me atravessaram, um deles ganhou destaque: a solidão essencial do ser humano. No fundo, somos sempre sós.

Vivemos cercados por possibilidades de conexões: o amor que nos acolhe, os amigos que nos sustentam e o conforto da família que nos enlaça. São dádivas valiosas, sem dúvida. Contudo, por mais que essas relações tragam sentido à jornada, ninguém pode nos isentar do fardo individual que carregamos. Os pesos da vida são intransferíveis.

Nascemos sozinhos, num processo que é apenas nosso, e morremos igualmente sós, em um mistério que ninguém pode compartilhar plenamente. Mas, antes que isso seja como um lamento, peço que olhemos para essa realidade com outro viés: está tudo bem. Não há tragédia nessa constatação; Há, talvez, uma oportunidade de enxergar a força que reside em nosso eu interior.

É claro que compartilhar uma caminhada com outras pessoas torna a vida mais rica. É maravilhoso rir junto, dividir lágrimas, encontrar suporte e celebrar conquistas. No entanto, precisamos compreender que, nas profundezas da existência, tudo retorna ao mesmo ponto: somos nós conosco.

Essa percepção, longe de ser pessimista, pode ser libertadora. Reconhecer que ninguém nos livrará de nossas dores nos desafiará a assumir a responsabilidade por nossas escolhas, nossos cuidados e nosso crescimento. Em vez de esperar que o outro nos complete, podemos nos fortalecer a partir de dentro.

No fundo, é sempre você. E isso não é um peso, mas uma oportunidade de encontrar em si mesmo uma companhia mais fiel, o diálogo mais honesto e a coragem mais sincera. Porque, ao fim do dia, o único olhar que persiste é o seu, refletido no espelho da alma.

Então, que saibamos valorizar as companhias, os afetos e as trocas humanas, mas também que aprendamos a acolher a solidão como parte do que somos. Afinal, não há nada de errado em estar consigo mesmo. Ao contrário, há uma sabedoria infinita em se bastar.

ARTIGO – Vitória da Conquista: Um Farol na Luta Contra a Intolerância Religiosa (Padre Carlos)

 

 

 

 

Em um país de pluralidade religiosa tão marcante quanto o Brasil, é lamentável que a intolerância religiosa ainda encontre terreno fértil para se manifestar. No entanto, algumas cidades têm se destacado como verdadeiros faróis de esperança, iluminando o caminho da convivência pacífica e do respeito mútuo. Vitória da Conquista, na Bahia, tem dado um exemplo que merece aplausos.

A iniciativa da Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (Semdes), de promover uma mesa de diálogo em comemoração ao Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa é mais do que um gesto simbólico; é uma ação concreta que reflete um compromisso com a construção de uma sociedade inclusiva e respeitosa.

O evento, realizado no Centro Integrado de Direitos Humanos (CIDH), foi um espaço de rara beleza democrática. Reuniu lideranças religiosas de diversas matrizes, representantes de movimentos sociais, autoridades municipais e membros do sistema de justiça e segurança pública. Essa pluralidade de vozes evidencia a riqueza cultural e espiritual de nossa sociedade e demonstra que o diálogo inter-religioso é um dos caminhos mais eficazes para a promoção da paz e da tolerância.

A presença do vice-prefeito Aloísio Alan, em nome da prefeita Sheila Lemos, é uma manifestação clara de que essa causa está na pauta prioritária da gestão municipal. Quando ele afirma que “inclusão e defesa das minorias são pilares importantes”, essas palavras ganham peso, pois vêm acompanhadas de ações concretas.

A fala do secretário de Desenvolvimento Social, Michael Farias, reforça a mensagem. Sua ênfase na construção de uma cidade inclusiva, onde crenças diferentes convivam harmonicamente, reflete uma visão de futuro necessária e urgente.

Um dos pontos altos do evento foi o protagonismo das lideranças religiosas. Representantes do candomblé, cristianismo e espiritismo trouxeram contribuições valiosas, mostrando que a diversidade de perspectivas não é um obstáculo, mas uma riqueza a ser celebrada. Como bem colocou Cleber Flores, da União Espírita de Vitória da Conquista, o encontro foi uma oportunidade para que “todas as religiões apresentem suas visões de forma respeitosa, sem imposições”. Essa atitude é um exemplo claro de como o diálogo pode ser um instrumento de transformação social.

No cenário nacional, onde notícias de intolerância religiosa infelizmente ainda se repetem, iniciativas como essa assumem um papel essencial. Vitória da Conquista demonstra que o poder público pode e deve ser um agente ativo na promoção da igualdade e do respeito à diversidade religiosa. Mais do que isso, a cidade mostra que é possível alinhar discursos inclusivos a práticas efetivas.

A luta contra a intolerância religiosa é, antes de tudo, uma luta pela preservação da dignidade humana. Quando uma cidade se posiciona de maneira tão firme e eloquente, ela não apenas protege os direitos de seus cidadãos, mas inspira outras localidades a seguirem o mesmo caminho.

Vitória da Conquista se coloca como um exemplo de que o respeito à diversidade religiosa não é apenas um ideal a ser perseguido, mas uma realidade que pode ser construída com vontade política, diálogo e união. Que essa mensagem ecoe por todo o Brasil e inspire outros municípios a trilhar o mesmo caminho. Afinal, a convivência pacífica entre diferentes crenças é um pilar indispensável para a consolidação de uma sociedade verdadeiramente democrática e justa.

ARTIGO – Vitória da Conquista: Um Farol na Luta Contra a Intolerância Religiosa (Padre Carlos)

 

 

 

 

Em um país de pluralidade religiosa tão marcante quanto o Brasil, é lamentável que a intolerância religiosa ainda encontre terreno fértil para se manifestar. No entanto, algumas cidades têm se destacado como verdadeiros faróis de esperança, iluminando o caminho da convivência pacífica e do respeito mútuo. Vitória da Conquista, na Bahia, tem dado um exemplo que merece aplausos.

A iniciativa da Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (Semdes), de promover uma mesa de diálogo em comemoração ao Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa é mais do que um gesto simbólico; é uma ação concreta que reflete um compromisso com a construção de uma sociedade inclusiva e respeitosa.

O evento, realizado no Centro Integrado de Direitos Humanos (CIDH), foi um espaço de rara beleza democrática. Reuniu lideranças religiosas de diversas matrizes, representantes de movimentos sociais, autoridades municipais e membros do sistema de justiça e segurança pública. Essa pluralidade de vozes evidencia a riqueza cultural e espiritual de nossa sociedade e demonstra que o diálogo inter-religioso é um dos caminhos mais eficazes para a promoção da paz e da tolerância.

A presença do vice-prefeito Aloísio Alan, em nome da prefeita Sheila Lemos, é uma manifestação clara de que essa causa está na pauta prioritária da gestão municipal. Quando ele afirma que “inclusão e defesa das minorias são pilares importantes”, essas palavras ganham peso, pois vêm acompanhadas de ações concretas.

A fala do secretário de Desenvolvimento Social, Michael Farias, reforça a mensagem. Sua ênfase na construção de uma cidade inclusiva, onde crenças diferentes convivam harmonicamente, reflete uma visão de futuro necessária e urgente.

Um dos pontos altos do evento foi o protagonismo das lideranças religiosas. Representantes do candomblé, cristianismo e espiritismo trouxeram contribuições valiosas, mostrando que a diversidade de perspectivas não é um obstáculo, mas uma riqueza a ser celebrada. Como bem colocou Cleber Flores, da União Espírita de Vitória da Conquista, o encontro foi uma oportunidade para que “todas as religiões apresentem suas visões de forma respeitosa, sem imposições”. Essa atitude é um exemplo claro de como o diálogo pode ser um instrumento de transformação social.

No cenário nacional, onde notícias de intolerância religiosa infelizmente ainda se repetem, iniciativas como essa assumem um papel essencial. Vitória da Conquista demonstra que o poder público pode e deve ser um agente ativo na promoção da igualdade e do respeito à diversidade religiosa. Mais do que isso, a cidade mostra que é possível alinhar discursos inclusivos a práticas efetivas.

A luta contra a intolerância religiosa é, antes de tudo, uma luta pela preservação da dignidade humana. Quando uma cidade se posiciona de maneira tão firme e eloquente, ela não apenas protege os direitos de seus cidadãos, mas inspira outras localidades a seguirem o mesmo caminho.

Vitória da Conquista se coloca como um exemplo de que o respeito à diversidade religiosa não é apenas um ideal a ser perseguido, mas uma realidade que pode ser construída com vontade política, diálogo e união. Que essa mensagem ecoe por todo o Brasil e inspire outros municípios a trilhar o mesmo caminho. Afinal, a convivência pacífica entre diferentes crenças é um pilar indispensável para a consolidação de uma sociedade verdadeiramente democrática e justa.

ARTIGO – “A Retórica de Trump e o Impacto na América Latina” (Padre Carlos)

 

 

 

A posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos foi marcada por declarações que evidenciam uma visão de mundo polarizadora e, em muitos aspectos, problemática para as relações internacionais. Entre suas afirmações controversas, uma se destacou: “Nós não precisamos deles”, em referência ao Brasil e à América Latina. Tal postura reflete não apenas uma retórica de superioridade, mas também um desprezo estratégico por regiões que desempenham papéis importantes na geopolítica global.

 

Uma Visão de Superioridade

Não é incomum que potências mundiais tratem outras nações com uma certa arrogância, mas a declaração de Trump eleva esse comportamento a um patamar que merece reflexão. Quando um presidente dos Estados Unidos, país central para a estabilidade global, emite palavras que desvalorizam um continente inteiro, ele não só rebaixa as nações envolvidas, mas também compromete a diplomacia como ferramenta essencial para o diálogo e o progresso mútuo.

A frase de Trump não pode ser vista apenas como uma questão ideológica ou política; ela revela uma visão de mundo que marginaliza povos e economias que não se encaixam no modelo “útil” de poder que ele preconiza. Trata-se de uma visão perigosa, pois ignora a complexa interdependência que define as relações internacionais no século XXI.

 

A Retórica Protecionista

A promessa de “America First”, acompanhada de barreiras tarifárias e políticas nacionalistas, não é uma surpresa. No entanto, ao declarar que os Estados Unidos não precisam da América Latina, Trump ignora os laços históricos, econômicos e culturais que unem os dois hemisférios. O Brasil, por exemplo, é um dos maiores parceiros comerciais dos Estados Unidos na região, além de ser uma potência agrícola e mineral.

Adotar uma postura de autossuficiência em um mundo globalizado é, no mínimo, ingênuo. Os Estados Unidos dependem de mercados como o brasileiro para escoar sua tecnologia e bens de consumo, ao passo que países da América Latina dependem das exportações para sustentar suas economias. Esse equilíbrio, embora desigual, é necessário para o funcionamento da economia global.

 

Implicações para a América Latina

A fala de Trump não é apenas um problema para os Estados Unidos, mas um alerta para os países da América Latina. Ela escancara a fragilidade de uma relação que, por décadas, foi marcada pela dependência. É um convite para que nações latino-americanas repensem suas estratégias de desenvolvimento, buscando maior autonomia econômica e uma diversificação de parcerias. A China, por exemplo, já desponta como um contrapeso importante à influência norte-americana.

Mais do que isso, é um chamado à unidade regional. Em vez de competir entre si por migalhas, os países da América Latina precisam fortalecer alianças como o Mercosul e a CELAC, de modo a negociar em bloco e ampliar sua relevância no cenário internacional.

 

Conclusão

O mundo está em constante transformação, e a retórica de Donald Trump é apenas um reflexo das tensões que permeiam essa nova ordem global. No entanto, cabe a nós, como observadores críticos e cidadãos engajados, não apenas apontar os erros, mas também propor caminhos.

A declaração de Trump de que “não precisamos deles” é, na verdade, uma oportunidade disfarçada. Ela nos convida a questionar o papel que desempenhamos no sistema global e a construir uma América Latina mais forte, unida e autossuficiente. Afinal, não é a retórica que define um povo, mas suas ações e sua capacidade de se reinventar diante das adversidades.

 

 

ARTIGO – “A Retórica de Trump e o Impacto na América Latina” (Padre Carlos)

 

 

 

A posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos foi marcada por declarações que evidenciam uma visão de mundo polarizadora e, em muitos aspectos, problemática para as relações internacionais. Entre suas afirmações controversas, uma se destacou: “Nós não precisamos deles”, em referência ao Brasil e à América Latina. Tal postura reflete não apenas uma retórica de superioridade, mas também um desprezo estratégico por regiões que desempenham papéis importantes na geopolítica global.

 

Uma Visão de Superioridade

Não é incomum que potências mundiais tratem outras nações com uma certa arrogância, mas a declaração de Trump eleva esse comportamento a um patamar que merece reflexão. Quando um presidente dos Estados Unidos, país central para a estabilidade global, emite palavras que desvalorizam um continente inteiro, ele não só rebaixa as nações envolvidas, mas também compromete a diplomacia como ferramenta essencial para o diálogo e o progresso mútuo.

A frase de Trump não pode ser vista apenas como uma questão ideológica ou política; ela revela uma visão de mundo que marginaliza povos e economias que não se encaixam no modelo “útil” de poder que ele preconiza. Trata-se de uma visão perigosa, pois ignora a complexa interdependência que define as relações internacionais no século XXI.

 

A Retórica Protecionista

A promessa de “America First”, acompanhada de barreiras tarifárias e políticas nacionalistas, não é uma surpresa. No entanto, ao declarar que os Estados Unidos não precisam da América Latina, Trump ignora os laços históricos, econômicos e culturais que unem os dois hemisférios. O Brasil, por exemplo, é um dos maiores parceiros comerciais dos Estados Unidos na região, além de ser uma potência agrícola e mineral.

Adotar uma postura de autossuficiência em um mundo globalizado é, no mínimo, ingênuo. Os Estados Unidos dependem de mercados como o brasileiro para escoar sua tecnologia e bens de consumo, ao passo que países da América Latina dependem das exportações para sustentar suas economias. Esse equilíbrio, embora desigual, é necessário para o funcionamento da economia global.

 

Implicações para a América Latina

A fala de Trump não é apenas um problema para os Estados Unidos, mas um alerta para os países da América Latina. Ela escancara a fragilidade de uma relação que, por décadas, foi marcada pela dependência. É um convite para que nações latino-americanas repensem suas estratégias de desenvolvimento, buscando maior autonomia econômica e uma diversificação de parcerias. A China, por exemplo, já desponta como um contrapeso importante à influência norte-americana.

Mais do que isso, é um chamado à unidade regional. Em vez de competir entre si por migalhas, os países da América Latina precisam fortalecer alianças como o Mercosul e a CELAC, de modo a negociar em bloco e ampliar sua relevância no cenário internacional.

 

Conclusão

O mundo está em constante transformação, e a retórica de Donald Trump é apenas um reflexo das tensões que permeiam essa nova ordem global. No entanto, cabe a nós, como observadores críticos e cidadãos engajados, não apenas apontar os erros, mas também propor caminhos.

A declaração de Trump de que “não precisamos deles” é, na verdade, uma oportunidade disfarçada. Ela nos convida a questionar o papel que desempenhamos no sistema global e a construir uma América Latina mais forte, unida e autossuficiente. Afinal, não é a retórica que define um povo, mas suas ações e sua capacidade de se reinventar diante das adversidades.

 

 

ARTIGO – Otto Alencar consolida liderança no PSD da Bahia (Padre Carlos)

 

 

 

A recente movimentação política no cenário baiano deixou uma mensagem clara: o senador Otto Alencar é a figura central e inquestionável no comando do PSD na Bahia. A tentativa do senador Angelo Coronel de articular uma reação no partido não foi suficiente para abalar a sólida liderança de Otto, que demonstrou mais uma vez sua habilidade de negociação e influência.

A disputa interna envolvendo a presidência da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) era o campo de batalha perfeito para medir forças. Coronel buscou impor seu protagonismo ao tentar emplacar o nome do deputado estadual Angelo Filho, seu herdeiro político, como representante na Mesa Diretora. Contudo, o desfecho foi um banho de água fria nas ambições do parlamentar. Otto, com sua habitual destreza, pacificou a bancada e garantiu apoio unânime à reeleição de Adolfo Menezes, consolidando o controle sobre as decisões estratégicas do partido.

Essa vitória não é apenas política, mas também simbólica. Otto Alencar mostrou que sua liderança vai além da formalidade de ser presidente estadual do PSD. Ele demonstrou que sua palavra é lei e que qualquer tentativa de questionar sua autoridade terá um custo elevado. Enquanto Coronel tentava movimentar peças no tabuleiro, Otto reunia aliados, construía consensos e, no momento certo, dava o xeque-mate.

O episódio reforça uma lição valiosa na política: liderança não se impõe, se conquista. Otto Alencar não é apenas o comandante do PSD baiano; ele é o elo que mantém o partido coeso e relevante em um cenário político cada vez mais fragmentado. Suas decisões refletem estratégia, experiência e uma capacidade ímpar de articulação, que o colocam como uma das figuras mais influentes no estado.

Enquanto isso, Coronel, que almejava marcar território, precisará repensar sua abordagem. A política é feita de alianças, e desafiar um líder com a envergadura de Otto Alencar sem a base necessária é, no mínimo, um erro estratégico.

O PSD na Bahia segue fortalecido, mas a mensagem é clara: Otto Alencar não apenas comanda, mas dita os rumos. E, pelo visto, no PSD baiano, todos dizem amém.

ARTIGO – Otto Alencar consolida liderança no PSD da Bahia (Padre Carlos)

 

 

 

A recente movimentação política no cenário baiano deixou uma mensagem clara: o senador Otto Alencar é a figura central e inquestionável no comando do PSD na Bahia. A tentativa do senador Angelo Coronel de articular uma reação no partido não foi suficiente para abalar a sólida liderança de Otto, que demonstrou mais uma vez sua habilidade de negociação e influência.

A disputa interna envolvendo a presidência da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) era o campo de batalha perfeito para medir forças. Coronel buscou impor seu protagonismo ao tentar emplacar o nome do deputado estadual Angelo Filho, seu herdeiro político, como representante na Mesa Diretora. Contudo, o desfecho foi um banho de água fria nas ambições do parlamentar. Otto, com sua habitual destreza, pacificou a bancada e garantiu apoio unânime à reeleição de Adolfo Menezes, consolidando o controle sobre as decisões estratégicas do partido.

Essa vitória não é apenas política, mas também simbólica. Otto Alencar mostrou que sua liderança vai além da formalidade de ser presidente estadual do PSD. Ele demonstrou que sua palavra é lei e que qualquer tentativa de questionar sua autoridade terá um custo elevado. Enquanto Coronel tentava movimentar peças no tabuleiro, Otto reunia aliados, construía consensos e, no momento certo, dava o xeque-mate.

O episódio reforça uma lição valiosa na política: liderança não se impõe, se conquista. Otto Alencar não é apenas o comandante do PSD baiano; ele é o elo que mantém o partido coeso e relevante em um cenário político cada vez mais fragmentado. Suas decisões refletem estratégia, experiência e uma capacidade ímpar de articulação, que o colocam como uma das figuras mais influentes no estado.

Enquanto isso, Coronel, que almejava marcar território, precisará repensar sua abordagem. A política é feita de alianças, e desafiar um líder com a envergadura de Otto Alencar sem a base necessária é, no mínimo, um erro estratégico.

O PSD na Bahia segue fortalecido, mas a mensagem é clara: Otto Alencar não apenas comanda, mas dita os rumos. E, pelo visto, no PSD baiano, todos dizem amém.

ARTIGO – O futuro da ultradireita e a fragilidade do bolsonarismo (Padre Carlos)

 

 

 

 

A história da política brasileira demonstra que correntes ideológicas de extrema-direita, como o integralismo de Plínio Salgado, sobrevivem às intempéries políticas, adaptando-se aos novos tempos e circunstâncias. Contudo, a realidade do bolsonarismo, mais centrado em torno de uma figura do que de uma doutrina, parece indicar um futuro de desintegração frente às pressões internas e externas.

O cenário atual evidencia o desgaste do ex-presidente Jair Bolsonaro, que, após derrotas eleitorais, processos judiciais e a condenação à inelegibilidade, encontra-se politicamente isolado. Sua base de apoio, antes coesa, dá sinais de fragmentação, enquanto seus aliados, como peixes oportunistas, buscam salvar suas próprias carreiras políticas, ainda que à custa do “capitão”.

A recente empolgação com a posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos é mais uma tentativa desesperada de oxigenar o bolsonarismo. A comitiva brasileira que prestigia o evento deposita esperança em uma possível interferência americana, seja através de pressão diplomática ou econômica, para aliviar as tensões entre o bolsonarismo e as instituições democráticas brasileiras, como o STF. Contudo, essa expectativa parece mais um devaneio do que uma estratégia realista.

Historicamente, alianças entre líderes populistas internacionais, como Trump, Bolsonaro e figuras como Javier Milei, são construções simbólicas e raramente se traduzem em mudanças estruturais. Para Trump, Bolsonaro é apenas mais uma peça no xadrez geopolítico. Para Bolsonaro, Trump representa a última fagulha de esperança em um momento de descrédito e irrelevância.

No entanto, a ultradireita, como fenômeno político mais amplo, sobreviverá ao bolsonarismo. Assim como o integralismo deixou seu legado de ideias, o bolsonarismo poderá contribuir com fragmentos ideológicos que serão absorvidos por novos líderes e movimentos. Mas, enquanto o bolsonarismo se agarra a fantasias de ressurreição política, a maré da realidade avança inexorável.

A sobrevivência da direita conservadora no Brasil dependerá de sua capacidade de se desvencilhar do personalismo bolsonarista e articular um projeto político consistente e ético. Nesse sentido, a maior ameaça ao bolsonarismo não são seus adversários, mas seus próprios aliados, que, no momento oportuno, não hesitarão em abandonar o barco.

O destino do ex-presidente ilustra um ditado popular: “Peixe que dorme, ou é inelegível, a maré leva.” E assim seguirá a política brasileira, onde lideranças vêm e vão, mas os ventos ideológicos continuam a soprar, adaptando-se às exigências de cada novo ciclo histórico.

ARTIGO – O futuro da ultradireita e a fragilidade do bolsonarismo (Padre Carlos)

 

 

 

 

A história da política brasileira demonstra que correntes ideológicas de extrema-direita, como o integralismo de Plínio Salgado, sobrevivem às intempéries políticas, adaptando-se aos novos tempos e circunstâncias. Contudo, a realidade do bolsonarismo, mais centrado em torno de uma figura do que de uma doutrina, parece indicar um futuro de desintegração frente às pressões internas e externas.

O cenário atual evidencia o desgaste do ex-presidente Jair Bolsonaro, que, após derrotas eleitorais, processos judiciais e a condenação à inelegibilidade, encontra-se politicamente isolado. Sua base de apoio, antes coesa, dá sinais de fragmentação, enquanto seus aliados, como peixes oportunistas, buscam salvar suas próprias carreiras políticas, ainda que à custa do “capitão”.

A recente empolgação com a posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos é mais uma tentativa desesperada de oxigenar o bolsonarismo. A comitiva brasileira que prestigia o evento deposita esperança em uma possível interferência americana, seja através de pressão diplomática ou econômica, para aliviar as tensões entre o bolsonarismo e as instituições democráticas brasileiras, como o STF. Contudo, essa expectativa parece mais um devaneio do que uma estratégia realista.

Historicamente, alianças entre líderes populistas internacionais, como Trump, Bolsonaro e figuras como Javier Milei, são construções simbólicas e raramente se traduzem em mudanças estruturais. Para Trump, Bolsonaro é apenas mais uma peça no xadrez geopolítico. Para Bolsonaro, Trump representa a última fagulha de esperança em um momento de descrédito e irrelevância.

No entanto, a ultradireita, como fenômeno político mais amplo, sobreviverá ao bolsonarismo. Assim como o integralismo deixou seu legado de ideias, o bolsonarismo poderá contribuir com fragmentos ideológicos que serão absorvidos por novos líderes e movimentos. Mas, enquanto o bolsonarismo se agarra a fantasias de ressurreição política, a maré da realidade avança inexorável.

A sobrevivência da direita conservadora no Brasil dependerá de sua capacidade de se desvencilhar do personalismo bolsonarista e articular um projeto político consistente e ético. Nesse sentido, a maior ameaça ao bolsonarismo não são seus adversários, mas seus próprios aliados, que, no momento oportuno, não hesitarão em abandonar o barco.

O destino do ex-presidente ilustra um ditado popular: “Peixe que dorme, ou é inelegível, a maré leva.” E assim seguirá a política brasileira, onde lideranças vêm e vão, mas os ventos ideológicos continuam a soprar, adaptando-se às exigências de cada novo ciclo histórico.

ARTIGO – “O Governo Sem Ideologia e a Nova Política do Pragmatismo” (Padre Carlos)

 

 

 

 

A recente migração de prefeitos que antes apoiavam ACM Neto para o grupo do governador Jerônimo Rodrigues é um sintoma revelador do cenário político atual. Não se trata mais de uma disputa ideológica, mas da força da máquina administrativa como o verdadeiro motor do poder. Nesse ambiente, o PT, outrora símbolo de um projeto progressista, transformou-se em um condomínio partidário que abriga de tudo: da direita moderada à “esquerda” fragmentada.

A política brasileira perdeu suas referências ideológicas claras. O debate entre direita e esquerda cedeu lugar ao pragmatismo de quem governa com o objetivo principal de manter o poder. Nesse contexto, o PT não é exceção, mas sim o reflexo mais visível de uma tendência geral. O partido, fortalecido por décadas no controle da máquina governamental, perpetua um modelo de gestão em que o alinhamento político é ditado pelas vantagens oferecidas, e não por afinidades ideológicas.

O que estamos presenciando na Bahia com Jerônimo Rodrigues é emblemático. Prefeitos que outrora faziam campanha contra o PT agora se curvam à sua força administrativa. Não há uma mudança de ideais, mas uma busca por sobrevivência política em um cenário onde as máquinas estaduais e federais dominam o jogo. Jerônimo, com habilidade, usa os recursos disponíveis para conquistar até os mais ferrenhos opositores.

Essa realidade escancara um problema mais profundo: a falta de um projeto de país. Os governos, seja em nível estadual ou federal, operam de maneira semelhante, independentemente de quem está no comando. Jerônimo ou ACM Neto, União Brasil ou PT, pouco importa. O perfil administrativo será sempre marcado pela tecnocracia e pelo gerencialismo, enquanto os grandes temas progressistas – como justiça social, reforma tributária e desenvolvimento sustentável – são relegados ao segundo plano.

A transição de apoio político que ocorre na Bahia não é um caso isolado. É a regra de um sistema político que privilegia o poder pelo poder. Na prática, o governador Jerônimo não precisa de um discurso progressista; ele só precisa demonstrar capacidade de articulação e resultados imediatos para garantir alianças. Os prefeitos, por sua vez, sabem que a sobrevivência de suas administrações depende dessa parceria.

Esse quadro deixa claro que o Brasil vive uma crise de identidade política. As forças conservadoras, que historicamente tinham um lado, perderam suas bases ideológicas. A luta entre projetos políticos cedeu espaço a uma disputa por quem administra melhor a máquina pública. Enquanto isso, as demandas populares por mudanças estruturais permanecem insatisfeitas.

O resultado é um país em que o debate político se esvazia, transformando-se em um jogo de conveniência. Nesse tabuleiro, quem governa com a máquina tem a vantagem. Mas essa vantagem não significa progresso para o povo, apenas a perpetuação de um sistema que mantém tudo como está. Seja Jerônimo ou ACM, PT ou União Brasil, o futuro parece seguir o mesmo roteiro, com diferentes protagonistas e o mesmo enredo.

O desafio que resta é saber se algum dia a política brasileira retomará sua dimensão ideológica ou se estaremos fadados a assistir a um eterno ciclo de pragmatismo e manutenção do poder. Afinal, sem ideologia, o que resta é a gestão – e, como sabemos, gestão sem projeto é apenas sobrevivência.

ARTIGO – “O Governo Sem Ideologia e a Nova Política do Pragmatismo” (Padre Carlos)

 

 

 

 

A recente migração de prefeitos que antes apoiavam ACM Neto para o grupo do governador Jerônimo Rodrigues é um sintoma revelador do cenário político atual. Não se trata mais de uma disputa ideológica, mas da força da máquina administrativa como o verdadeiro motor do poder. Nesse ambiente, o PT, outrora símbolo de um projeto progressista, transformou-se em um condomínio partidário que abriga de tudo: da direita moderada à “esquerda” fragmentada.

A política brasileira perdeu suas referências ideológicas claras. O debate entre direita e esquerda cedeu lugar ao pragmatismo de quem governa com o objetivo principal de manter o poder. Nesse contexto, o PT não é exceção, mas sim o reflexo mais visível de uma tendência geral. O partido, fortalecido por décadas no controle da máquina governamental, perpetua um modelo de gestão em que o alinhamento político é ditado pelas vantagens oferecidas, e não por afinidades ideológicas.

O que estamos presenciando na Bahia com Jerônimo Rodrigues é emblemático. Prefeitos que outrora faziam campanha contra o PT agora se curvam à sua força administrativa. Não há uma mudança de ideais, mas uma busca por sobrevivência política em um cenário onde as máquinas estaduais e federais dominam o jogo. Jerônimo, com habilidade, usa os recursos disponíveis para conquistar até os mais ferrenhos opositores.

Essa realidade escancara um problema mais profundo: a falta de um projeto de país. Os governos, seja em nível estadual ou federal, operam de maneira semelhante, independentemente de quem está no comando. Jerônimo ou ACM Neto, União Brasil ou PT, pouco importa. O perfil administrativo será sempre marcado pela tecnocracia e pelo gerencialismo, enquanto os grandes temas progressistas – como justiça social, reforma tributária e desenvolvimento sustentável – são relegados ao segundo plano.

A transição de apoio político que ocorre na Bahia não é um caso isolado. É a regra de um sistema político que privilegia o poder pelo poder. Na prática, o governador Jerônimo não precisa de um discurso progressista; ele só precisa demonstrar capacidade de articulação e resultados imediatos para garantir alianças. Os prefeitos, por sua vez, sabem que a sobrevivência de suas administrações depende dessa parceria.

Esse quadro deixa claro que o Brasil vive uma crise de identidade política. As forças conservadoras, que historicamente tinham um lado, perderam suas bases ideológicas. A luta entre projetos políticos cedeu espaço a uma disputa por quem administra melhor a máquina pública. Enquanto isso, as demandas populares por mudanças estruturais permanecem insatisfeitas.

O resultado é um país em que o debate político se esvazia, transformando-se em um jogo de conveniência. Nesse tabuleiro, quem governa com a máquina tem a vantagem. Mas essa vantagem não significa progresso para o povo, apenas a perpetuação de um sistema que mantém tudo como está. Seja Jerônimo ou ACM, PT ou União Brasil, o futuro parece seguir o mesmo roteiro, com diferentes protagonistas e o mesmo enredo.

O desafio que resta é saber se algum dia a política brasileira retomará sua dimensão ideológica ou se estaremos fadados a assistir a um eterno ciclo de pragmatismo e manutenção do poder. Afinal, sem ideologia, o que resta é a gestão – e, como sabemos, gestão sem projeto é apenas sobrevivência.

Manchetes dos principais jornais nacionais nesta segunda-feira 

 

 

 

 

 

Da Redação do Política e Resenha
Publicado em 20 de janeiro de 2025 

 

 Folha de S.Paulo
Projeção de inflação sobe de patamar e piora cenário para 2025, dizem analistas 

https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2025/01/projecoes-de-inflacao-mudam-de-patamar-e-analistas-veem-cenario-mais-dificil-em-2025.shtml 

 

O Estado de S. Paulo
Trump volta com apoio de big techs e controle do Congresso 

https://www.estadao.com.br/brasil/estadao-podcasts/noticia-no-seu-tempo-trump-volta-com-apoio-de-big-techs-e-controle-do-congresso/?srsltid=AfmBOopnVpGm4meFmuiCZRKB3pxOKjg9ykRmWDtDqJhcGezZITlPitOo 

 

       Valor Econômico (SP)
       Trump volta à Casa Branca sob apreensão e expectativa de trazer      ‘nova ordem’ 

https://valor.globo.com/brasil/noticia/2025/01/20/brasil-torce-para-ficar-fora-do-foco-de-trump.ghtml 

 

O Globo (RJ)
Trump volta com foco em deportação, protecionismo e apoio a big techs 

https://oglobo.globo.com/mundo/noticia/2025/01/19/as-vesperas-da-posse-trump-discursa-exalta-apoio-de-big-techs-e-festeja-o-tik-tok-esta-de-volta.ghtml 

 

 

O Dia (RJ)
A voz marcante e eterna 

https://odia.ig.com.br/esporte/2025/01/6987465-leo-batista-a-voz-marcante-da-tv-brasileira-morre-aos-92-anos.html 

 

Correio Braziliense
Trégua em Gaza e libertação de reféns renovam esperança 

https://www.correiobraziliense.com.br/mundo/2025/01/7037812-israel-aprova-acordo-de-tregua-em-gaza-e-libertara-refens-no-domingo.html 

 

Estado de Minas
Proibição de celular é desafio para as escolas 

https://www.em.com.br/gerais/2025/01/7038768-apos-celular-proibido-escolas-tracam-estrategias.html 

 

Zero Hora (RS)
Primeiras reféns israelenses são libertadas no início de acordo de trégua na Faixa de Gaza 

https://gauchazh.clicrbs.com.br/mundo/noticia/2025/01/primeiras-refens-israelenses-sao-liberadas-em-acordo-de-cessar-fogo-entre-israel-e-hamas-cm63sj49r01ld014f2qowwebs.html 

 

Diário de Pernambuco
Retorno de Trump reforça posição da extrema-direita 

https://www.diariodepernambuco.com.br/noticia/politica/2024/11/resultado-da-eleicao-poe-em-duvida-relacao-entre-o-brasil-e-os-eua.html 

 

A Tarde (BA)
Escolas e famílias discutem retorno às aulas sem celular 

http://edicaodigital.atarde.com.br/ 

 

Diário do Nordeste (CE)
Economia com contenção de gastos será de R$ 500 milhões 

https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/pontopoder/como-e-definido-o-salario-de-um-prefeito-e-qual-deve-ser-o-impacto-da-medida-de-evandro-em-fortaleza-1.3607005 

 

 

 

Manchetes dos principais jornais nacionais nesta segunda-feira 

 

 

 

 

 

Da Redação do Política e Resenha
Publicado em 20 de janeiro de 2025 

 

 Folha de S.Paulo
Projeção de inflação sobe de patamar e piora cenário para 2025, dizem analistas 

https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2025/01/projecoes-de-inflacao-mudam-de-patamar-e-analistas-veem-cenario-mais-dificil-em-2025.shtml 

 

O Estado de S. Paulo
Trump volta com apoio de big techs e controle do Congresso 

https://www.estadao.com.br/brasil/estadao-podcasts/noticia-no-seu-tempo-trump-volta-com-apoio-de-big-techs-e-controle-do-congresso/?srsltid=AfmBOopnVpGm4meFmuiCZRKB3pxOKjg9ykRmWDtDqJhcGezZITlPitOo 

 

       Valor Econômico (SP)
       Trump volta à Casa Branca sob apreensão e expectativa de trazer      ‘nova ordem’ 

https://valor.globo.com/brasil/noticia/2025/01/20/brasil-torce-para-ficar-fora-do-foco-de-trump.ghtml 

 

O Globo (RJ)
Trump volta com foco em deportação, protecionismo e apoio a big techs 

https://oglobo.globo.com/mundo/noticia/2025/01/19/as-vesperas-da-posse-trump-discursa-exalta-apoio-de-big-techs-e-festeja-o-tik-tok-esta-de-volta.ghtml 

 

 

O Dia (RJ)
A voz marcante e eterna 

https://odia.ig.com.br/esporte/2025/01/6987465-leo-batista-a-voz-marcante-da-tv-brasileira-morre-aos-92-anos.html 

 

Correio Braziliense
Trégua em Gaza e libertação de reféns renovam esperança 

https://www.correiobraziliense.com.br/mundo/2025/01/7037812-israel-aprova-acordo-de-tregua-em-gaza-e-libertara-refens-no-domingo.html 

 

Estado de Minas
Proibição de celular é desafio para as escolas 

https://www.em.com.br/gerais/2025/01/7038768-apos-celular-proibido-escolas-tracam-estrategias.html 

 

Zero Hora (RS)
Primeiras reféns israelenses são libertadas no início de acordo de trégua na Faixa de Gaza 

https://gauchazh.clicrbs.com.br/mundo/noticia/2025/01/primeiras-refens-israelenses-sao-liberadas-em-acordo-de-cessar-fogo-entre-israel-e-hamas-cm63sj49r01ld014f2qowwebs.html 

 

Diário de Pernambuco
Retorno de Trump reforça posição da extrema-direita 

https://www.diariodepernambuco.com.br/noticia/politica/2024/11/resultado-da-eleicao-poe-em-duvida-relacao-entre-o-brasil-e-os-eua.html 

 

A Tarde (BA)
Escolas e famílias discutem retorno às aulas sem celular 

http://edicaodigital.atarde.com.br/ 

 

Diário do Nordeste (CE)
Economia com contenção de gastos será de R$ 500 milhões 

https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/pontopoder/como-e-definido-o-salario-de-um-prefeito-e-qual-deve-ser-o-impacto-da-medida-de-evandro-em-fortaleza-1.3607005 

 

 

 

Manchetes dos principais jornais nacionais neste domingo

 

 

Da Redação do Política e Resenha
Publicado em 19 de janeiro de 2025

Folha de S.Paulo

Volta de Trump leva incerteza a brasileiros e imigrantes nos EUA
https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2025/01/posse-de-trump-leva-clima-de-incerteza-a-brasileiros-e-imigrantes-nos-eua.shtml

O Estado de S. Paulo

No Nordeste, grupos que controlam jogo do bicho migram para bets
https://www.estadao.com.br/brasil/seis-grupos-controlam-jogo-do-bicho-em-pe-com-harmonia-e-migracao-para-bets-apesar-de-inquerito/?srsltid=AfmBOoq5uGG7pmV_zQZRgKqAnl_D1l7IDkP_LVHJmAZ49ESRYGIS87WN

O Globo (RJ)

Fintechs e Pix incluem 60 milhões nos serviços bancários
https://oglobo.globo.com/economia/noticia/2025/01/19/em-10-anos-fintechs-e-pix-deram-acesso-a-servicos-bancarios-a-60-milhoes-de-brasileiros.ghtml

O Dia (RJ)

SAIBA SEUS DIREITOS
Reclamações contra planos de saúde aumentam mais de 100%
https://odia.ig.com.br/economia/2025/01/6985598-reclamacoes-contra-planos-de-saude-aumentam-mais-de-100-no-rio.html

Correio Braziliense

O drama da diarista baleada por delegado
https://www.correiobraziliense.com.br/cidades-df/2025/01/7036643-empregada-domestica-perde-rim-e-parte-do-estomago-apos-ser-baleada-por-delegado.html

Estado de Minas

Antes havia um córrego. Agora há esgoto e asfalto
https://www.em.com.br/gerais/2025/01/7038236-rios-aprisionados-nao-cabem-em-seus-leitos.html

Jornal do Commercio (PE)

 

Netanyahu promete trazer reféns de volta durante tréguahttps://jc.ne10.uol.com.br/mundo/2025/01/18/netanyahu-promete-trazer-de-volta-todos-os-refens-durante-tregua-em-gaza.html

A Tarde (BA)

Elo religioso dos afoxés e afros mostra a força do axé
https://atarde.com.br/bahia/cortejo-abre-lavagem-de-vila-de-abrantes-e-homenagens-a-sao-sebastiao-1303749

Diário do Nordeste (CE)

38 famílias de políticos cortadas do Bolsa Família
https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/pontopoder/38-familias-de-politicos-cearenses-eleitos-sao-cortadas-do-bolsa-familia-e-auxilio-gas-1.3607231

Manchetes dos principais jornais nacionais neste domingo

 

 

Da Redação do Política e Resenha
Publicado em 19 de janeiro de 2025

Folha de S.Paulo

Volta de Trump leva incerteza a brasileiros e imigrantes nos EUA
https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2025/01/posse-de-trump-leva-clima-de-incerteza-a-brasileiros-e-imigrantes-nos-eua.shtml

O Estado de S. Paulo

No Nordeste, grupos que controlam jogo do bicho migram para bets
https://www.estadao.com.br/brasil/seis-grupos-controlam-jogo-do-bicho-em-pe-com-harmonia-e-migracao-para-bets-apesar-de-inquerito/?srsltid=AfmBOoq5uGG7pmV_zQZRgKqAnl_D1l7IDkP_LVHJmAZ49ESRYGIS87WN

O Globo (RJ)

Fintechs e Pix incluem 60 milhões nos serviços bancários
https://oglobo.globo.com/economia/noticia/2025/01/19/em-10-anos-fintechs-e-pix-deram-acesso-a-servicos-bancarios-a-60-milhoes-de-brasileiros.ghtml

O Dia (RJ)

SAIBA SEUS DIREITOS
Reclamações contra planos de saúde aumentam mais de 100%
https://odia.ig.com.br/economia/2025/01/6985598-reclamacoes-contra-planos-de-saude-aumentam-mais-de-100-no-rio.html

Correio Braziliense

O drama da diarista baleada por delegado
https://www.correiobraziliense.com.br/cidades-df/2025/01/7036643-empregada-domestica-perde-rim-e-parte-do-estomago-apos-ser-baleada-por-delegado.html

Estado de Minas

Antes havia um córrego. Agora há esgoto e asfalto
https://www.em.com.br/gerais/2025/01/7038236-rios-aprisionados-nao-cabem-em-seus-leitos.html

Jornal do Commercio (PE)

 

Netanyahu promete trazer reféns de volta durante tréguahttps://jc.ne10.uol.com.br/mundo/2025/01/18/netanyahu-promete-trazer-de-volta-todos-os-refens-durante-tregua-em-gaza.html

A Tarde (BA)

Elo religioso dos afoxés e afros mostra a força do axé
https://atarde.com.br/bahia/cortejo-abre-lavagem-de-vila-de-abrantes-e-homenagens-a-sao-sebastiao-1303749

Diário do Nordeste (CE)

38 famílias de políticos cortadas do Bolsa Família
https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/pontopoder/38-familias-de-politicos-cearenses-eleitos-sao-cortadas-do-bolsa-familia-e-auxilio-gas-1.3607231

A DEMOCRACIA INCOMPLETA: UM ACERTO DE CONTAS COM O PASSADO

 

 

 

 

A geração que lutou contra a ditadura militar no Brasil carrega hoje um sabor agridoce de vitória. Conquistamos a democracia formal, mas falhamos em construir uma democracia substantiva, que deveria ter como pilares a igualdade de oportunidades e a justiça social.

Nossa maior falha talvez tenha sido confundir os meios com os fins. Lutamos pela liberdade de expressão, mas esquecemos que a verdadeira liberdade exige capacidade de compreensão. De que serve o direito de ler quando milhões permanecem analfabetos? A censura mais cruel não é aquela que proíbe os livros, mas a que impede o acesso ao conhecimento.

O sistema educacional que construímos é um monumento à nossa miopia social. Expandimos o ensino superior enquanto negligenciamos a base. Criamos uma pirâmide invertida, onde universidades públicas de qualidade servem predominantemente às elites, enquanto a educação básica, destinada aos mais pobres, permanece precária.

Nossa democracia desenvolveu uma peculiar capacidade de acomodar privilégios. As mordomias que antes eram privilégio de poucos foram democratizadas – não para todos, mas para uma nova casta de privilegiados que se apresenta como defensora do interesse público. A corrupção, que deveria ter sido extirpada, foi normalizada e, em alguns casos, até institucionalizada.

A estabilidade monetária conquistada com o Plano Real foi uma vitória importante, mas incompleta. Não fomos capazes de estabelecer um pacto fiscal responsável e duradouro. O corporativismo e o patrimonialismo continuam a sangrar os cofres públicos, enquanto a desigualdade persiste como nossa marca mais vergonhosa.

Construímos muros ao invés de pontes. Os condomínios fechados são a metáfora perfeita de nossa democracia: ilhas de privilégio cercadas por um mar de exclusão. A violência que tanto tememos é, em grande parte, fruto dessa segregação que ajudamos a perpetuar.

Nossa geração teve a coragem de enfrentar tanques nas ruas, mas não teve a mesma bravura para enfrentar as estruturas que mantêm o Brasil como um dos países mais desiguais do mundo. Criamos mecanismos de transferência de renda, como o Bolsa Família e fortalecemos o SUS, mas não ousamos tocar nas estruturas que reproduzem a pobreza e a desigualdade.

O Brasil que deixamos para as próximas gerações é um país de democracia formal, mas de cidadania incompleta. Um país onde a liberdade política convive com a escravidão econômica, onde o direito ao voto não se traduz em direito à dignidade.

Nossa geração falhou não por falta de ideais, mas talvez por excesso de pragmatismo e falta de radicalidade na defesa desses ideais. Conquistamos a democracia, mas nos acomodamos antes de completar a revolução que ela prometia ser.

É hora de um acerto de contas com nossa história. As novas gerações têm o direito de saber que a democracia pela qual lutamos ainda está por se realizar em sua plenitude. E têm o dever de continuar essa luta, agora não mais contra a ditadura militar, mas contra as estruturas que mantêm milhões de brasileiros em situação de exclusão e vulnerabilidade.

A verdadeira revolução democrática ainda está por ser feita. E talvez seja esta a maior lição que nossa geração pode deixar: a de que a democracia é um processo contínuo de construção e que cada geração tem a responsabilidade de levá-la adiante.

A DEMOCRACIA INCOMPLETA: UM ACERTO DE CONTAS COM O PASSADO

 

 

 

 

A geração que lutou contra a ditadura militar no Brasil carrega hoje um sabor agridoce de vitória. Conquistamos a democracia formal, mas falhamos em construir uma democracia substantiva, que deveria ter como pilares a igualdade de oportunidades e a justiça social.

Nossa maior falha talvez tenha sido confundir os meios com os fins. Lutamos pela liberdade de expressão, mas esquecemos que a verdadeira liberdade exige capacidade de compreensão. De que serve o direito de ler quando milhões permanecem analfabetos? A censura mais cruel não é aquela que proíbe os livros, mas a que impede o acesso ao conhecimento.

O sistema educacional que construímos é um monumento à nossa miopia social. Expandimos o ensino superior enquanto negligenciamos a base. Criamos uma pirâmide invertida, onde universidades públicas de qualidade servem predominantemente às elites, enquanto a educação básica, destinada aos mais pobres, permanece precária.

Nossa democracia desenvolveu uma peculiar capacidade de acomodar privilégios. As mordomias que antes eram privilégio de poucos foram democratizadas – não para todos, mas para uma nova casta de privilegiados que se apresenta como defensora do interesse público. A corrupção, que deveria ter sido extirpada, foi normalizada e, em alguns casos, até institucionalizada.

A estabilidade monetária conquistada com o Plano Real foi uma vitória importante, mas incompleta. Não fomos capazes de estabelecer um pacto fiscal responsável e duradouro. O corporativismo e o patrimonialismo continuam a sangrar os cofres públicos, enquanto a desigualdade persiste como nossa marca mais vergonhosa.

Construímos muros ao invés de pontes. Os condomínios fechados são a metáfora perfeita de nossa democracia: ilhas de privilégio cercadas por um mar de exclusão. A violência que tanto tememos é, em grande parte, fruto dessa segregação que ajudamos a perpetuar.

Nossa geração teve a coragem de enfrentar tanques nas ruas, mas não teve a mesma bravura para enfrentar as estruturas que mantêm o Brasil como um dos países mais desiguais do mundo. Criamos mecanismos de transferência de renda, como o Bolsa Família e fortalecemos o SUS, mas não ousamos tocar nas estruturas que reproduzem a pobreza e a desigualdade.

O Brasil que deixamos para as próximas gerações é um país de democracia formal, mas de cidadania incompleta. Um país onde a liberdade política convive com a escravidão econômica, onde o direito ao voto não se traduz em direito à dignidade.

Nossa geração falhou não por falta de ideais, mas talvez por excesso de pragmatismo e falta de radicalidade na defesa desses ideais. Conquistamos a democracia, mas nos acomodamos antes de completar a revolução que ela prometia ser.

É hora de um acerto de contas com nossa história. As novas gerações têm o direito de saber que a democracia pela qual lutamos ainda está por se realizar em sua plenitude. E têm o dever de continuar essa luta, agora não mais contra a ditadura militar, mas contra as estruturas que mantêm milhões de brasileiros em situação de exclusão e vulnerabilidade.

A verdadeira revolução democrática ainda está por ser feita. E talvez seja esta a maior lição que nossa geração pode deixar: a de que a democracia é um processo contínuo de construção e que cada geração tem a responsabilidade de levá-la adiante.